Sylvia Leão e Damião Silva, dois dos personagens da reportagem de capa: a automatização do trabalho abriu oportunidades, mas impulsionou os casos de esgotamento (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 13 de fevereiro de 2020 às 05h00.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 15h44.
O avanço dos smartphones, da robótica e da inteligência artificial abre um campo sem fim de oportunidades. Mas também é fonte crescente de questionamentos entre acadêmicos, empresários, empregados. O lado promissor e o lado obscuro dessa revolução estão em uma série de reportagens desta edição de EXAME — a primeira comigo na direção de redação.
Há 12 anos na mais prestigiosa publicação de economia do Brasil, acompanhei de perto o avanço da hiperconectividade no ambiente de negócios e nas relações sociais. Na reportagem de capa desta edição, o foco é mostrar como pessoas, empresas e governos estão lidando com o aumento do esgotamento pelo trabalho, conhecido como burnout. Por que as promessas de que a automatização do trabalho nos daria mais tempo para nos dedicar às habilidades humanas — e ao ócio criativo — não se concretizaram?
É uma reportagem que levanta o debate sobre o lado profissional e o lado pessoal da questão, cada vez mais indissociáveis em nosso cotidiano — e na cobertura de EXAME. O avanço da inteligência artificial, e seus dilemas, aparece em outras duas reportagens. A décima edição do ranking EXAME/IBRC de atendimento ao cliente mostra como empresas campeãs no relacionamento vêm ampliando o uso de robôs para responder às demandas dos consumidores e para antecipar suas necessidades.
O recrutamento de profissionais também está mais veloz, com o emprego de softwares que avaliam até o ajuste cultural entre candidatos e empresas. O risco é de os algoritmos repetirem as análises enviesadas dos recrutadores humanos. Aos poucos, porém, os softwares vão aprendendo a considerar a importância da diversidade em suas decisões. Um capitalismo que não leve em conta apenas o retorno ao acionista, mas que trabalhe para melhorar a sociedade, ponderando os impactos das transformações ambientais, sociais e tecnológicas, é uma ideia cujo tempo chegou neste início de 2020 — como mostra um artigo de Richard Samans, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial, e Jane Nelson, diretora da iniciativa de responsabilidade corporativa da Harvard Kennedy School.
Está morta, segundo os autores, a divisão entre a governança pró-acionista e a responsabilidade corporativa. Há só uma empresa, afinal, assim como existe apenas uma sociedade. O mundo segue em evolução, colocando-nos diante de novos e de velhos desafios. Todas as facetas dessa transformação continuarão sendo retratadas e discutidas por EXAME, como nestes 52 anos.