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Por que millenials sem tempo para nada são o futuro do Enjoei

O site de compra e venda de roupas usadas e estilosas quer expandir usuários e peças. Para isso, traçou um plano adaptado às necessidades do seu público:

O escritório do Enjoei, em São Paulo: negócio quer incluir um milhão de produtos por mês na plataforma (Larissa Gomes/Enjoei/Divulgação)

O escritório do Enjoei, em São Paulo: negócio quer incluir um milhão de produtos por mês na plataforma (Larissa Gomes/Enjoei/Divulgação)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 3 de dezembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 3 de dezembro de 2017 às 08h00.

São Paulo – O casal formado pela publicitária Ana Luiza McLaren e o especialista em marketing Tiê Lima começaram seu negócio de uma forma que muitos millenials entendem bem: a vontade de se livrar de itens desnecessários e de abrir espaço na residência onde decidiram morar juntos.

Com experiência em conteúdo e internet, McLaren e Lima resolveram vender acessórios, roupas e sapatos usados (mas estilosos) por meio de um blog, no ano de 2009. Quem está por dentro do mundo das grifes da moda e acompanha as novidades de forma online provavelmente já conhece o que virou esse empreendimento: o site Enjoei.

O marketplace para comprar e vender itens descolados não se posiciona apenas por preços menores, mas principalmente como um "brechó com cara de novo". A associação com blogueiras, além de uma linguagem jovem, fizeram com que o negócio caísse no gosto de jovens antenados em marcas.

Após algum tempo fora do radar de notícias – o empreendimento evita divulgar números até hoje, pelo desinteresse em receber aportes e provocar novas concorrências no momento –, o Enjoei falou ao site de EXAME sobre como quer continuar sendo relevante.

O negócio apostará em um modelo totalmente novo de disponibilizar as peças dos usuários, chamado de Enjoei Pro. Ele foi feito pensando na atual realidade dos millenials: estabelecidos no mercado de trabalho e sem tempo para nada – inclusive para se dedicar a uma lojinha virtual no Enjoei.

De blog a marketplace e aplicativo

“A Ana escrevia uma história sobre cada item que vendia, e essa conexão com as peças virou um fator de interesse para os compradores. Os textos também eram acompanhados de boas fotos”, conta Lima sobre o começo do Enjoei, em 2009. “Esses dois pontos, que se resumem em fazer o melhor para vender algo de que você gosta, são nossos alicerces até hoje."

Três anos de blog depois, o Enjoei recebeu seu primeiro aporte de um investidor anjo – 300 mil reais do fundo brasileiro Monashees e do americano Bessemer Venture Partnets.

Tal investimento viabilizou o crescimento do negócio. O blog de McLaren e Lima pivotou para um marketplace para produtos usados, no qual outras pessoas podem vender seus acessórios, roupas e sapatos ao montar lojinhas customizadas dentro da plataforma.

O Enjoei, por sua vez, faz a moderação de todos os itens antes de serem publicados, por meio de uma curadoria de foto e descrição, e depois os coloca em um modelo de leilão online. Em troca, o Enjoei pede uma comissão de 20% sobre o valor total da transação e uma taxa administrativa de 2,15 reais.

A ideia do negócio atraiu mais aportes nos anos seguintes. O negócio recebeu novos investimentos da Monashees e do Bessemer Venture Partners, totalizando 46 milhões de reais captados.

Com o impulso, o Enjoei inaugurou também um aplicativo para smartphones, o que aumentou ainda mais seu número de compradores e vendedores: hoje, 70% das visitas ao Enjoei acontecem de forma móvel.

No momento, o Enjoei conta com 800 mil usuários vendedores e 600 mil usuários compradores. São 3 milhões de itens disponíveis na plataforma, com 150 mil transações mensais e ticket médio de 95 reais. Todo mês, mais 700 mil itens são cadastrados no Enjoei.

Para dar conta da operação, o negócio conta hoje com 100 funcionários.

O escritório do Enjoei, em São Paulo

- (Larissa Gomes/Enjoei/Divulgação)

O Enjoei Pro: para quem não tem tempo (ou disposição)

O desafio do Enjoei é continuar com tal expansão: para 2018, o objetivo é chegar a um milhão de itens cadastrados por mês, passando de 15 para 30 itens em média cadastrados por usuário no ano.

Pensando na rotina dos millenials que acessam a plataforma – com muitas tarefas e pouco tempo (e ânimo) para tocar projetos paralelos –, o Enjoei lançou há dois meses um piloto para mudar totalmente seu modo de operação: o Enjoei Pro.

Em troca de uma comissão maior, de 50% do valor da peça, a equipe do negócio vai à casa dos usuários, recolhe as peças, fotografa, publica-as na página de cada usuário no Enjoei e mantém os itens estocados. Ou seja: o único trabalho de quem vende é ter as peças disponíveis.

Essa é a principal aposta do negócio para expandir o número de usuários e peças cadastradas. O plano é que quem não vendia passará a vender, e quem já vendia irá vender mais.

O escritório do Enjoei, em São Paulo

- (Larissa Gomes/Enjoei/Divulgação)

A ideia surgiu após a aquisição de uma startup que fornecia tal serviço, mas para roupas do segmento infantil.

Depois da compra, o Enjoei decidiu consultar sua própria base. “Falamos com usuários que já tinham enviado itens e funcionários de empresas parceiras: se a gente fosse em sua casa ou seu trabalho e fizesse todo o trabalho, mesmo por uma comissão maior, você aceitaria?”, indaga Lima. "A adesão foi fenomenal."

Hoje, cerca de 2% das roupas presentes no Enjoei foram disponibilizadas por meio do Enjoei Pro, gerando 15 mil reais em vendas. O negócio possui um galpão no bairro de Pinheiros, em São Paulo, que já está com 75% da capacidade ocupada com as peças coletadas para o Enjoei Pro.

O Enjoei Pro ainda está em fase de testes com 15 mil convidados, mas expectativa é grande: a modalidade deve representar entre 20 a 25% das transações na plataforma em 2018, acrescentando 10 mil usuários por mês. É possível adotar um modelo híbrido, vendendo apenas algumas peças suas pelo Enjoei Pro.

A maioria dos custos envolvidos no Enjoei Pro está com espaço e logística, já que o marketing e as vendas se apoiam na marca estabelecida do Enjoei. “Vemos um retorno em cinco meses dessa operação, apenas com os recursos gerados por ela própria.”

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