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Anúncio de CEO da Apple põe direitos de homossexuais em foco

O anúncio da homossexualidade de Tim Cook, publicado em uma coluna da revista Bloomberg Businessweek, é um marco na luta pelos direitos dos gays

Cook: "Tenho orgulho de ser homossexual e considero que isso foi um dos maiores presentes que Deus me deu" (Kevork Djansezian/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2014 às 17h41.

Quando o presidente da Apple, Tim Cook , assumiu publicamente sua homossexualidade nesta quinta-feira, não só se tornou o CEO mais renomado do mundo a anunciar sua orientação sexual, mas também pôs em evidência a participação dos gays nas salas de reuniões.

"Tenho orgulho de ser homossexual e considero que isso foi um dos maiores presentes que Deus me deu", escreveu Cook, que trabalha para a Apple há 16 anos.

"Muitos colegas na empresa sabem que sou gay, e isso não parece mudar a forma com que me tratam", disse, salientando, no entanto, que "nem todo mundo conta com essa possibilidade".

O anúncio, publicado em uma coluna da revista Bloomberg Businessweek, é um marco na luta pelos direitos dos homossexuais: é a primeira vez que o presidente executivo (CEO) de uma importante corporação americana faz uma declaração desse tipo.

"Acredito que, como resultado, aconteça a conversão da cultura gay em algo mais 'mainstream'", ou seja, mais próximo da cultura dominante, disse Roger Kay, assessor e analista do setor tecnológico da empresa Endpoint Technologies Associates.

"Isso, com certeza, vai encorajar outras pessoas que ocupam altos cargos a se libertarem e saírem de seus armários", acrescentou.

Segundo investidores da Escola de Negócios da Universidade da Pensilvânia, em julho de 2014 não havia nenhum CEO abertamente homossexual entre as 500 companhias mais importantes do país.

O mais alto executivo da petrolífera britânica BP, John Browne, tornou pública sua homossexualidade assim que se viu forçado a abandonar o posto em 2007, depois de um escândalo por supostamente ter contratado um acompanhante do sexo masculino.

Com o tempo, ganharam aceitação homens e mulheres homossexuais americanos que têm papéis proeminentes no mundo do entretenimento, do esporte e da política.

No entanto, no mundo corporativo, ainda são poucos os que manifestaram sua orientação sexual abertamente.

Chad Griffin, presidente do Human Rights Campaign, que faz lobby em Washington pelos direitos da comunidade LGBT, disse que a notícia de Cook marca um grande avanço.

"O anúncio de hoje salvou incontáveis vidas", disse em um comunicado.

O presidente da Apple, de 53 anos, "sempre foi um modelo a seguir", explicou.

"Mas hoje milhões de pessoas no mundo se sentiram inspiradas por esse novo aspecto de sua vida".

"Tim Cook é uma prova de que os jovens LGBT podem ter sonhos tão grandes quanto sua imaginação permitir, e querem ser médicos, senadores e CEO da maior empresa do mundo", disse Griffin.

Sacrificando a vida privada

Um relatório da empresa Deloitte de dezembro de 2013 sobre inclusão corporativa constatou que 83% dos empregados gays escondem sua orientação sexual no ambiente de trabalho por medo de sofrerem discriminação.

O que Cook anunciou nesta quinta-feira não era um segredo em sua empresa nem em seu círculo social, mas, como disse, reconhecer sua homossexualidade em um comunicado público sobre a igualdade de gênero "era mais importante" do que sua privacidade.

"Embora eu nunca tenha escondido minha sexualidade, não a havia reconhecido publicamente até agora", disse o executivo, que espera que sua confissão ajude outras pessoas com a mesma orientação sexual.

"Não me considero um ativista, mas me dou conta do quanto me aproveitei do sacrifício dos outros. Se o conhecimento de que o presidente executivo da Apple é homossexual puder ajudar alguém que está lutando para se aceitar, ou que se sinta sozinho, ou até servir de inspiração às pessoas para lutarem pela igualdade, então valeu a pena sacrificar minha vida privada", acrescentou.

Cook considera que ser gay lhe proporcionou "uma compreensão mais profunda do que significa ser parte de uma minoria, além de uma visão sobre as dificuldades que pessoas de outros grupos minoritários enfrentam todos os dias".

"Tenho a sorte de trabalhar em uma empresa que ama a criatividade e a inovação, e sabe que isso só pode florescer quando as diferenças das pessoas são aceitas. Nem todo mundo tem esta sorte", acrescentou.

Cook se tornou diretor geral da Apple em agosto de 2011, sucedendo o falecido fundador, Steve Jobs, de quem era o braço direito.

São Paulo – A renúncia de Steve Jobs, na última semana, causou grande comoção no mundo. Caberá agora a Tim Cook o desafio de sucedê-lo no comando da Apple. No ano passado, Cook foi eleito o gay mais poderoso dos Estados Unidos pela revista americana Out. Sua ascensão mostra que as empresas começam a derrubar os preconceitos e a valorizar o que realmente importa: a competência e a capacidade das pessoas para gerar resultados. É claro que ainda há muito o que melhorar no ambiente corporativo. Mas os dez homens listados a seguir são um exemplo de que isso é possível.

