Criptografando a voz
O criador do PGP avisa - sem criptografia, a internet pelo celular vai se dar mal
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h42.
Podemos chamar o cientista americano Phil Zimmermann, criador do famoso PGP (Pretty Good Privacy, programa que se tornou padrão mundial de criptografia para troca de mensagens por e-mail), de um cara polêmico. Em nome do direito de exportar seu software para fora dos Estados Unidos, ele já brigou com o FBI, com a Casa Branca e com diversas empresas de segurança. Agora, como consultor, Zimmermann arrumou encrenca com as empresas de telecom, cobrando esforços para tornar os dispositivos wireless mais seguros. Em entrevista a INFO, ele fala sobre privacidade e o futuro das tecnologias de segurança.
INFO: Dá para confiar nas ferramentas de segurança disponíveis hoje em dia?
Zimmermann: Sim, mas só se você souber exatamente como usá-las. Para ficar realmente protegido não há como abrir mão de antivírus, firewall, software de detecção de invasões e criptografia de e-mail. Mas não adianta ter tudo isso e não saber usar. A criptografia, por exemplo, não protege você dos hackers. Reconheço que a interface desses dispositivos às vezes não é amigável, mas é preciso aprender a usá-los.
INFO: Desde 1991, quando você criou o PGP, houve algum avanço significativo na política de privacidade na internet?
Zimmermann: Infelizmente, não. Hoje, por exemplo, as empresas estão monitorando o comportamento dos internautas para veicular ofertas de publicidade mais eficientes. Isso é ultrajante. É invasão de privacidade.
INFO: O que podemos esperar das tecnologias de segurança nos próximos cinco anos?
Zimmermann: Os telefones celulares precisam de criptografia, tanto para dados como para comandos de voz. Basta enviar uma mensagem pelo celular para esse sinal ser captado por qualquer pessoa mal-intencionada que possua um receptor de rádio. Temos de desenvolver novos sistemas, para resolver o problema, senão o futuro da internet móvel estará comprometido.