Unicórnio: Daki capta US$260 mi e entra para clube de startups bilionárias
Com menos de um ano de operação, a Daki alcança o status de unicórnio com série B envolvendo Kaszek, Tiger Global e Monashees
Maria Clara Dias
Publicado em 2 de dezembro de 2021 às 10h15.
Última atualização em 2 de dezembro de 2021 às 10h44.
Queridinha dos investidores atentos a uma demanda cada vez maior por entregas ultrarrápidas, a Daki, startup paulista de delivery, já alcançou grandes feitos. A empresa anunciou nesta quinta-feira, 2, um novo aporte de 260 milhões de dólares em uma rodada série B que elevou o valor da companhia para 1,2 bilhão de dólares, o que a torna no mais novo unicórnio brasileiro, com apenas dez meses de existência. O valor foi captado pelo JOKR, grupo do qual a Daki faz parte.
O termo "unicórnio" se refere às startups que cruzam a linha de chegada do valuation bilionário. Ao lado da Daki estão empresas como Gympass, MadeiraMadeira, Loft, Cloudwalk, QuintoAndar e as também empresas de entrega iFood e Loggi.
A nova rodada teve participação de alguns dos principais fundos de venture capital do mundo, com destaque especial para alguns determinados a tornar a América Latina em um novo celeiro de unicórnios, como Kaszek Ventures, Tiger Global e Monashees. Além deles, também entraram os fundos Activant Capital, Balderton, Greycroft, G-Squared, HV Capital, Mirae Asset e Moving Capital.
O que chama a atenção dos investidores é a promessa da Daki de unir todas as pontas logísticas e, assim, ser capaz de fazer entregas em até 15 minutos. Desde janeiro de 2021, a empresa criada pelos sócios Alex Bretzner, Rodrigo Maroja e Rafael Vasto corre contra o relógio para atingir esse feito. A regra para ter acesso às entregas ligeiras dos itens de mercearia da startup é, por ora, morar em cerca de 50 bairros de São Paulo, Campinas, Niterói, Rio de Janeiro e nas cidades metropolitanas do ABC Paulista e Garulhos.
A fórmula mágica das entregas
Por trás dessa entrega rápida está um modelo de negócios verticalizado que dispensa intermediários pelo caminho. Na prática, isso significa que a empresa assume todas as etapas do processo, do contato com a indústria ao estoque e centros de distribuição próprios. Ao todo, são 60 pequenas dark stores espalhadas por onde a startup opera.
"Trabalhamos com a indústria, e a nossa diferença de outros players está em controlar todas as etapas da cadeia, enquanto a maioria se responsabiliza apenas pelo processo de entregas. Isso é o que nos torna tão eficientes", disse Ralph Wenzel, CEO e um dos fundadores da JOKR.
O executivo afirma que tornar o processo mais enxuto também joga bem para cima as margens do negócio. Segundo Wenzel, enquanto a maioria das empresas trabalha com uma margem que varia de 3% a 8%, o modelo de negócios da Daki opera com 7% a 15% de margem. “Isso requer tecnologia e escala para que possamos acompanhar todo o processo, mas ainda assim somos mais rentáveis que qualquer outra companhia de varejo", diz.
Além do varejo, Wenzel afirma que a Daki, suas dark stores e uma rede de entregadores autônomos têm potencial para ser mais rentável do que qualquer grande marketplace — que, por tradição, trabalham com muitos intermediários no meio do caminho.
O que parece ser uma fórmula de sucesso também se traduz no próprio desempenho da empresa. Com dez meses desde o início das operações, a Daki já deixou para trás a zona cinzenta habitada por boa parte das startups em início de carreira e já temmargem positiva, afirmou o CEO, Rafael Vasto. Sem divulgar muitos detalhes, Vasto afirmou apenas que isso já aconteceu em cidades e hubs prioritários para a empresa.
Novo momento
O novo investimento chega para impulsionar a expansão da Daki no Brasil e do JOKR na América Latina e Estados Unidos. Por aqui, a intenção da startup é expandir o número de lojas para 100 até o final do ano e mais outras 50 em 2022.
Sair do eixo Rio-São Paulo também está nos planos. As conversas mais avançadas acontecem com a capital Belo Horizonte, segundo o CEO. Mas, fora o crescimento regional agressivo, a empresa não quer deixar de lado a melhoria tecnológica do app, algo que também irá exigir parte do capital da série B. "Temos a crença de que o futuro do varejo está na personalização e em levar em conta cada cliente", diz.
"Isso pode ser feito com tecnologia mais ágil e personalizada, com uma cadeia de supply chain que permita o desenvolvimento de fornecedores locais e também passa por uma infraestrutura muito robusta".