D’Arienzo, da Wine: o varejo físico não substitui a venda online (Celso Doni/Divulgação)
Ter um diferencial competitivo em meio ao oceano vermelho que se tornou o mercado de vendas de vinhos no Brasil foi a razão pela qual a Wine abriu a primeira loja própria, no final de 2019. Pudera: na época, o cenário era bem diferente daquele em que o e-commerce de vinhos capixaba havia nascido, em 2008. No país da cerveja, a quantidade de consumidores regulares de vinho dobrou entre os anos de 2010 e 2020, segundo dados da organização global Wine Intelligence. “Vender garrafa de vinho virou commodity. Então, a ideia de ir para o varejo físico era criar um ecossistema em torno do assinante do Clube Wine”, diz Marcelo D’Arienzo, CEO da Wine.
Porém, o que a empresa não esperava era que uma pandemia surgiria no meio do caminho, obrigando que a nova unidade fechasse as portas pouco tempo depois. “Pensamos: ‘A loja acabou’. Mas logo percebemos que a operação física poderia ser usada como uma forma de descentralizar o estoque”, diz.
A escolha da loja, em Belo Horizonte, que concentrava quase 6.000 assinantes do clube nas imediações, facilitou que a Wine implantasse serviços como a entrega em 2 horas. Outra aposta foi utilizar a informação de geolocalização para avisar os clientes de que, na loja mais próxima, havia estoque de determinado vinho em promoção. “Havia um potencial incrível da loja como ponto de contato com o nosso cliente e, assim que possível, retomamos a construção de novas unidades, sempre olhando para o número de clientes no entorno”, diz D’Arienzo.
De lá para cá, foram outras 16 lojas inauguradas. Todas as regiões, menos a Norte, possui pelo menos uma operação física da Wine. Por ora a ideia não é o varejo substituir a venda online. “A nossa comunicação é para incentivar que o cliente se torne um assinante do clube.” Por isso, 85% das compras dentro da loja são realizadas quase do começo ao fim pelo aplicativo.
A estratégia parece estar dando certo. Hoje em dia, 28% das pessoas que entram na loja Wine não são assinantes e, destas, 17% se tornam sócias do clube. Em 2021, a receita da companhia, combinada com os resultados da recém-adquirida Cantu Importadora, foi de 650 milhões de reais. Ao todo, são mais de 300.000 sócios. “A dica é não deixar de focar o problema que você quer resolver e não abandonar a estratégia digital com a mudança para o offline”, diz D’Arienzo.