Estação de ginástica da Mude no Rio de Janeiro: empresa irá instalar 70 novas unidades na cidade para atender demanda da reabertura (Heliot Bessa/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 4 de julho de 2020 às 08h00.
Última atualização em 5 de julho de 2020 às 10h59.
Fazer atividade física precisa custar caro? Marcus Moraes acredita que não. Há 18 anos, o empreendedor criou a Mude, empresa que oferece exercícios de forma gratuita para as pessoas. A companhia começou instalando estações de ginástica ao ar livre no Rio de Janeiro e hoje tem mais de 500 unidades espalhadas pelo Brasil.
A Mude adota um modelo de negócio em que grandes marcas, como Unimed, Nestlé e Santander, patrocinam o projeto de atividade física gratuita de cada cidade. Fora o patrocínio, a Mude vende espaço de publicidade em cada uma de suas estações de ginástica. No ano passado, a companhia faturou 13 milhões de reais, em um crescimento de 13% em relação a 2018.
Além dos aparelhos de uso público, a empresa oferece aulas de yoga, meditação e musculação gratuitas e abertas ao público. Em 2019, foram cerca de 400 aulas presenciais por mês nas estações do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Florianópolis. Em geral, participam de 55 a 60 alunos. Para reservar seu lugar, é preciso utilizar o aplicativo da empresa, criado em 2017.
Por causa da pandemia, a maior parte das cidades impediu o acesso às estações de ginástica coletivas da Mude. Para continuar oferecendo seus serviços, a empresa rapidamente estruturou um modelo de aulas ao vivo pelo seu aplicativo, utilizando os serviços dos 50 professores que já trabalhavam com eles. “O app quebrou a barreira física da Mude. Conseguimos atrair novos usuários e temos alunos treinando dos Estados Unidos, Portugal, França, Argentina e Canadá”, diz Moraes.
Nos últimos meses, a empresa fez oito transmissões ao vivo por dia. Apesar da menor oferta total mensal, o número de pessoas participando é maior que nas aulas presenciais. As turmas chegam a 200 ou 300 alunos, especialmente nas lives abertas no Instagram. Em geral, 25% das aulas são oferecidas na rede social e 75% no aplicativo próprio.
Com o sucesso da iniciativa, a empresa pretende continuar a oferecer o serviço digital no futuro. Apesar disso, o fundador da rede está otimista de que, conforme as cidades forem reabrindo, mais pessoas vão optar por utilizar as estações físicas da Mude. “As pessoas mais do que nunca vão precisar ir ao ar livre, estão traumatizadas, ninguém quer ir para casa ou para prédio fechado”, diz Moraes.
De olho nessa demanda, a companhia já instalou 20 novas unidades no Rio de Janeiro e planeja abrir mais 70 até o final do ano. Ao todo, irá investir 2,5 milhões de reais no projeto de expansão.
A Mude também está desenvolvendo uma tecnologia para que as aulas ganhem escala. Moraes acredita que, com um totem digital nas estações, conseguiria transmitir simultaneamente as aulas ao vivo com os professores da companhia e diminuir o custo por aluno, que hoje é de 6,50 reais, para menos de um real.
“Dessa forma, usando tecnologia, podemos oferecer atividade física em grande escala, conectando as pessoas”, diz o fundador. Apesar de não ter perdido patrocinadores, a empresa projeta repetir o mesmo faturamento de 2019 este ano, por causa da desaceleração do mercado publicitário com a crise. Atingir mais pessoas com os produtos, então, seria oportuno para garantir a continuidade do negócio.