Afrânio Barreira: o novo passo é investir também em fast-food (Germano Lüders/Site Exame)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2018 às 05h39.
Última atualização em 23 de julho de 2018 às 10h55.
Nenhum restaurante brasileiro fatura tanto quanto a unidade de Brasília da rede Coco Bambu, especializada em frutos do mar. Com vista para o Lago Sul, o local tem 1.100 lugares e faturou 43,8 milhões de reais no ano passado. É uma marca inédita até para uma empresa acostumada a superlativos. O grupo fundado no Ceará em 2001 tem 28 lojas distribuídas pelo país e uma em Miami, e fechou 2017 com uma receita de 574 milhões, três vezes mais do que em 2013. A margem de lucro, segundo a empresa, é de 29%. Na média, cada unidade do Coco Bambu faturou 20 milhões de reais em 2017, 23% mais do que em 2016.
Esses números fazem da empresa uma estrela do nicho que mais cresceu no mercado brasileiro de restaurantes, o casual dining. São lugares que tentam unir escala com boa gastronomia. Estão nesse segmento o Outback, especializado em carnes, e o Madero, de hambúrgueres.
No Coco Bambu, grupos de amigos, famílias ou comitivas — a unidade de Brasília já foi visitada pelo príncipe do Japão e pelo presidente da Hungria — pedem pratos para dividir. As receitas à base de camarão, carro-chefe da casa, custam, em média, 80 reais e servem até três pessoas. O mercado de fast-food e casual dining fatura no Brasil cerca de 40 bilhões de reais por ano.
Nos Estados Unidos, onde o conceito dos restaurantes casuais surgiu, o segmento fatura 90 bilhões de dólares. O nicho de pescados e frutos do mar, que lá fora tem marcas importantes, como Red Lobster e Bubba Gump, representa apenas 2% da receita do setor no Brasil. “O Coco Bambu atua num segmento ainda pouco explorado no país, o de frutos do mar, e consegue oferecer pratos considerados especiais pelos clientes a um preço acessível”, afirma Enzo Donna, fundador da consultoria ECD, especializada em gastronomia.
Crescer com unidades tão grandes impõe desafios. O primeiro deles é o investimento necessário para cada restaurante. O Coco Bambu desenvolveu um modelo de sócios locais. Cada unidade tem três investidores, que se revezam na gestão. Outro desafio é manter o ritmo de expansão. Não é qualquer cidade brasileira que comporta um restaurante com 1.000 lugares. Por isso, o Coco Bambu passou a investir em novos formatos para praças de alimentação, na criação de espaços para eventos ao lado das lojas e no lançamento de produtos em parceria com grandes empresas, como vinhos, cervejas e até ovos de Páscoa. A primeira unidade de fast-food foi aberta em Manaus. Mais cinco devem ser inauguradas neste ano. Outro movimento recente foi a inauguração da primeira filial internacional, em setembro, em Miami, com investimento de 35 milhões de reais.
A expansão internacional é um desafio para as redes de restaurantes brasileiras. O maior caso de sucesso é o da churrascaria Fogo de Chão, que tem 38 unidades nos Estados Unidos e apenas nove no Brasil. Há três anos, outro expoente do casual dining, o Madero, especializado em hambúrgueres, inaugurou uma loja em Miami. “Foi importante para fincar uma bandeira internacional, mas temos muito a crescer no Brasil”, diz o fundador, Junior Durski. O Madero tem 118 restaurantes no Brasil, que tiveram um faturamento de 510 milhões de reais em 2017. Durski pretende lançar três novas marcas neste ano: a Vó Maria, especializada em parmegiana; a Choripan, em hambúrgueres com carne argentina; e a Dundee Burger, de cheesebúrgueres. Eis a ironia: o sucesso está levando as redes de casual dining para o bom e velho fast-food.