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Riscos sob controle na hora de pedir um financiamento para seu negócio

O que os bancos avaliam antes de um financiamento — e por que conhecer as fragilidades de um negócio pode ser bom até para quem não precisa tomar dinheiro emprestado

O que fazer quando a empresa deve ao Fisco? (Getty Image)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2011 às 13h26.

Bancos e instituições financeiras costumam ser rigorosos com os pedidos de empréstimos e financiamentos de empresas que precisam de recursos para investir. Um dos pontos mais críticos desse tipo de análise é a avaliação dos riscos a que um negócio está exposto.

“Entender o que é capaz de atrapalhar o crescimento da empresa é uma das grandes preocupações de uma instituição financeira antes de emprestar dinheiro”, diz João Consiglio, diretor do banco Santander. “Muitas vezes, os empreendedores não fazem ideia dos riscos que correm.”

Na maioria dos casos, os bancos esperam que o empreendedor demonstre conhecer os perigos que o rondam e tenha planos para enfrentar o pior — quem está mais bem preparado quase sempre tem condições de negociar linhas de crédito com taxas de juro menores e prazos de pagamento mais longos.

Exame PME ouviu especialistas em crédito para saber quais são os principais riscos que os bancos levam em conta antes de conceder financiamento — e por que conhecê-los é importante até para quem não pretende tomar um empréstimo.

1- Dependência do empreendedor

Empreendedores que centralizam demais as decisões podem pôr a perder as perspectivas de expansão de seus negócios. Para a maioria dos bancos, pequenas e médias empresas demasiadamente dependentes da presença dos donos têm menos chance de manter uma trajetória de crescimento caso algo inesperado aconteça — como uma desavença entre sócios ou um problema de saúde que afaste seu fundador do trabalho por um longo período.

Pode ser pior se...  O dono não abrir mão nem de tomar conta das pequenas decisões cotidianas do negócio, como autorizar condições de negociação para cada cliente e fornecedor ou controlar todas as despesas com as quais a empresa precisa arcar, sem delegar tarefas a ninguém.

O que fazer: Mesmo negócios que estejam em seus estágios iniciais, quando é natural que os empreendedores se responsabilizem por quase tudo na empresa, podem ter uma avaliação de risco mais favorável caso seja possível apresentar um planejamento sobre como descentralizar o comando. Isso pode ser feito, por exemplo, apresentando um cronograma em que o dono se comprometa a contratar funcionários ou gerentes para cuidar das finanças e de outras áreas quando a empresa atingir determinado patamar de faturamento. Nos casos em que há mais de um empreendedor, outro documento importante é o acordo de acionistas, que geralmente prevê regras para solucionar conflitos e determinar o que acontece se um dos sócios quiser abandonar a sociedade.


2- Receitas concentradas em poucos clientes

É comum encontrar pequenos negócios que obtêm boa parte de suas receitas de poucos e grandes clientes. O risco nessa situação é lidar com quedas abru­­ptas nas receitas caso um deles decida comprar do concorrente ou passe por dificuldades. O empreendedor também se sujeita a pressões por descontos e prazos de pagamento excessivos.

Pode ser pior se... A empresa fechar contratos de curto prazo, o que a torna mais vulnerável aos riscos de perder um cliente importante. Deixar o comprador muito à vontade para romper o acordo — não impondo penalidades de rescisão, por exemplo — também aumenta a insegurança em torno das finanças da empresa.

O que fazer: A empresa precisa demonstrar o que está fazendo para ampliar a carteira de clientes — como planos para abertura de filiais e  a criação de equipes para prospectar novos mercados. Ao renegociar contratos, é importante tentar firmar prazos mais longos com o cliente — e estipular punições caso o comprador queira rescindir o contrato.

3- Ter poucos fornecedores

Quanto menos alternativas para comprar insumos e matérias-primas, mais vul­nerável a empresa fica a um reajuste de preços abusivo. Negócios assim também ficam sujeitos a enfrentar gargalos que podem barrar uma trajetória de expansão. Se um grande fornecedor enfrentar imprevistos, fica  mais complicado manter a produção e cumprir contratos com os clien­tes.

Pode ser pior se... A empresa tiver contratos de longo prazo com um único fornecedor, ou tiver assinado acordos garantindo exclusividade na compra de determinados componentes e matérias-primas.


