Pesadelo de um pizzaiolo de NY no Brasil expõe burocracia
Aos 29 anos, um imigrante de NY que tem uma pizzaria no centro do Rio de Janeiro está amargurado após sua saga como aspirante a empreendedor no Brasil
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2015 às 21h54.
Sei Shiroma é, francamente, um agente minúsculo na economia de US$ 2 trilhões do Brasil.
Aos 29 anos, o imigrante de Nova York tem uma pizzaria no térreo de um antigo edifício de apartamentos perto do centro do Rio de Janeiro.
Quando lotado, o lugar tem capacidade para umas 10 pessoas.
Mas a saga de Shiroma como aspirante a empreendedor e a amargura que essa experiência instilou nele destacam um dos piores males que acometem a maior economia da América Latina .
Abrir – e depois administrar – um negócio no Brasil pode ser extremamente doloroso.
Shiroma se refere aos meses que dedicou no ano passado a supervisionar a construção e rastrear os documentos necessários para abrir o restaurante como a pior época de sua vida.
E profere uma condenação: quando expandir seus negócios, pode ir para algum lugar da Europa antes de tentar abrir outra pizzaria no Brasil.
“Ainda estou me recuperando emocionalmente”, disse Shiroma.
Embora a longa queda do Brasil na pior recessão em 25 anos tenha inúmeras causas de alto nível – da crescente dívida federal ao escândalo que está paralisando o setor petroleiro –, a incapacidade do governo para desemaranhar essa confusão burocrática também é um fator relevante que dificulta o investimento.
Essa é uma das diversas reformas que o país deixou de fazer durante os anos de prosperidade da última década, quando o aumento dos preços das commodities exportadas cobriram os buracos da economia.
Na lista “Doing Business 2015”, do Banco Mundial, o Brasil fica em 120º lugar, entre 189 países. Isso significa que ele está atrás de países como Nicarágua, Suazilândia e Líbano. Leva 103 dias abrir um negócio em São Paulo, mostra o estudo. Na Cidade do México, são seis dias. Quatro em Nova York. Obter um alvará de construção, por sua vez, pode levar 400 dias em São Paulo, mais que o quádruplo do tempo de espera na Cidade do México e em Nova York.
Preço da burocracia
Essa burocracia tem seu preço: em 2013, o investimento equivaleu a apenas 18 por cento do PIB do Brasil, a menor proporção entre as maiores economias em desenvolvimento e menos da metade do valor na China, de acordo com o Banco Mundial.
Apesar de ser muito ruim atualmente, a burocracia já foi pior. Uma reforma de 2006 possibilitou que as pequenas empresas paguem seus impostos com um único formulário.
E, embora o número de procedimentos para começar um novo negócio esteja entre os mais altos dos chamados países do G20, está ficando mais barato, e o custo agora está abaixo da média do grupo, disse a empresa de consultoria Ernst Young LLP em um relatório de 2013.
Shiroma disse que sentiu um grande alívio no dia em que deu as boas-vindas aos primeiros clientes de seu restaurante. “Gratificante é pouco”, disse ele. “Eu quase que não queria viver durante a construção”.
Sei Shiroma é, francamente, um agente minúsculo na economia de US$ 2 trilhões do Brasil.
Aos 29 anos, o imigrante de Nova York tem uma pizzaria no térreo de um antigo edifício de apartamentos perto do centro do Rio de Janeiro.
Quando lotado, o lugar tem capacidade para umas 10 pessoas.
Mas a saga de Shiroma como aspirante a empreendedor e a amargura que essa experiência instilou nele destacam um dos piores males que acometem a maior economia da América Latina .
Abrir – e depois administrar – um negócio no Brasil pode ser extremamente doloroso.
Shiroma se refere aos meses que dedicou no ano passado a supervisionar a construção e rastrear os documentos necessários para abrir o restaurante como a pior época de sua vida.
E profere uma condenação: quando expandir seus negócios, pode ir para algum lugar da Europa antes de tentar abrir outra pizzaria no Brasil.
“Ainda estou me recuperando emocionalmente”, disse Shiroma.
Embora a longa queda do Brasil na pior recessão em 25 anos tenha inúmeras causas de alto nível – da crescente dívida federal ao escândalo que está paralisando o setor petroleiro –, a incapacidade do governo para desemaranhar essa confusão burocrática também é um fator relevante que dificulta o investimento.
Essa é uma das diversas reformas que o país deixou de fazer durante os anos de prosperidade da última década, quando o aumento dos preços das commodities exportadas cobriram os buracos da economia.
Na lista “Doing Business 2015”, do Banco Mundial, o Brasil fica em 120º lugar, entre 189 países. Isso significa que ele está atrás de países como Nicarágua, Suazilândia e Líbano. Leva 103 dias abrir um negócio em São Paulo, mostra o estudo. Na Cidade do México, são seis dias. Quatro em Nova York. Obter um alvará de construção, por sua vez, pode levar 400 dias em São Paulo, mais que o quádruplo do tempo de espera na Cidade do México e em Nova York.
Preço da burocracia
Essa burocracia tem seu preço: em 2013, o investimento equivaleu a apenas 18 por cento do PIB do Brasil, a menor proporção entre as maiores economias em desenvolvimento e menos da metade do valor na China, de acordo com o Banco Mundial.
Apesar de ser muito ruim atualmente, a burocracia já foi pior. Uma reforma de 2006 possibilitou que as pequenas empresas paguem seus impostos com um único formulário.
E, embora o número de procedimentos para começar um novo negócio esteja entre os mais altos dos chamados países do G20, está ficando mais barato, e o custo agora está abaixo da média do grupo, disse a empresa de consultoria Ernst Young LLP em um relatório de 2013.
Shiroma disse que sentiu um grande alívio no dia em que deu as boas-vindas aos primeiros clientes de seu restaurante. “Gratificante é pouco”, disse ele. “Eu quase que não queria viver durante a construção”.