8 projetos verdes futuristas para melhorar as cidades
Pensando em resolver dois problemas comuns aos grandes centros urbanos – a poluição e a falta de áreas verdes - arquitetos e designers propõem soluções criativas para recuperar o meio ambiente
Vanessa Barbosa
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 17h32.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h26.
Você sabia que uma das maiores causas de morte de pássaros nas grandes cidades são os arranha-céus envidraçados? As aves simplesmente não conseguem distinguir o que é reflexo do que é real e por isso vira e mexe colidem contra edifícios envidraçados, morrendo na queda livre. Pensando em melhorar as condições de vida desses animais nos centros urbanos e também em tornar os prédios mais eco-amigáveis, o "Stone Design", um escritório de arquitetura em Nova York projetou o "UrbanAviary ". A estrutura idealizada para ocupar o Central Park tem como propósito servir de abrigo e habitat seguro para as aves em uma das cidades mais populosas dos Estados Unidos. No Urban Aviary, os pássaros poderão construir ninhos entre os pisos vegetados. A ideia é reproduzir no interior um miniecossistema florestal, onde as criaturas voadoras possam obter comida, água e tranquilidade.
O retrofit verde já virou uma tendência mundial. Nem o famoso complexo de edifícios em formato de espiga de milho Marina City, localizado às margens do Lago Michigan, em Chicago, escapam da modernização com técnicas ecológicas. Um projeto recente idealizado pelo estúdio Influx propõe um mix de soluções ecoamigáveis, que incluem uma cobertura de algas na fachada, para produção de biocombustível que abasteceria os veículos dos moradores e.um sistema biorreator interno, capaz de produzir energia a partir dos resíduos gerados pelo edifício. Além disso, o prédio contaria com paineis solares e geradores eólicos. A eletricidade produzida seria usada para abastecer o edifício e o excesso seria vendido para a rede elétrica.
Cultivar jardins ou vasos de planta no espaço limitado de um apartamento nem sempre é fácil. E que tal morar em um edifício que tem a natureza como principal atração? Foi pensando nisso que o arquiteto francês Edouard François, conhecido por incorporar a vegetação à arquitetura, projetou o Tour de Nantes Vegetale. Em formato orgânico, o edifício tem a fachada tomada por plantas de espécies adaptadas para crescer em rochas. O projeto idealizado para cidade de Nantes prevê que a vegetação cresça dentro de tubos de aço inoxidável instalados nas varandas dos apartamentos. A ideia por trás do visual é que, visto de longe, o prédio se assemelhe a uma montanha de verde espetacular encravada no meio da cidade. Não só isso, claro. O revestimento de árvores contribui para deixar o clima do ambiente interno sempre agradável. Além da função residencial, o edifício de uso misto também vai abrigar escritórios empresariais e um mini shopping.
O Physalia é outro projeto criativo que busca melhorar o meio ambiente nas cidades. Criado pelo escritório de arquitetura Vicent Callebaut, essa espécie de embarcação ecológica é um jardim auto-suficiente capaz de navegar com emissão zero e, ainda, ajudar a purificar as águas do mar. A característica de filtro d´água se deve à sua estrutura de aço coberta por alumínio de dióxido de titânio, que reage com os raios ultravioletas, criando um efeito foto-catalisador, que purifica a água poluída por rejeitos químicos industriais e de embarcações. No teto, a Physalia possui painéis fotovoltaicos e, no casco, traz hidro-turbinas que geram energia com o fluxo fluvial. Com isso, a embarcação é capaz de produzir mais energia do que necessita para se locomover. Com nome e design inspirados em uma espécie marítima - a caravela-portuguesa “Physalia Physalis” -, a embarcação também tem fins turísticos, podendo navegar entre os principais rios da Europa, como o Danúbio, Reno e Volga.
Pensando num visual mais ecológico e capaz de renovar o ar da capital libanesa, o escritório de arquitetura Studio Invisible projetou um gigante jardim suspenso, que prevê a simples instalação de árvores no topo de todos os edifícios da cidade. Cada árvore ficaria presa por fios de aço que impediriam acidentes durante fortes ventanias. Segundo os arquitetos, espécies de pequeno porte, como a amoreira-branca e a oliveira, se adaptariam bem ao clima mediterrâneo. O Wonder Forest melhoraria os níveis de oxigênio, gerando um ambiente mais saudável. Além disso, a camada de árvores forneceria sombra e, consequentemente, amenizaria o clima, cada vez mais quente e árido, que por sua vez levaria a um menor nível de consumo de energia nos prédios. Mais, dependendo da escolha de árvores e plantas, estes jardins poderim evoluir para um tipo de agricultura urbana, gerando uma produção pequena, mas valiosa.
Preocupada em reduzir suas emissões, a cidade de Taichung em Taiwan lançou no ano passado um concurso de projetos de arquitetura para ocupar uma área antes ocupada pelo aeroporto local, que mudou de endereço. O vencedor da competição foi ninguém menos do que o visionário arquiteto belga Vincent Callebaut, que projetou uma imensa torre verde que não só combina como supera os principais indicadores de um edifício ecológico. Chamada de Bionich Arc, a torre orçada em 85 milhões de reais terá emissão zero de carbono. Com jardins suspensos integrados em toda sua fachada, a torre de 119 m vai produzir sua própria energia a partir de fontes alternativas, como solar e eólica.
Preocupado com a falta de espaço para a fauna e flora, o arquiteto alemão Koen Olthuis bolou uma solução curiosa: o edifício "Sea Tree". Trata-se de uma estrutura de 30 metros de altura projetada para cidades próximas ao mar ou rios, como Londres e Nova York, e capaz de reproduzir todo o ecossistema de uma árvore, servindo de abrigo para os bichos. Por ser dividida em camadas, a estrutura flutuante poderia hospedar vários tipos de animais, incluindo os que vivem no mar. A ideia é que árvore do mar seja construída a partir de tecnologias offshore bastante semelhantes ao das plataformas de petróleo em mar aberto e que as companhias petrolíferas façam doações de “Sea Tree” para as cidades onde atuam.
Durante anos, o Vltava, maior rio da República Checa, que atravessa a capital Praga, sofreu com a poluição. Hoje, são cada vez maiores os esforços para recuperá-lo. Os arquitetos Adrea Kubná e Ondrej Lipensky projetaram até uma piscina flutuante para despoluir as águas do rio. Uma membrana têxtil que reveste toda a instalação circular removeria partículas de sujeira, bactérias e odores desagradáveis. Depois a água retornaria renovada para o rio. A piscina flutuante serviria como centro recreativo para os moradores da cidade. Capaz de receber até 900 pessoas, a atração contaria com vestiários, saunas, lanchonetes e até cabines individuais para locação. Durante os meses de inverno, quando as temperaturas chegam fácil aos 15 graus negativos, a atração no Vltalva seria convertida em uma pista de patinação no gelo.