O que fazer: Nos casos em que é muito difícil encontrar novos fornecedores, é possível reduzir os riscos incluindo nos contratos regras claras tanto para os reajustes de insumos e matérias-primas quanto para definir as responsabilidades caso um imprevisto interrompa o fornecimento dos materiais.

4-Crescer sem planejamento

A falta de plane­ja­mento costuma ser um indicador de uma empresa sem rumo defi­nido. Um bom plano de negócios ser­ve de guia para a expansão. Nele, são traça­das as estratégias de mer­cado e as pro­jeções de receitas e despe­sas ao longo do tempo — e é a esse do­cumento que o empreendedor deve re­correr, perio­dica­mente, para avaliar se tudo está sain­do como planejado ou se há al­gum aspecto da empresa que precisa ser revisto. Projetos inconsis­tentes sinalizam que o empreendedor não sa­be exatamente quanto o capital in­vestido numa empresa vai dar de re­torno, pondo em dúvida até sua capa­cidade de manter em dia as prestações de um financiamento bancário.

Pode ser pior se... Não existir um planejamento mínimo, ainda que apenas uma planilha com projeções de receitas e despesas. Para os analistas de crédito, é melhor ter um plano simples, que preveja pelo menos os aspectos mais básicos do negócio, do que não planejar nada.

O que fazer: Elaborar um plano de negócios que inclua um estudo sobre o mercado de atuação da empresa, além de metas de expansão e prazos para atingir os objetivos traçados. Nesse planejamento, é importante deixar claro quais os investimentos que podem ser necessários para sustentar a expansão — como a abertura de filiais e a construção de fábricas e de centros de distribuição.

5- Descontrole no caixa

Além de se arriscar a ter as finanças estranguladas, muitas vezes o caixa mal administrado é um sintoma de problemas mais graves na gestão da empresa, como índices de inadimplência acima da média do mercado ou custos maiores que os dos concorrentes.

Pode ser pior se... A empresa já estiver enfrentando problemas de liquidez e atrasando as contas e o pagamento de salários.

O que fazer: Apresentar aos bancos um plano de corte de despesas com o objetivo de conter as perdas e aumentar o rigor na concessão de crédito e descontos aos clientes.

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Bancos e instituições financeiras costumam ser rigorosos com os pedidos de empréstimos e financiamentos de empresas que precisam de recursos para investir. Um dos pontos mais críticos desse tipo de análise é a avaliação dos riscos a que um negócio está exposto.

“Entender o que é capaz de atrapalhar o crescimento da empresa é uma das grandes preocupações de uma instituição financeira antes de emprestar dinheiro”, diz João Consiglio, diretor do banco Santander. “Muitas vezes, os empreendedores não fazem ideia dos riscos que correm.”

Na maioria dos casos, os bancos esperam que o empreendedor demonstre conhecer os perigos que o rondam e tenha planos para enfrentar o pior — quem está mais bem preparado quase sempre tem condições de negociar linhas de crédito com taxas de juro menores e prazos de pagamento mais longos.

Exame PME ouviu especialistas em crédito para saber quais são os principais riscos que os bancos levam em conta antes de conceder financiamento — e por que conhecê-los é importante até para quem não pretende tomar um empréstimo.

1- Dependência do empreendedor

Empreendedores que centralizam demais as decisões podem pôr a perder as perspectivas de expansão de seus negócios. Para a maioria dos bancos, pequenas e médias empresas demasiadamente dependentes da presença dos donos têm menos chance de manter uma trajetória de crescimento caso algo inesperado aconteça — como uma desavença entre sócios ou um problema de saúde que afaste seu fundador do trabalho por um longo período.

Pode ser pior se...  O dono não abrir mão nem de tomar conta das pequenas decisões cotidianas do negócio, como autorizar condições de negociação para cada cliente e fornecedor ou controlar todas as despesas com as quais a empresa precisa arcar, sem delegar tarefas a ninguém.

