Revista Exame

Visão Global — a virada demográfica que está em curso nos EUA

Número de americanos com 65 anos ou mais vai saltar dos atuais 49 milhões para 73 milhões em 2030 — chegando a um quinto da população

Memorial da Segunda Guerra em Washington: o número de idosos nos Estados Unidos deve saltar de 49 milhões para 73 milhões em pouco mais de dez anos   (Tim Graham/Robert Harding/Glow Images)

Memorial da Segunda Guerra em Washington: o número de idosos nos Estados Unidos deve saltar de 49 milhões para 73 milhões em pouco mais de dez anos (Tim Graham/Robert Harding/Glow Images)

FS

Filipe Serrano

Publicado em 29 de março de 2018 às 05h00.

Última atualização em 1 de agosto de 2018 às 15h47.

No Japão e na Europa já faz tempo que os governos vêm enfrentando os desafios ligados ao envelhecimento rápido da população — como o aumento de gastos com saúde e Previdência Social. Nos Estados Unidos, que têm um número maior de jovens, essas questões não provocam efeitos tão drásticos. No entanto, a tendência é que isso mude na próxima década. Segundo novas projeções do Departamento do Censo dos Estados Unidos divulgadas em março, o número de americanos com 65 anos ou mais vai saltar dos atuais 49 milhões para 73 milhões em 2030 — chegando a um quinto da população. É quase o mesmo número estimado para os jovens de até 18 anos (75 milhões). O efeito é influenciado pelo envelhecimento dos baby boomers — os americanos nascidos entre 1946 e a metade da década de 60, um período em que a taxa de natalidade disparou. Em 2030, todos os baby boomers terão 65 anos ou mais. Nessa transição demográfica, os Estados Unidos também devem passar por outra mudança: a entrada de imigrantes terá mais peso para o aumento populacional do que os nascimentos a partir de 2030. São questões que o governo terá de lidar para garantir o crescimento econômico e a melhoria do bem-estar.

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TURISMO

AS VIAGENS INTERNACIONAIS E A ECONOMIA

Turistas na Espanha: o país recebe mais de 75 milhões de visitantes todo ano | David Ramos/Getty Images

Poucos setores da economia tiveram tanto sucesso na história recente quanto o do turismo. O número de viajantes internacionais é um dos indicadores que mostram isso. Ele vem crescendo ininterruptamente há mais de 60 anos. Só em 2016 (o dado mais recente) 1,2 bilhão de pessoas no mundo fizeram viagens ao exterior. A tendência não deve mudar. Em 2030, a estimativa é que o número de turistas chegue a 1,8 bilhão. Os países ricos são os grandes beneficiados. Entre as nações que fazem parte da OCDE, o turismo representa 7% dos empregos e 4% do PIB. Na Espanha, que recebe mais de 75 milhões de turistas por ano, a participação do setor é ainda maior (11% do PIB). O Brasil, apesar de ter uma área 17 vezes maior do que a Espanha, hospeda apenas 6 milhões de estrangeiros por ano. Os números fazem parte de um relatório anual da OCDE sobre o setor de turismo, divulgado em março. Para a organização, a tendência é que, na próxima década, os países emergentes liderem o crescimento, recebendo cada vez mais turistas. Mas o Brasil precisa se mexer se não quiser ficar para trás.

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AMÉRICA LATINA

MAIS INTEGRAÇÃO

Porto no México: a Aliança do Pacífico mais próxima do Mercosul | Henry Romero/Reuters

Enquanto o presidente americano, Donald Trump, adota medidas protecionistas, a América Latina vem aumentando a abertura comercial. Uma das ações é um possível acordo entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico (área de livre comércio formada por México, Colômbia, Chile e Peru), em discussão desde o ano passado. No entanto, segundo um relatório do Banco Mundial, ainda há muito o que fazer. O comércio entre os dois blocos é pequeno. Apenas 7% das exportações do Mercosul têm como destino a Aliança do Pacífico. Facilitar as trocas comerciais e reduzir a burocracia e as tarifas ajudaria a tornar o comércio entre os dois blocos mais relevante.

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ÍNDIA

A GRAVIDADE DA POLUIÇÃO

Nova Délhi, na Índia: a alta poluição prejudica os indianos | Arvind Yadav/Hindustan TimeS/Getty Images

Um relatório recente da OCDE, o clube dos países ricos, chama a atenção para os problemas relacionados à poluição atmosférica. Todos os anos, cerca de 4 milhões de pessoas morrem por causa de doenças associadas aos poluentes. Há também prejuízos econômicos, como o crescimento dos gastos médicos, o aumento das faltas no trabalho por motivos de saúde e a queda da produtividade. Em alguns países, a situação é especialmente grave. Na Índia, que está na pior posição, 82% das pessoas vivem em regiões com altas concentrações de poluição no ar. Na China, o segundo pior colocado, são 66%. O Brasil neste ponto não vai tão mal. O país é um dos que mais têm reduzido a exposição à poluição, junto com Indonésia, México, Estados Unidos e Dinamarca. A OCDE, porém, alerta que é preciso fazer mais. Garantir um ar saudável é essencial para manter o bem-estar e ter um crescimento econômico no longo prazo.

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HUNGRIA

XENOFOBISMO NO CENTRO DA EUROPA

Orbán, da Hungria: ele tenta obter um terceiro mandato | Daniel Biskup/Laif/Glow Images

Se a Hungria fosse um país da América Latina, a ascensão de um líder autoritário, como o primeiro-ministro Viktor Orbán, talvez não causasse surpresa. Mas o país está no centro da Europa, faz parte da União Europeia e é um dos membros da Otan. Depois de chegar ao poder, em 2010, o primeiro-ministro passou a dificultar a entrada de investidores estrangeiros e tomou o controle das instituições. No dia 6 de abril, Orbán tentará um terceiro mandato nas eleições parlamentares. A coalizão de seu partido, Fidesz, é favorita. Na campanha, Orbán aumentou o discurso anti-imigração. Chegou a dizer que a Hungria não quer se tornar um país multirracial. O chefe de direitos humanos da ONU, Zeid Ra’ad al-Hussein, reagiu chamando Orbán de racista e xenófobo.

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