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Deixando a Estapar para trás

Como o gaúcho Fernando Stein acelerou a expansão de sua rede de estacionamentos após abrir mão de um nome forte por outro que ninguém conhecia

Fernando Stein: "No início, fiquei com medo quando perdi o direito de usar a marca Estapar" (Tamires Kopp/ Print Marker)

Fernando Stein: "No início, fiquei com medo quando perdi o direito de usar a marca Estapar" (Tamires Kopp/ Print Marker)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2012 às 14h54.

São Paulo - Durante dez anos, o empreendedor gaúcho Fernando Stein, de 40 anos, foi o único no Rio Grande do Sul a representar a Estapar, a maior rede de estacionamentos do país. Em 2009, ele se viu numa situação difícil.

Não era do interesse do banco BTG Pactual, que comprara metade do capital da Estapar, manter sociedades em vários estados. Para Stein, havia duas possibilidades — vender os pontos para os novos acionistas ou não usar mais o nome da empresa. Stein se desfez da sociedade que mantinha em 13 pontos de Santa Catarina e conservou sua rede de 45 estacionamentos no mercado gaúcho, que batizou de Moving.

Com a nova bandeira, os estacionamentos de Stein no Rio Grande do Sul faturaram, no ano passado, 41,7 milhões de reais — mais que o dobro em relação a 2009, quando a marca era Estapar. 

A trajetória da Moving mostra que nem sempre a expansão depende de uma marca importante, como acreditam muitos empreendedores. Stein também tinha essa crença. "Fiquei com muito medo no início", diz ele. "Mas isso me obrigou a ter mais iniciativa como empreendedor."

Parte do crescimento veio das novas unidades — no ano passado, a rede contava com 24 400 vagas, quase o dobro de 2009. Essa expansão poderia ter sido uma ameaça à rentabilidade caso não estivesse sintonizada com uma estratégia que possibilitasse superar o grande desafio de uma rede de estacionamentos — garantir um movimento mínimo, que cubra pelo menos os custos fixos.


"Eu precisava contar com receitas previsíveis para diminuir os riscos", diz Stein. Por isso, ele procurou ganhar novos clientes em lugares com movimento garantido, como hospitais, universidades e shopping centers. Nessa busca, ocorreu-lhe uma ideia — oferecer serviços adicionais gratuitos que não pesassem muito nas finanças da Moving mas fossem bastante valorizadas pelos clientes. 

No estacionamento que atende os alunos da PUC de Porto Alegre, por exemplo, a Moving concede acesso sem fio à internet. Os alunos que estacionam na Moving podem, desse modo, conectar notebooks e celulares diretamente do carro. 

Outro cliente favorecido foi o Paseo, um shopping de 40 lojas ao ar livre na zona sul de Porto Alegre, que conta com um telhado de plantas e que reaproveita a água da chuva em banheiros e jardins. Nesse caso, a Moving passou a fornecer um serviço de empréstimo de bicicletas para os visitantes do shopping, que as usam para passear pelas ruas arborizadas dos arredores.

"Foi uma ideia que combinou perfeitamente com nosso projeto", diz Bianca Medeiros, executiva de marketing do Paseo. "As bicicletas ajudaram a reforçar nossa proposta ecológica."

Para enfrentar a concorrência, até por causa da própria Estapar, Stein vem investindo em treinamento. A cada seis semanas, os 78 estacionamentos da Moving recebem uma Kombi equipada com uma TV que transmite cursos sobre como atender bem os clientes e aumentar a produtividade de manobristas e operadores de caixa.

"Dependendo do desempenho nesse e em outros treinamentos, um manobrista pode ser promovido a encarregado de equipe ou garagem", diz Stein. "O salário pode dobrar em seis meses."

Praticar, praticar, praticar para melhorar a cada dia. Está aí algo em que Stein realmente acredita, seja saltando de paraquedas, seja de parapente — hobby pelo qual é apaixonado —, seja no trabalho. "A experiência vem com muita dedicação no dia a dia", afirma ele. Antes de ter o próprio negócio, Stein trabalhou por alguns anos na Estapar de São Paulo como gerente de automação e sistemas.

Sua contratação aconteceu depois que ele desenvolveu uma espécie de máquina móvel de lavar carros, levada de estacionamento a estacionamento da rede. "Eu tinha apenas 22 anos e queria empreender, mas não sabia absolutamente nada do setor", diz Stein, que acabou sendo o escolhido para representar a marca no Rio Grande do Sul. "Foi trabalhando na Estapar que ganhei boa parte da experiência que tenho hoje."  

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