O Velho e o Mar: editora americana Scribner relançará um livro de Ernest Hemingway (Foto/Divulgação)
Beatriz Correia
Publicado em 2 de julho de 2020 às 05h15.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 12h11.
No dia 2 de julho, completam-se 59 anos da morte de Ernest Hemingway. E no dia 21 do mesmo mês a editora americana Scribner relançará um livro dele. Trata-se de uma nova e caprichada edição, com capa dura e estilo vintage, da mais célebre obra do americano, O Velho e o Mar, só que desta vez acrescida de um conto inédito. O texto foi descoberto pelo neto do autor, Seán Hemingway, enquanto vasculhava a biblioteca John F. Kennedy, em Boston, que detém o principal acervo de manuscritos e documentos do escritor.
O conto, batido à máquina, tem correções de próprio punho — há uma cópia sob a guarda da Universidade Princeton, em Nova Jersey. “Concluí que seria uma adição maravilhosa à nova edição”, disse o neto à revista New Yorker, que publicou o texto em junho. “É uma das poucas histórias de Hemingway que não haviam sido publicadas. Não sei por que recebeu tão pouca atenção, é uma joia.”
Na falta de um título, deixado em branco por Hemingway, seu segundo filho, Patrick, bateu o martelo em Pursuit as Happiness (“Busca como felicidade”, numa tradução livre). É o mesmo nome da quarta parte de As Verdes Colinas da África, relato de um safári que o escritor fez na Tanzânia em 1933. O texto resgatado soa autobiográfico: o narrador é apresentado ora como Ernest, ora como Hemingway, e na aventura, que embarca atrás “do maldito do maior marlim que já nadou o oceano”, vai acompanhado de Mr. Josie, apelido de um companheiro de pescarias do escritor em Cuba.
Para Seán, no entanto, a caçada em alto-mar descrita no conto, cujo desfecho convém não antecipar aqui, só ocorreu na imaginação do avô. “É possível que ela tenha sido inspirada em uma pescaria em particular, no verão de 1933, quando a história se passa, mas, na minha opinião, foi provavelmente inspirada em várias experiências diferentes, às quais ele acrescentou elementos fictícios que melhoram a história.” Não há data prevista para o lançamento de uma versão em português.
Hemingway deu fim à própria vida com um tiro de espingarda. É de imaginar se veria com bons olhos a imortalidade de sua obra, ainda mais de escritos que preferiu deixar na gaveta. Nada que tire o sono dos herdeiros, que já publicaram até a correspondência dele, contra o desejo explícito do escritor. As páginas que desdenhosamente apelidou de “troço sobre Paris”, sem publicá-las, ressuscitaram três anos após sua morte com o título Paris É uma Festa.
The old man and the sea | de Ernest Hemingway | R$ 69 (Amazon)
Suspense que honra o gênero
A terceira temporada de The Sinner é um alento para quem se cansou de séries policiais sonolentas | Daniel Salles
A esta altura da pandemia, que alçou o streaming ao posto de produto cultural mais consumido, muita gente já pena para pinçar algo que valha o tempo investido em plataformas com catálogos extensos. Para fãs de séries de suspense, novidades até que não faltam, desde que eles não torçam o nariz para uma porção de clichês.
Chegou em boa hora à Netflix, portanto, a terceira temporada de The Sinner. Para quem não viu as duas primeiras, convém deixar a nova por último, embora o fio condutor de todas se resuma ao detetive Harry Ambrose, interpretado por Bill Pullman. No episódio inaugural da primeira temporada, o espectador é fisgado quando Cora (Jessica Biel), jovem mãe e esposa, acaba com o descanso na praia em família — e o de todos em volta — ao entrar em parafuso e desferir incontáveis facadas em um rapaz acompanhado da namorada.
A trama agora gira em torno de Jamie Burns (Matt Bomer), sobrevivente de um acidente de carro que vitimou outra pessoa. A verdade sobre ele, no entanto, o roteiro só entrega a conta-gotas, como convém a um bom suspense.
The Sinner | de Derek Simonds | Já em cartaz na Netflix