Shopper capta R$ 170 mi em rodada com fundo GIC, de Singapura
Rodada Série C vem quatro meses após aporte de R$ 120 mi no supermercado online de São Paulo focado em entregas programadas. Os recursos vão ser utilizados na expansão para o Rio e na aquisição de negócios
Leo Branco
Publicado em 13 de dezembro de 2021 às 10h05.
Um dos maiores supermercados 100% online em operação no Brasil, a Shopper anuncia nesta segunda-feira, 13, uma rodada Série C de captação de 170 milhões de reais. O aporte vem seis meses após uma outra captação de recursos, do tipo Série B, no valor de 120 milhões de reais.
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A nova rodada é liderada pelo GIC, o fundo soberano de Singapura, que nos últimos meses tem ido às compras com força no Brasil. Em novembro, o fundo aportou 270 milhões de reais na fintech de crédito QI Tech. Em setembro, colocou 2,2 bilhões de reais no fundo controlador da V.tal, operação da telecom Oi para fibra ótica.
A rodada série C na Shopper conta mais uma vez com investidores de rodadas anteriores, como o fundo Quartz, de José Galló (chairman da varejista Renner), Minerva Foods, o multifamily office Oikos e o fundo Floating Point, de Nova York.
Fundada em 2015 por Fábio Rodas e Bruna Vaz, colegas na escola de negócios Insper, de São Paulo, a Shopper funciona no modelo de compra programada. O cliente cria uma lista de pedidos de mercado e o sistema da Shopper programa as entregas com uma frequência estipulada previamente – uma vez por mês, semana ou a cada duas semanas.
Entre as vantagens do modelo está a previsibilidade. O cliente sabe de antemão o que está na lista de compras. Para a Shopper, há mais assertividade na negociação com fornecedores, em geral as próprias fabricantes de alimentos e itens de higiene e beleza. A promessa é de menos desperdícios e descontos ao longo de toda a cadeia de distribuição.
A captação da Shopper vem num momento de enxurrada de recursos para negócios de tecnologia dispostos a mudar a cara do varejo de alimentos. Em 2021, a paulistana Daki, de entregas ultrarrápidas, captou 430 milhões de dólares em duas rodadas envolvendo pesos pesados do venture capital como Kaszek, Tiger Global e Monashees.
Em agosto, a Movile, dona do iFood, levantou 1 bilhão de reais – o valor mais alto obtido em 21 anos da empresa – com o Prosus, fundo dedicado a negócios de tecnologia controlado pela sul-africana Naspers.
Os fundadores da Shopper reconhecem um desafio extra no alvoroço dos investidores sobre o varejo brasileiro. "O setor ficou meio crowded de players", diz Rodas. "O custo de aquisição de clientes aumentou."
A saída da Shopper para lidar com a concorrência mais acirrada é redobrar a aposta no modelo de entrega programada. A previsibilidade típica desse modelo de compras reduz os desperdícios comuns ao varejo. E, com isso, pode aumentar as margens extremamente apertadas do varejo – ao redor de 1,5 a 3,5%.
"Todo mundo sabe que o varejo é um dos setores com menor margem líquida e é difícil de crescer desse jeito", diz Bruna. "O modelo de compra programada acaba sendo uma forma mais consistente de expandir um negócio."
O aporte deve ampliar a expansão geográfica da Shopper. Presente em 75 cidades da Grande São Paulo e interior paulista, a Shopper pretende entrar no Rio de Janeiro em 2022. Com o movimento, os empreendedores esperam fechar o ano que vem presentes em 120 cidades.
A meta é dobrar o número de clientes cadastrados na plataforma para mais de 1 milhão de pessoas até outubro do ano que vem.
Os novos recursos devem ser também ser utilizados na aquisição de negócios, uma novidade para a Shopper. "É algo super recente na nossa história", diz o CEO Fábio Rodas. "Nos próximos seis meses vamos entender os negócios que cabem melhor na nossa estratégia. Estamos agnósticos."
No radar estão negócios capazes de complementar a tecnologia desenvolvida pela Shopper para a logística dos produtos até os clientes.
Com as aquisições e a expansão dos times da própria Shopper, a expectativa de Fábio e Bruna é triplicar o quadro de funcionários, hoje em torno de 1.000, ao longo do ano que vem.
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