Revista Exame

O fim da comanda

A Zig movimentou 2,2 bilhões de reais em 2022 com inovações para facilitar o pagamento em grandes eventos

Bruno Lindoso e Nérope Bulgarelli, da Zig: tecnologia prevê os hábitos de consumo de quem vai a grandes eventos (Divulgação/Divulgação)

Bruno Lindoso e Nérope Bulgarelli, da Zig: tecnologia prevê os hábitos de consumo de quem vai a grandes eventos (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 16 de fevereiro de 2023 às 06h00.

A empresa de tecnologia para eventos Zig tem algumas lições a compartilhar sobre aumento repentino na demanda de clientes. Resultado da fusão de duas empresas com negócios semelhantes — ZigPay e netPDV —, em 2019, a empresa atende os organizadores de alguns dos principais festivais de música do Brasil, como Rock in Rio, Rodeio de Jaguariúna e Oktoberfest de Blumenau, além de eventos esportivos, como o GP Brasil de Fórmula 1 e o UFC.

A Zig está presente em vários momentos desses eventos. A começar pelas pulseirinhas para controle de acesso dos visitantes e, em muitos casos, para o pagamento de comidas e bebidas consumidos no local. Os pagamentos são efetivados num sistema da Zig com software e maquininhas próprios. As informações geradas a partir da profusão de transferências eletrônicas feitas num evento de grande porte vão para um banco de dados da Zig.

Elas dão à empresa uma espécie de função consultiva na organização dos eventos dos clientes dela. Os dados já ajudaram a definir coisas como o portfólio de bebidas a serem ofertadas e até a localização dos caixas. “Quem começa a festa consumindo destilados acaba tendo um gasto mais elevado”, diz Bruno Lindoso, um dos fundadores da netPDV e, desde 2019, um dos principais executivos da Zig. “Por isso, já orientamos colocar a venda dessas bebidas logo de cara no evento.”

(Arte/Exame)

Em comum aos serviços ofertados pela Zig está o uso intensivo de tecnologia — e um olhar apurado sobre os dados extraí­dos de cada evento — na hora de ganhar agilidade no atendimento de multidões. “Com centenas de eventos no portfólio da Zig, já temos um banco de dados com inteligência suficiente para prever o que vai acontecer nos projetos em que estamos envolvidos.” Depois de a pandemia acabar com a festa da Zig em 2020 e 2021, no ano passado a tecnologia de pagamentos da empresa movimentou 2,2 bilhões de reais, o dobro do patamar de 2019. Neste ano, tendo por base os contratos já assinados com clientes, a expectativa é chegar a 7 bilhões de reais.

Para além da demanda reprimida por causa da crise sanitária, o resultado bombado é consequência do investimento em novas tecnologias para grandes eventos. Em Portugal, onde a Zig faz a gestão dos pagamentos de alimentos e bebidas consumidos dentro do Estádio da Luz, sede do time de futebol Benfica, recentemente foram instaladas chopeiras inteligentes. O torcedor pode encostar a pulseira em tótens para autoatendimento, fazer o pagamento por ali mesmo e, voilà, a torneira da chopeira faz sozinha o trabalho antes realizado normalmente por duas pessoas — o caixa e o garçom.

Em outra inovação presente no estádio, um aplicativo criado pela Zig permite encomendar com dias de antecedência o lanche a ser consumido na partida. “Queremos assim evitar a correria às lanchonetes no intervalo do jogo”, diz Lindoso, que entrou no mercado de eventos em 2012, com a netPDV, quando tinha um negócio de vale-presentes em Recife. “Volta e meia eu era procurado por promoters às voltas com a falta de controle nas comandas dos clientes, um processo manual e que dava margem a desvios por funcionários mal-intencionados”, diz. “De lá para cá, o setor de eventos melhorou bastante, mas ainda há muita oportunidade.”

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