  • 2. Tim Cook, CEO da Apple

    2 /11(Getty Images)

  • Veja também

    Antes de se tornar sucessor de Steve Jobs, na Apple, Tim Cook foi vice-presidente corporativo da Compaq e passou também pelas diretorias da IBM e Worldwide. Considerado um workaholic de carteirinha e um entusiasta de práticas esportivas, o novo CEO da Apple prefere ser mais reservado quando o assunto é a sua orientação sexual.

    A notícia só veio à tona, quando, na última semana, após ser apresentado como sucessor de Jobs, a imprensa americana levantou a questão.

    Em 2010, ele foi eleito o gay mais poderoso em um ranking de 50 pessoas da americana Out.
  • 3. Peter Thiel, criador do PayPal

    3 /11(Reprodução)

  • Um dos fundadores do PayPal e um dos principais acionistas do Facebook, Peter Thiel foi eleito pela revista Out o sétimo gay mais poderoso dos Estados Unidos. Com uma fortuna avaliada em 1,5 bilhão de dólares, Thiel está entre os homens mais ricos do mundo, segundo a Forbes. O empresário é engajado nas causas ligadas a homossexualidade nos Estados Unidos. Ele já apoiou, por exemplo, a Fundação Americana para os Direitos da Igualdade e também o movimento GOProud.


  • 4. Giorgio Armani

    4 /11(Getty Images)

    Giorgio Armani é um dos mais conhecidos estilistas do mundo. Segundo a Forbes, sua fortuna é avaliada em mais de 7 bilhões de dólares. Antes de virar um dos ícones do mundo da moda, Armani frequentou a faculdade de Medicina por dois anos e trabalhou em lojas de departamento, como decorador de vitrines.

    Na década de 80, Armani pensou em largar tudo, após a morte de seu companheiro. Recentemente, no entanto, ele foi flagrado em uma praia na Espanha ao lado de um novo affair.
  • 5. Rich Ross, da Disney

    5 /11(Getty Images)

    Presidente dos estúdios Disney, Rich Ross está entre os dez gays mais poderosos dos Estados Unidos. O executivo é responsável pelos programas infantis e para adolescentes dos estúdios Disney – o que inclui mais de 60 canais da companhia. Ao longo de sua carreira, Ross ocupou cargos de grande importância, como o de vice-presidente sênior da  rede FX. Ele também contribuiu para a criação do canal Nickelodeon.
  • 6. Barry Diller, fundador da Fox

    6 /11(Getty Images)

    Barry Diller é o presidente executivo da IAC. Ele foi um dos fundadores da Fox Broadcasting Company e, por mais de dez anos, foi presidente da Paramount Pictures. Em 2005, ele foi o executivo americano mais bem pago, segundo o jornal New York Times. Com um currículo invejável, Diller é atualmente casado com a estilista Diane von Fürstenberg. Mas isso não o impede de estar entre os dez gays mais poderosos dos Estados Unidos.
  • 7. James Hormel

    7 /11(Getty Images)

    James Hormel  é herdeiro de uma das maiores empresas de carne processada no mundo, a Hormel Foods. Casado durante mais de dez anos com uma mulher, o empresário tem cinco filhos, 14 netos e três bisnetos.  Mas, atualmente, ele vive com seu companheiro, Michael P. Nguyen, na Califórnia. O empresário é engajado na luta dos direitos dos gays. Em 1995, ele criou um centro na biblioteca pública de São Francisco para documentar coleções feitas por grupos LGBT.
  • 8. David Geffen

    8 /11(Getty Images)

    Fundador do estúdio DreamWorks, em 1994, o empresário David Geffen tem dedicado boa parte da sua vida à arte e a negócios ligados a ela. Geffen já liderou a lista da revista Out, como o gay mais poderoso dos Estados Unidos. Hoje ele ocupa a 19º posição no ranking.

    Considerado uma das pessoas mais ricas da indústria do entretenimento nos Estados Unidos, sua fortuna é avaliada em cerca de 5 bilhões de dólares.

    Sobre sua orientação sexual? Geffen não tem nenhum problema em assumir sua homossexualidade.
  • 9. Tim Gill

    9 /11(Getty Images)

    Tim Gill (dir.) é criador do programa de computador QuarkXpress, mas o empresário também é conhecido nos Estados Unidos por presidir duas fundações LGBT. Após a venda de sua participação na empresa que fundou, nos anos 2000, Gill tem dedicado boa parte do seu tempo à defesa dos direitos dos gays. Desde 2002, ele é casado com Scott Miller (esq.), consultor financeiro, os dois vivem no Colorado.
  • 10. Jann Wenner

    10 /11(Getty Images)

    Fundador da revista Rolling Stone, Jann Wenner ocupa a posição de número 17 na lista dos gays mais poderosos da revista Out. Durante um bom tempo, o empresário foi casado com uma mulher, com quem teve três filhos.

    Desde 1995, Wenner é casado com um designer de moda e também tem três filhos com o seu novo parceiro.
  • 11. Robert Hanson, CEO da Levis

    11 /11(Getty Images)

    Robert Hanson começou sua carreira na Levi's, em 1988, como gerente de publicidade. Como vice-presidente de marketing da companhia, o executivo criou duas novas marcas. Foi ele o responsável pela difusão da marca na Europa, Oriente Médio e África. Hanson também está entre os 50 gays mais poderosos, segundo a revista Out.
  • Acompanhe tudo sobre:DireitosGaysLGBTPreconceitosTim Cook

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