Marília Almeida
Publicado em 22 de outubro de 2020 às 05h17.
Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 10h05.
O mercado de investimentos atinge marcas históricas desde o início da pandemia: 3 milhões de CPFs na B3, 1 milhão de pessoas em fundos imobiliários, alta de quase 50% na captação líquida de fundos multimercado. Até a poupança vai bem: em setembro, os depósitos superaram os saques em 13,2 bilhões de reais. Ao que tudo indica, os brasileiros passaram a economizar mais com o distanciamento social e o home office.
Mas os novos hábitos podem estar menos disseminados do que se imagina. É o que sugere um novo estudo do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGVcef), em parceria com a empresa de pesquisas Toluna, para a EXAME.
Quatro em cada dez brasileiros disseram que tiveram de reduzir investimentos para ajudar nas despesas do mês — para a maioria, a queda foi de até 25%. É um universo que supera o das pessoas que conseguiram ampliar o valor das aplicações financeiras: três em cada dez brasileiros.
Para esse grupo, os dados da pesquisa deixam evidente o crescente apelo da renda variável para os brasileiros, mas, ao mesmo tempo, mostram que ainda há um mercado enorme a ser alcançado com a educação financeira. Aos números: um terço dos investidores escolheu ações e fundos de ações, mas a metade colocou dinheiro na poupança, apesar de a rentabilidade perder para a inflação.
A análise aprofundada das respostas ajuda a entender as causas para o fenômeno menos abrangente do que o pensado. Embora 40% dos brasileiros não tenham sofrido queda na renda com a pandemia, as despesas subiram em diversas categorias, além da economia fora de casa em alguns casos.
“Os gastos aumentaram principalmente em utensílios para casa. Parece um tipo de distração. A conclusão é que o confinamento não encaminha diretamente para uma economia nos gastos das famílias”, diz William Eid, professor do FGVcef e coordenador da pesquisa.