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Eleição pode travar a retomada econômica, diz Arminio Fraga

Arminio Fraga, ex-presidente do BC, diz que, até agora, está “esperançoso” com a recuperação da economia. A eleição, porém, pode colocar tudo a perder

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Arminio Fraga: “A situação fiscal continua insustentável” (Lela Beltrão/Exame)

Arminio Fraga: “A situação fiscal continua insustentável” (Lela Beltrão/Exame)

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Giuliana Napolitano, Fávia Furlan e Patricia Valle

Publicado em 14 de dezembro de 2017 às, 07h53.

Última atualização em 14 de dezembro de 2017 às, 12h00.

O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff abriu espaço para a recuperação da economia. Mas, para que ela se mantenha e o país abandone de vez o cenário de crise, o resultado da eleição presidencial de 2018 é fundamental. Essa é a opinião de Arminio Fraga, sócio da gestora Gávea e ex-presidente do Banco Central. Para ele, os brasileiros ainda não estão convencidos da necessidade de reformas e da continuidade do ajuste fiscal.

Qual é sua perspectiva para a economia brasileira?

É preciso separar a recuperação de uma retomada sustentada da economia. O país esboça uma recuperação a partir do afastamento das políticas catastróficas do governo anterior, e da queda da inflação e dos juros. No momento do impeachment, a continuidade de uma política suicida deixou de ser um cenário provável. E a situação começou a melhorar. Estou alinhado com o consenso de que há espaço para um pouco mais de crescimento, mas o nível de incerteza permanece alto e, em razão disso, uma recuperação mais forte, que seria natural nesta fase do ciclo, pode não acontecer.

De que depende a retomada sustentada da economia?

De mais e melhor investimento em gente e capital, de mais produtividade. A agenda é extensa, e depende de elegermos um governo responsável do ponto de vista fiscal, reformista e genuinamente progressista. Ou seja, não populista e não capturado por grupos de interesse. A recuperação mais pontual não depende tanto desses fatores.

O crescimento em 2018, então, está garantido?

Não, não está. Tenho uma visão mais otimista, mas ressalto que os riscos são relevantes. A eleição de um populista num país que precisa de um imenso ajuste fiscal é algo perigoso. O cenário pode ficar complicado e travar a recuperação econômica. Os investimentos estão paralisados por causa do risco político.

Esse risco eleitoral não está sendo subestimado pelos investidores? Apesar de tudo, a bolsa continua subindo.

Acredita-se num bom resultado nas eleições do ano que vem e na continuidade das reformas. Além disso, a situação das empresas melhorou bastante. Isso tem sido um dos motores da recuperação da economia. Os preços dos ativos refletem essa perspectiva de uma situação melhor no futuro. Sou esperançoso, mas nada vai ser fácil: nem as eleições, nem o ajuste fiscal, nem as reformas.

Uma atuação responsável do Banco Central é suficiente para manter os juros em torno de 7% ao ano?

Um reforço na parte fiscal, com a redução da dívida pública, sem dúvida ajudaria muito. A taxa de juro real de curto prazo caiu bastante, a taxa longa nem tanto, em função das incertezas que mencionei. Mas a situação fiscal continua totalmente insustentável.

Os brasileiros estão convencidos de que é necessário cortar gastos e fazer reformas para tirar o país da crise?

Não acredito nisso. Acho que a sociedade ainda não se identificou com a agenda liberal. Um dos motivos é que as demandas sociais são grandes e bem maiores do que os recursos disponíveis para atendê-las.

O ambiente externo tem sido positivo para os mercados emergentes. Isso tende a continuar?

A liquidez elevada, a abertura comercial e os bons preços de commodities nos favorecem. Temos de aproveitar o momento, mas sem delírios e ilusões.

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