Revista Exame

Seu Dinheiro — O que os melhores estão comprando na Bolsa

Os gestores de alguns dos fundos de ações mais rentáveis do país têm apostas diferentes.

Operadores na B3, a Bolsa brasileira (Bruno Rocha/Divulgação)

Operadores na B3, a Bolsa brasileira (Bruno Rocha/Divulgação)

GN

Giuliana Napolitano

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 05h52.

Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 10h23.

Nem mesmo o rebaixamento da nota de risco do Brasil pela agência Standard & Poor’s interrompeu o ciclo de alta da bolsa brasileira. O Ibovespa caiu apenas 0,02% logo após o corte e voltou a subir em seguida. Desde o início de 2017, acumula uma valorização de cerca de 30% e bateu 12 recordes de pontuação. Com isso, a bolsa, faz tempo, deixou de ser uma pechincha, mas a maioria dos analistas continua recomendando investir em ações. O que comprar? Os gestores de alguns dos fundos de ações mais rentáveis do país têm apostas diferentes.

Para Daniel Utsch, responsável pela área de renda variável da gestora do banco Fator, haverá oportunidades nos setores de construção civil, educação, locação de veículos, varejo e autopeças. “Como algumas ações já subiram demais, é preciso cautela para decidir em que investir”, diz. Em 2017, seu fundo Fator Sinergia rendeu 71%, segundo o Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (no período, o Ibovespa subiu 27%).

Henrique Alvares, sócio da gestora Neo, cujo fundo Neo Future rendeu 70% no ano passado, investe nos papéis da empresa de turismo CVC e da rede de ensino Anima. “Essas companhias têm capacidade de crescer, organicamente e via aquisições, e ocupar espaço em seus mercados. Pode demorar, mas elas vão gerar mais valor para os acionistas”, afirma.

Já os gestores da Mapfre Investimentos combinam ações de empresas voltadas para o mercado doméstico, como as construtoras Direcional, JHSF e MRV, com papéis de exportadoras, entre elas a fabricante de aeronaves Embraer, a siderúrgica Gerdau e a metalúrgica Tupy. “É possível que o real desvalorize, o que melhora a situação das exportadoras”, diz Carlos Eduardo Eichhorn, diretor de gestão da Mapfre. O fundo Mapfre Small rendeu 64% em 2017.


PARA LEMBRAR

ALUPAR

As ações da empresa de energia elétrica Alupar estão entre as mais indicadas do setor: nove dos dez analistas que acompanham a companhia recomendam seus papéis. A Alupar comprou 50% de dois blocos de transmissão num leilão em novembro — segundo o banco BTG Pactual, essas aquisições têm potencial para gerar um retorno real de 12% em relação ao investimento. O plano da empresa é continuar comprando e investir 4,5 bilhões de reais até 2022.


ATENÇÃO

LOJAS MARISA

A rede de vestuário Lojas Marisa não tem aproveitado a recuperação do varejo como a concorrência. Sua receita cresceu 15% no terceiro trimestre de 2017, mas isso só foi possível com promoções que diminuíram a margem de lucro em 4,6 pontos percentuais. A empresa informou que vai voltar a se concentrar em seu público tradicional: mulheres de 20 a 45 anos da classe C (a experiência com a classe B não deu certo). Nenhum analista recomenda comprar a ação.


AÇÕES AMERICANAS

AS EMPRESAS QUE GANHAM COM A REFORMA — NOS EUA

Trump: a reforma tributária deve beneficiar a bolsa de forma desigual | Jonathan Ernst/Reuters

A aprovação da maior reforma tributária dos últimos 30 anos nos Estados Unidos — uma vitória do presidente Donald Trump — deve dar um novo impulso à já muito valorizada bolsa americana. Mas isso deve acontecer de forma desigual, segundo os analistas do banco JP Morgan. Para eles, as ações de pequenas e médias empresas, que ganharão vantagens fiscais, devem valorizar mais do que as das grandes companhias que integram o índice S&P 500. O JP Morgan também prevê que os papéis de instituições financeiras, empresas de telecomunicações, companhias de energia e indústrias terão altas maiores do que a média, porque esses setores serão mais beneficiados pela mudança tributária. Um dos mais prejudicados deve ser o setor de tecnologia, já que suas empresas terão menos ganhos com a reforma.


IMÓVEIS

EM SÃO PAULO, TUDO BEM

Barra da Tijuca, no Rio: investir em imóveis na cidade continua complicado | Mauro Pimentel/AFP Photo

Quem investe em imóveis residenciais teve um 2017 um pouco melhor em São Paulo. A rentabilidade do aluguel — obtida ao dividir o valor da locação pelo preço do imóvel — subiu de cerca de 5%, em 2016, para 5,4%, segundo um levantamento exclusivo do site de buscas de imóveis Imovelweb. No Rio de Janeiro, porém, a situação continua complicada: o retorno ficou estável em 4% ao ano. Com a crise que assola o estado, o valor médio dos aluguéis caiu quase 8% em termos reais em 2017. Investir em imóveis com o objetivo de receber o rendimento do aluguel vale a pena quando a rentabilidade obtida com a locação é maior do que a dos títulos públicos atrelados à inflação, que está em torno de 5% ao ano mais o IPCA.


BANCOS

MAIS CRÉDITO, MAIOR POTENCIAL EM ALTA

Investir em ações de bancos na América Latina deve ser um bom negócio neste e no próximo ano, na opinião de analistas. Para o banco UBS, o maior crescimento econômico deve aumentar a demanda por empréstimos e reduzir a inadimplência — em relação ao Brasil, os analistas do UBS projetam uma expansão do PIB de 3,1% em 2018 e de 2,7% em 2019, o que elevaria o crédito bancário em 4,6% e 8,1%, respectivamente (nos últimos dois anos, houve contração de crédito). O UBS também espera que os custos diminuam com a continuidade do processo de fechamento de agências, já que mais clientes estão aderindo às plataformas digitais. As ações mais recomendadas do setor bancário são as do Banco do Brasil, segundo um levantamento da empresa de informações financeiras Thomson Reuters.

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