6 segredos que a Apple nunca quis revelar
Durante julgamento, Apple é forçada a fazer revelações sobre seu negócio na presença de sua arquirrival, a Samsung; Confira seis delas nesta galeria
Gabriela Ruic
Publicado em 15 de agosto de 2012 às 10h49.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h19.
São Paulo – No dia 30 de julho, começou nos Estados Unidos o que vem sendo considerado o maior julgamento da história do mundo da tecnologia . A briga de patentes tem de um lado a inovadora Apple e, do outro, a maior fabricante de celulares do planeta, Samsung. O embate entre as empresas deve durar até o fim de agosto e, até agora, o resultado do processo continua imprevisível. Para a Apple, porém, o julgamento está custando mais que dinheiro. Conhecida pelo sigilo extremo com o qual protege seus lançamentos, produtos e estratégias, a empresa se vê obrigada a revelar segredos nunca antes divulgados. E pior: na presença de sua arquirrival. Conheça seis deles nesta galeria de imagens.
A hostilidade entre as empresas no que diz respeito às patentes começou em 2010. Segundo reportado pela CNET, a Apple, que na época ainda contava com Steve Jobs na liderança, entrou em contato com a Samsung para oferecer um acordo na tentativa de obter compensação financeira pelo que consideravam ser uma violação. O acordo sugerido pela Apple daria à Samsung a licença de uso sobre o portfólio de patentes da empresa. Para isso, os sul-coreanos deveriam então pagar quantias fixas para a utilização deste pacote, que custaria 30 dólares por smartphone e 40 dólares por cada tablet fabricado. Os americanos ainda ofereceram a possibilidade de um desconto de até 20% nestes valores se, em troca, a Samsung permitisse que a Apple utilizasse patentes registradas pela empresa. Como é possível perceber, a Samsung não assinou o acordo.
Outro assunto no qual a Apple sempre optou pela discrição é em relação ao número de aparelhos já vendidos, principalmente nos Estados Unidos. No julgamento, porém, a empresa foi forçada a abrir os livros e informar detalhes sobre as vendas nos EUA. Segundo o All Things D, que teve acesso ao documento apresentado no tribunal, 85 milhões de iPhones já foram vendidos apenas nos Estados Unidos entre 2007 e o segundo trimestre de 2012. As vendas já renderam à Apple o equivalente a 10,3 bilhões de dólares em receita no período. Em relação ao iPad os números também impressionam. Desde o lançamento do tablet, em 2010, 34 milhões de unidades foram vendidas em solo americano. Uma quantidade que gerou 19 bilhões de dólares em rendimentos para a Apple, até agora. E nem mesmo o iPod touch ficou de fora de ter seus resultados revelados. Anunciado em 2007, 46 milhões de unidades do player já foram vendidas no país, um número que rendeu à empresa pouco mais de 10 bilhões de dólares.
A história por trás da criação do iPhone foi uma das revelações mais aguardadas em todo o julgamento. Pois o bem sucedido aparelho foi desenvolvido em clima de mistério até mesmo para os funcionários da empresa e é resultado do trabalho árduo de Scott Forstall, hoje vice-presidente de iOS, e um time de estrelas da própria Apple. Segundo detalhado pelo Wall Street Journal, foi o próprio Jobs que, em 2004, ofereceu à Forstall a chance de entrar no projeto, então chamado “Purple Project”. Uma vez dentro, ele foi proibido por Jobs de contratar pessoas de fora da Apple para trabalhar no produto. Um dos maiores desafios encontrados pela equipe, explicou Forstall no tribunal, foi ter que trabalhar com uma interface sensível ao toque. Essa funcionalidade, e todas as outras que tornaram o aparelho tão peculiar, foram desenvolvidas em um andar da empresa. O local era fechado com câmeras e leitores de crachás para garantir o sigilo da criação. Na porta de entrada, os funcionários penduraram um cartaz com a frase “Fight Club”. A brincadeira tinha como objetivo lembrar os membros do projeto sobre o clube retratado no filme de David Fincher cuja regra principal proibia seus participantes de falarem sobre o que se fazia lá dentro.
Um dos aspectos que contribuíram para que o iPhone se tornasse um sucesso é o seu design. E para chegar ao aparelho que é vendido aos consumidores finais, a empresa desenvolve dezenas de protótipos. Só no tribunal, mais de 40 modelos diferentes foram apresentados pelo designer Christopher Stringer, segundo informou o Wall Street Journal. Há 17 anos na equipe da Apple e hoje um dos seus principais nomes, Stringer teve de compartilhar na audiência alguns detalhes sobre o processo criativo em torno do iPhone. Um deles é que a equipe se reúne em torno de uma mesa na cozinha para trocar ideias e desenhar rascunhos, pois “é onde se sentem mais confortáveis”, disse. E por pouco o iPhone não deixou de ser apenas uma ideia. Segundo Stringer, Steve Jobs chegou a duvidar da capacidade da Apple em entregar um produto verdadeiramente inovador. Quando perguntado no julgamento o momento em que a equipe percebeu que tinha algo especial em mãos, Stringer apenas respondeu: “Era o design mais bonito que desenvolvemos e quando enxergamos isso, nós soubemos”.
Depois de lançar um produto, um passo lógico é apostar em campanhas de marketing para garantir que o público conheça a novidade. A estratégia é adotada por dezenas de empresas, com exceção da Apple. Segundo informações do Business Insider, por incrível que possa parecer na ocasião do lançamento do primeiro iPhone, a Apple não gastou nem um centavo em propaganda. Para Phil Schiller, o chefão do marketing na Apple, a empresa , hoje, não precisa gastar com publicidade, pois adotou duas estratégias. E uma delas é aguardar o burburinho da imprensa para produzir e divulgar críticas positivas sobre os produtos lançados. A segunda é a de apostar em “product placement”, a inserção de um iPhone, por exemplo, em algum filme de sucesso. Esta última, inclusive, conta com uma pessoa dedicada exclusivamente a fazer contatos com Hollywood. Sua tarefa? Colocar as pessoas certas nos lugares certos, sempre utilizando os produtos da marca de forma casual.
Muita gente duvidou e até mesmo a Apple descartou a possiblidade de lançar uma versão menor do iPad. Porém, em mais um segredo revelado no tribunal, existem fortes sinais de que a empresa pode ter dado o braço a torcer. De acordo com Scott Forstall, vice-presidente de iOS, Steve Jobs, que publicamente declarou achar “inúteis” tablets de 7 polegadas, teria se mostrado favorável à ideia. Em uma série de e-mails trocados entre Phil Schiller, Tim Cook e o próprio Forstall, Eddy Cue, então vice-presidente sênior da Apple, afirmou ter discutido a possibilidade com Jobs e que o mesmo teria sido receptivo. No e-mail, Cue revela ter testado um Galaxy Tab de 7 polegadas e citou pontos positivos de aparelhos com estas dimensões. “Haverá um mercado para tablets de 7 polegadas e nós deveríamos produzir um”, argumentou. As declarações nos e-mails reforçam os rumores de que a empresa estaria mesmo desenvolvendo um iPad de 7 polegadas. E é possível que o mesmo possa ser lançado no próximo dia 12 de setembro, data na qual se especula que a Apple anunciará o iPhone 5.