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Empresas pagam milhões a ex-soldados para missão na Ucrânia, mostra BBC

Os clientes são desde civis mais ricos a famílias inteiras ou pessoas politicamente expostas. Mercado de militares privados já apareceu em outros conflitos, como no Afeganistão

Tanques ucranianos em Kiev: guerra já dura duas semanas (Valentyn Ogirenko/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2022 às 17h02.

Última atualização em 10 de março de 2022 às 17h10.

Empresas privadas ao redor do mundo estão intermediando a contratação de ex-soldados e veteranos experientes em guerras para missões na Ucrânia, mostrou reportagem publicada pela BBC News. Estima-se que o pagamento de algumas missões pode chegar a milhões de dólares se completada.

Anúncios dessas "vagas" aparecem publicamente em sites como oSilent Professionals, que é tradicionalmente direcionado a profissionais para serviços de segurança privada.

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Os serviços não são, no geral, para lutar na guerra na Ucrânia, mas para evacuação ou outros trabalhos estratégicos, dizem fontes ouvidas pela BBC. Muitas das missões são para resgate de pessoas que estão na Ucrânia em meio à guerra, iniciada no dia 24 de fevereiro.

Os clientes são desde civis mais ricos a famílias inteiras ou pessoas politicamente expostas, incluindo com órgãos ligados a governos tentando evacuar cidadãos de seus países.

À BBC, um especialista em empresas militares privadas,Robert Young Pelton, disse que há "um frenesi no mercado" para serviços na Ucrânia.

O especialista afirma que profissionais estão sendo recrutados por valores entre US$ 30 mil e até US$ 6 milhões. O serviço é mais caro se as famílias querem partir levando seus bens, segundo ele.

Uma vaga exibida publicamente no site Silent Professionals paga de mil a 2 mil dólares por dia para uma missão contratada por uma "corporação baseada nos EUA". Há ainda um bônus caso a tarefa seja concluída.

O setor de segurança e serviços militares privado já foi demandado em outras guerras nas últimas décadas. Um dos casos mais famosos é da empresa Blackwater, hoje chamada de Academi, e que foi inclusive contratada pelo governo dos Estados Unidos para missões no Afeganistão e no Iraque após o 11 de setembro. A empresa se envolveu em um acidente que levou à morte de 14 civis em Bagdá, no Iraque, em 2007.

Casos como esse são uma das preocupações envolvendo o uso de serviços militares privados, além da possibilidade de os veteranos contratados se tornarem mercenário para governos ou contratantes. Para os clientes privados, outros riscos são os eventuais problemas com as missões nos locais de guerra.

Em inglês, empresas no setor usam a sigla PMCs (private military companies). Esse mercado pode movimentar mais de US$ 450 bilhões até 2030, e as cifras foram de US$ 224 bilhões em 2020, segundo relatório do portal especializado Aerospace & Defense News, citado pela BBC.

As missões privadas identificadas não incluem a leva de ex-militares voluntários que têm se candidatado para lutar efetivamente na guerra ucraniana, após convocação do governo do país.

O Ministério da Defesa ucraniano montou o que batizou de "Legião Internacional para Defesa Territorial da Ucrânia", em uma chamada na internet após o início da guerra. Mais de 20 mil pessoas se alistaram e foram aprovadas, segundo o governo.

À agência americana Associated Press, o major-general Borys Kremenetskyi disse reconhecer que há riscos, como estrangeiros que possam ser capturados por forças russas e usados como espiões na volta para seus países, ou o treinamento de eventuais supremacistas brancos interessados no conflito.

Além dos estrangeiros, mais de 60 mil homens ucranianos também voltaram ao país para lutar na guerra. A Ucrânia decretou um dia após os primeiros ataques à capital Kiev a chamada "lei marcial", que proíbe que homens ucranianos entre 18 e 60 anos deixem solo ucraniano. Assim, a maior parte dos 2 milhões de refugiados já registrados desde o início do conflito são mulheres e crianças.

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