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Ganhando uma fortuna com pauzinhos chineses

Nos Estados Unidos, um empreendedor de origem coreana enriquece com uma fábrica que exporta para a Ásia um grande ícone da culinária asiática — o hashi

A Georgia Chopsticks cresceu produzindo nos Estados Unidos um produto tipicamente asiático: o hashi (Eran Chesnutt/ sxc)

A Georgia Chopsticks cresceu produzindo nos Estados Unidos um produto tipicamente asiático: o hashi (Eran Chesnutt/ sxc)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2012 às 06h00.

São Paulo - Todos os dias, jornais, revistas e sites de todo o mundo trazem notícias sobre como os produtos chineses, produzidos a baixos custos em imensa quantidade, estão ameaçando a economia de cidades e regiões inteiras em vários lugares do mundo. Em Americus, cidade americana no estado da Geórgia, acontece o oposto.

Ali, a China não representa ameaça, mas oportunidade. É para o Oriente que vai grande parte do principal produto fabricado na cidade — os hashis, aqueles pauzinhos de madeira usados como talheres em refeições asiáticas. Semanalmente, a Georgia Chopsticks, empresa fundada há dois anos pelo sul-coreano Jae Lee em sociedade com o americano David Hughes, fabrica 4 milhões de pares de hashi — todos eles destinados à exportação

Lee teve a ideia de produzir hashis no interior americano e vendê-los para o mercado chinês depois de trabalhar numa empresa especializada em exportações e importações entre China e Estados Unidos. "Havia uma grande oportunidade que pouca gente enxergava", diz Lee, que nasceu na Coreia do Sul e vive nos Estados Unidos desde 1986. 

Do lado da demanda, Lee elencou alguns dados antes de ir em frente com a Georgia Chopsticks. 1) Com 1,3 bilhão de habitantes, a China é o país mais populoso do mundo, segundo um levantamento da ONU referente a 2011. 2) Diferentemente do garfo e da faca, que são reutilizáveis, os talheres de madeira são descartáveis — o que, na linguagem dos negócios, significa receitas recorrentes.

Estima-se que pelo menos 50 bilhões de hashis sejam consumidos por ano na China — o equivalente a três pares mensais por pessoa. 3) Com a população urbana cada vez maior, haveria uma tendência de que o consumo de hashis descartáveis aumentasse, com o crescimento do número de pessoas que fazem refeições fora de casa. 


Do lado da oferta, Lee identificou um espaço vazio. "A quantidade de madeira na China é escassa", diz. Em 1997, o governo impôs uma moratória ao corte doméstico de árvores para proteger as florestas do país, ameaçadas de destruição. Os chineses passaram então a comprar madeira da Rússia — que, por sua vez, aumentou os impostos sobre o produto de 5% para 25%.  

Enquanto na China falta a matéria-prima, na região da Geórgia há madeira de sobra. Duas das principais árvores de áreas de reflorestamento na região, o álamo e o liquidâmbar, têm a consistência e a densidade ideal para a fabricação dos hashis.

A Georgia Chopsticks também reaproveita serragem e pedaços já cortados de madeira que seriam descartados por serrarias da região. Quanto à mão de obra, Lee consultou as estatísticas locais de desemprego. Descobriu que não seria difícil encontrar funcionários — no final de 2001 a taxa de desemprego chegou a 12% — 4 pontos acima da média americana. 

Convencido de que tudo isso fazia sentido, Lee juntou suas economias e angariou empréstimos de familiares para investir 1 milhão de dólares na transformação de um galpão, que estava abandonado há 80 anos, numa fábrica. Comprou máquinas, contratou fornecedores de madeira e fez acordos com o governo local para obter incentivos fiscais. A ideia de ser sócio da nova empresa agradou Hughes, um investidor especializado no setor de madeira, que investiu também 1 milhão de dólares. 

Os planos incluem mais cinco fábricas em outras cidades da Geórgia e em estados vizinhos, como Flórida e Alabama. Também está nos planos dos sócios produzir outros produtos de madeira para alimentação, como palitos de dente e espetinhos.  Os 115 funcionários que trabalham hoje na Georgia Chopsticks não estão dando conta de atender à demanda.

Lee e Hughes planejam contratar mais 800 pessoas para aumentar a produção para 10 milhões de unidades por dia — cerca de 20 vezes mais do que hoje. 

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