Abandonado por diversos fabricantes, Windows RT está na UTI
Os tablets baseados no Windows RT encalham nos estoques e parceiros da Microsoft desistem do sistema, mas a empresa diz que não vai abandoná-lo
Maurício Grego
Publicado em 6 de agosto de 2013 às 09h25.
São Paulo -- O Windows RT, sistema operacional da Microsoft para tablets , está respirando por aparelhos. Os poucos tablets baseados nesse sistema não fazem sucesso e diversos fabricantes o estão abandonando. A Microsoft tem declarado que está comprometida com o RT, mas parece estar quase sozinha nisso.
O Windows RT é uma tentativa da Microsoft e de alguns fabricantes de PCs de expandir sua atuação para o mercado de tablets leves baseados em processadores com arquitetura ARM, também usada nos dispositivos móveis com Android, iOS e Windows Phone. O RT foi lançado no ano passado junto com o Windows 8 .
Como a Microsoft já tinha outros sistemas operacionais, o RT ocupou a posição intermediária, entre o Windows Phone e o Windows 8. São poucos os tablets baseados nele. Alguns exemplos são o VivoTab RT, da Asus; o XPS 10, da Dell; o ATIV Tab, da Samsung; e o Surface RT, da própria Microsoft.
Nos últimos meses, diversos fabricantes foram abandonando o barco do RT. A HTC informou, em maio, que havia desistido de desenvolver um tablet com esse sistema operacional. Em junho, foi a vez de J.T. Wang, chairman da Acer, declarar que a empresa “não havia decidido” se iria mesmo lançar um tablet com RT.
A Asus avisou, em julho, que não vai mais desenvolver produtos com o Windows RT por causa das vendas muito fracas. Também em julho, a Lenovo deixou de vender o IdeaPad Yoga 11, outro tablet com RT. E a Dell já havia cortado o preço do XPS 10 em 30% em abril, um provável sintoma de que as vendas não iam bem.
A Microsoft não diz quantos Surface RT vendeu. Mas os resultados financeiros divulgados por ela em julho informam que as vendas da linha Surface (que inclui também o Surface Pro, com Windows 8) somaram 853 milhões de dólares até 30 de junho, número fraco em vista do tamanho do mercado de tablets.
Em julho, a Microsoft baixou o preço do Surface RT em cerca de 33%. Na mesma época, a empresa declarou perda de 900 milhões de dólares por depreciação de estoque desse tablet e seus acessórios. Com base nesses números, o blogueiro Alex Wilhelm estimou que havia entre 3 e 6 milhões de unidades encalhadas, uma quantidade impressionante.
Diferentemente do Windows 8, o RT é um sistema bastante fechado. Como acontece no iOS, da Apple, o usuário só pode instar, no Windows RT, aplicativos distribuídos por meio da loja oficial da Microsoft. Isso praticamente elimina os problemas com vírus e a pirataria de software.
Mas elimina também a possibilidade de o usuário rodar aplicativos criados para versões anteriores do Windows (uma restrição que não existe no Windows 8). O problema é que os apps específicos para Windows 8 e RT ainda são fracos e relativamente escassos. Há cerca de 100 mil títulos na Windows Store.
Mas faltam, nela, apps realmente importantes para o usuário. O pacote Office, da Microsoft, por exemplo, não está na loja. A versão que vai rodar na interface “moderna” (também conhecida pelo codinome Metro), usada no Windows 8 e no RT, só deve ser lançada no final deste ano ou em 2014. Parece que faltou coordenação entre a equipe do Windows e a do Office.
Então, quem compra um tablet com Windows RT acaba ficando com opções muito limitadas. A Microsoft vem fazendo um esforço para convencer mais desenvolvedores a criar aplicativos para a interface Metro. Mas isso leva tempo. Até lá, mais gente já terá comprado um tablet com Android ou um iPad.
Apesar dos revezes, a Microsoft vem declarando que não vai abandonar o Windows RT. Brian Hall, gerente geral de marketing do Surface, disse à jornalista Mary Jo Foley, da ZD Net, que a empresa está 100% comprometida com esse sistema.
Mary Jo, que escreve sobre a Microsoft, avalia que a turma de Steve Balmer não vai desistir do sistema, ao menos por enquanto. Ela vê a possibilidade de, com o tempo, o RT se fundir com o Windows Phone. Ambos rodam em processadores ARM. Parece possível fazer os apps de um desses sistemas funcionarem também no outro.
Já Paul Thurrott, blogueiro especialista em Windows, argumenta que seria mais simples a Microsoft matar o Windows RT e lançar uma versão do Windows Phone adequada aos tablets.
