A Bienal passada e José Olympio: perda de receita e busca por novos apoiadores (Daniel Lins/Fotoarena, Divulgação/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 16 de julho de 2020 às 05h00.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2021 às 12h06.
No início da quarentena, havia ainda esperança de que a 34ª edição da Bienal de São Paulo ocorresse sem transtornos. Os organizadores, inclusive, adiaram a data de setembro para outubro, para ter certeza de que se daria num cenário normalizado. Quatro meses depois, ficou claro que não será possível realizar o evento com segurança. A organização anunciou seu adiamento para setembro de 2021, mantendo a curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. Agora o evento voltará a ocorrer em anos ímpares, como era até 1991. O tema da edição se manterá em 2021: “Faz escuro mas eu canto”, verso tirado de um poema do amazonense Thiago de Mello. A bienal de Gwangju, na Coreia do Sul, a de Veneza e a de Helsinque, além da suíça Art Basel, também foram transferidas para o próximo ano. A EXAME conversou com José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal e CEO do Credit Suisse Brasil.
O que levou a perceber que a edição de 2020 da Bienal seria inviável?
Se a mostra fosse mantida, a montagem precisaria começar agora. Seria impossível fazer isso sem pôr em risco a saúde de técnicos, montadores e artistas. As restrições de viagem também prejudicariam a vinda de artistas e de público. Além disso, nossa base educativa seria seriamente prejudicada, já que os estudantes da rede pública, mesmo em aula a partir de setembro, não poderão visitar museus.
Qual foi o prejuízo financeiro neste ano para a Bienal?
Em termos de contratação de serviços, nenhum. Decidimos pelo adiamento no momento exato, antes de começarmos a gastar com coisas que depois não teriam mais retorno. Porém perdemos receita. Mais da metade do orçamento da Fundação vem de receitas não incentivadas, como o aluguel de nosso Pavilhão da Bienal. Não houve a SP-Arte e outros eventos, então perdemos receita por esse caminho.
A pandemia gerou uma grave crise econômica. Em 2021, os patrocínios à Bienal vão se manter?
O dinheiro para a arte está reservado, de certa forma, já que a Lei Rouanet garante até 4% do imposto devido das empresas participantes para patrocínios culturais. A questão é: as empresas terão lucro e, portanto, impostos para pagar e deduzir? Essa é a grande dúvida. Muitas empresas sofreram, muitas não. A maioria de nossos apoiadores são grandes empresas. Poderá haver, sim, um impacto, mas nossa estratégia é ampliar a base de apoiadores.
O que o governo federal poderia fazer para ajudar artistas a superar este momento de crise?
No mundo desenvolvido, houve apoio à cultura durante a pandemia, como na Alemanha. Aqui não foi o caso. Mas temos a Lei Rouanet, mecanismo essencial para a arte no Brasil. Esperamos que não mexam nisso.
SÉRIE
Sabores latinos
A segunda temporada da série documental gastronômica Street Food desembarca em Salvador | Guilherme Dearo
Dos mesmos criadores do sucesso Chef’s Table, o seriado Street Food sai dos restaurantes com estrelas Michelin e explora a comida de rua de grandes cidades. Nas pequenas barracas e food trucks é possível encontrar algumas das expressões mais genuínas — e deliciosas — da gastronomia local. Depois de viajar pela Ásia na primeira temporada, continente considerado o berço desse tipo de culinária, e passar por cidades como Osaka, Bangcoc e Ho Chi Minh, a série chega à América Latina. Em seis episódios, o programa explora Buenos Aires, Salvador, Bogotá, La Paz, Oaxaca e Lima. Na cidade de Salvador, o documentário mostra algumas das especialidades baianas: feijoada, moqueca apimentada, pirão de aipim com carne de sol e calabresa, acarajé e abará. Tudo isso, claro, bem explicado e muito contextualizado para o público internacional, sedento por entender a mistura das culturas portuguesa e africana e expressões populares, como o candomblé e a capoeira.
Street Food América Latina | 21/7, na Netflix