O que fazer: Mesmo negócios que estejam em seus estágios iniciais, quando é natural que os empreendedores se responsabilizem por quase tudo na empresa, podem ter uma avaliação de risco mais favorável caso seja possível apresentar um planejamento sobre como descentralizar o comando. Isso pode ser feito, por exemplo, apresentando um cronograma em que o dono se comprometa a contratar funcionários ou gerentes para cuidar das finanças e de outras áreas quando a empresa atingir determinado patamar de faturamento. Nos casos em que há mais de um empreendedor, outro documento importante é o acordo de acionistas, que geralmente prevê regras para solucionar conflitos e determinar o que acontece se um dos sócios quiser abandonar a sociedade.


2- Receitas concentradas em poucos clientes

É comum encontrar pequenos negócios que obtêm boa parte de suas receitas de poucos e grandes clientes. O risco nessa situação é lidar com quedas abru­­ptas nas receitas caso um deles decida comprar do concorrente ou passe por dificuldades. O empreendedor também se sujeita a pressões por descontos e prazos de pagamento excessivos.

Pode ser pior se... A empresa fechar contratos de curto prazo, o que a torna mais vulnerável aos riscos de perder um cliente importante. Deixar o comprador muito à vontade para romper o acordo — não impondo penalidades de rescisão, por exemplo — também aumenta a insegurança em torno das finanças da empresa.

O que fazer: A empresa precisa demonstrar o que está fazendo para ampliar a carteira de clientes — como planos para abertura de filiais e  a criação de equipes para prospectar novos mercados. Ao renegociar contratos, é importante tentar firmar prazos mais longos com o cliente — e estipular punições caso o comprador queira rescindir o contrato.

3- Ter poucos fornecedores

Quanto menos alternativas para comprar insumos e matérias-primas, mais vul­nerável a empresa fica a um reajuste de preços abusivo. Negócios assim também ficam sujeitos a enfrentar gargalos que podem barrar uma trajetória de expansão. Se um grande fornecedor enfrentar imprevistos, fica  mais complicado manter a produção e cumprir contratos com os clien­tes.

Pode ser pior se... A empresa tiver contratos de longo prazo com um único fornecedor, ou tiver assinado acordos garantindo exclusividade na compra de determinados componentes e matérias-primas.


O que fazer: Nos casos em que é muito difícil encontrar novos fornecedores, é possível reduzir os riscos incluindo nos contratos regras claras tanto para os reajustes de insumos e matérias-primas quanto para definir as responsabilidades caso um imprevisto interrompa o fornecimento dos materiais.

4-Crescer sem planejamento

A falta de plane­ja­mento costuma ser um indicador de uma empresa sem rumo defi­nido. Um bom plano de negócios ser­ve de guia para a expansão. Nele, são traça­das as estratégias de mer­cado e as pro­jeções de receitas e despe­sas ao longo do tempo — e é a esse do­cumento que o empreendedor deve re­correr, perio­dica­mente, para avaliar se tudo está sain­do como planejado ou se há al­gum aspecto da empresa que precisa ser revisto. Projetos inconsis­tentes sinalizam que o empreendedor não sa­be exatamente quanto o capital in­vestido numa empresa vai dar de re­torno, pondo em dúvida até sua capa­cidade de manter em dia as prestações de um financiamento bancário.

Pode ser pior se... Não existir um planejamento mínimo, ainda que apenas uma planilha com projeções de receitas e despesas. Para os analistas de crédito, é melhor ter um plano simples, que preveja pelo menos os aspectos mais básicos do negócio, do que não planejar nada.

O que fazer: Elaborar um plano de negócios que inclua um estudo sobre o mercado de atuação da empresa, além de metas de expansão e prazos para atingir os objetivos traçados. Nesse planejamento, é importante deixar claro quais os investimentos que podem ser necessários para sustentar a expansão — como a abertura de filiais e a construção de fábricas e de centros de distribuição.

5- Descontrole no caixa

Além de se arriscar a ter as finanças estranguladas, muitas vezes o caixa mal administrado é um sintoma de problemas mais graves na gestão da empresa, como índices de inadimplência acima da média do mercado ou custos maiores que os dos concorrentes.

Pode ser pior se... A empresa já estiver enfrentando problemas de liquidez e atrasando as contas e o pagamento de salários.

O que fazer: Apresentar aos bancos um plano de corte de despesas com o objetivo de conter as perdas e aumentar o rigor na concessão de crédito e descontos aos clientes.

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