“O Windows RT é tão imaturo que nem é uma plataforma viável”, escreveu ele. “A situação dos apps e jogos é um desastre. Tanto os fabricantes de PCs como os consumidores estão ignorando o RT.” E conclui: “O RT está na UTI”.
São Paulo -- O Windows RT, sistema operacional da Microsoft para tablets , está respirando por aparelhos. Os poucos tablets baseados nesse sistema não fazem sucesso e diversos fabricantes o estão abandonando. A Microsoft tem declarado que está comprometida com o RT, mas parece estar quase sozinha nisso.
O Windows RT é uma tentativa da Microsoft e de alguns fabricantes de PCs de expandir sua atuação para o mercado de tablets leves baseados em processadores com arquitetura ARM, também usada nos dispositivos móveis com Android, iOS e Windows Phone. O RT foi lançado no ano passado junto com o Windows 8 .
Como a Microsoft já tinha outros sistemas operacionais, o RT ocupou a posição intermediária, entre o Windows Phone e o Windows 8. São poucos os tablets baseados nele. Alguns exemplos são o VivoTab RT, da Asus; o XPS 10, da Dell; o ATIV Tab, da Samsung; e o Surface RT, da própria Microsoft.
Nos últimos meses, diversos fabricantes foram abandonando o barco do RT. A HTC informou, em maio, que havia desistido de desenvolver um tablet com esse sistema operacional. Em junho, foi a vez de J.T. Wang, chairman da Acer, declarar que a empresa “não havia decidido” se iria mesmo lançar um tablet com RT.
A Asus avisou, em julho, que não vai mais desenvolver produtos com o Windows RT por causa das vendas muito fracas. Também em julho, a Lenovo deixou de vender o IdeaPad Yoga 11, outro tablet com RT. E a Dell já havia cortado o preço do XPS 10 em 30% em abril, um provável sintoma de que as vendas não iam bem.
A Microsoft não diz quantos Surface RT vendeu. Mas os resultados financeiros divulgados por ela em julho informam que as vendas da linha Surface (que inclui também o Surface Pro, com Windows 8) somaram 853 milhões de dólares até 30 de junho, número fraco em vista do tamanho do mercado de tablets.
Em julho, a Microsoft baixou o preço do Surface RT em cerca de 33%. Na mesma época, a empresa declarou perda de 900 milhões de dólares por depreciação de estoque desse tablet e seus acessórios. Com base nesses números, o blogueiro Alex Wilhelm estimou que havia entre 3 e 6 milhões de unidades encalhadas, uma quantidade impressionante.
Diferentemente do Windows 8, o RT é um sistema bastante fechado. Como acontece no iOS, da Apple, o usuário só pode instar, no Windows RT, aplicativos distribuídos por meio da loja oficial da Microsoft. Isso praticamente elimina os problemas com vírus e a pirataria de software.
Mas elimina também a possibilidade de o usuário rodar aplicativos criados para versões anteriores do Windows (uma restrição que não existe no Windows 8). O problema é que os apps específicos para Windows 8 e RT ainda são fracos e relativamente escassos. Há cerca de 100 mil títulos na Windows Store.
Mas faltam, nela, apps realmente importantes para o usuário. O pacote Office, da Microsoft, por exemplo, não está na loja. A versão que vai rodar na interface “moderna” (também conhecida pelo codinome Metro), usada no Windows 8 e no RT, só deve ser lançada no final deste ano ou em 2014. Parece que faltou coordenação entre a equipe do Windows e a do Office.
Então, quem compra um tablet com Windows RT acaba ficando com opções muito limitadas. A Microsoft vem fazendo um esforço para convencer mais desenvolvedores a criar aplicativos para a interface Metro. Mas isso leva tempo. Até lá, mais gente já terá comprado um tablet com Android ou um iPad.
Apesar dos revezes, a Microsoft vem declarando que não vai abandonar o Windows RT. Brian Hall, gerente geral de marketing do Surface, disse à jornalista Mary Jo Foley, da ZD Net, que a empresa está 100% comprometida com esse sistema.
Mary Jo, que escreve sobre a Microsoft, avalia que a turma de Steve Balmer não vai desistir do sistema, ao menos por enquanto. Ela vê a possibilidade de, com o tempo, o RT se fundir com o Windows Phone. Ambos rodam em processadores ARM. Parece possível fazer os apps de um desses sistemas funcionarem também no outro.
Já Paul Thurrott, blogueiro especialista em Windows, argumenta que seria mais simples a Microsoft matar o Windows RT e lançar uma versão do Windows Phone adequada aos tablets.
“O Windows RT é tão imaturo que nem é uma plataforma viável”, escreveu ele. “A situação dos apps e jogos é um desastre. Tanto os fabricantes de PCs como os consumidores estão ignorando o RT.” E conclui: “O RT está na UTI”.