Carro autônomo da Lyft: ela será o centro das atenções como um teste decisivo para investidores em bolsa e seu apetite por empresas de tecnologia ainda no vermelho (Lyft/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 4 de abril de 2019 às 11h00.
Última atualização em 4 de abril de 2019 às 11h00.
Unicórnios de tecnologia ganharam impulso com a oferta inicial de ações da Lyft, avaliada em US$ 22,4 bilhões após o primeiro dia de negociação.
A segunda maior empresa de transporte compartilhado dos Estados Unidos elevou a meta para a faixa de preço e aumentou a oferta, que levantou US$ 2,34 bilhões.
“Houve quem achasse que os mercados privados estavam avaliando algumas dessas empresas com um preço muito alto. Parece uma evidência preliminar de que não é o caso,” disse Barrett Daniels, sócio da Deloitte e especialista em IPOs.
Não há dúvida de que o mercado continuará questionando se as avaliações privadas dos unicórnios - startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão - estarão desajustadas em relação ao valor dessas empresas quando abrirem o capital.
Algumas delas, como o Dropbox, esperaram anos para crescerem com avaliações privadas ambiciosas e mais ou menos manter seu valor depois de negociadas nos mercados de ações. Outras, principalmente a Snap, subiram muito na bolsa e caíram, e depois se desvalorizaram um pouco mais.
Mas o rebanho de unicórnios com planos de seguir os passos da Lyft, avaliada em US$ 15,1 bilhões em sua última rodada de financiamento, pode ter certeza de que os investidores do mercado de ações não acham que seus predecessores privados estejam se iludindo. A Uber Technologies talvez estivesse observando a oferta da Lyft mais de perto. A empresa espera apresentar seu pedido de IPO em abril, dando largada à uma oferta que poderia avaliar a empresa em até US$ 120 bilhões, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
Outras empresas que planejam IPOs antes do fim do ano - Pinterest e Slack Technologies são alguns exemplos - também ficarão de olho no sucesso da Lyft, especialmente depois da paralisação do governo federal ter esfriado as ofertas iniciais de ações nos EUA no início do ano.
A Lyft, com sede em São Francisco, vendeu 32,5 milhões de ações por US$ 72 cada, após a oferta inicial de 30,8 milhões de ações, na faixa entre US$ 62 e US$ 68 por ação. A empresa elevou a faixa de preço para US$ 70 a US$ 72 no dia anterior à precificação do IPO.
Depois que os co-fundadores da Lyft, Logan Green e John Zimmer, tocaram o sino de de abertura da Nasdaq em um centro de motoristas em Los Angeles, as ações levaram mais de duas horas para serem negociadas. Zimmer disse que a empresa decidiu abrir mão da tradicional cerimônia de abertura no pregão da bolsa para estar ao lado dos motoristas da empresa.
"Queremos deixar claro que é possível investir tanto em comunidades quanto em grandes negócios", disse Zimmer em entrevista à Bloomberg Television. “É divertido tocar o sino com vários membros da nossa comunidade de motoristas.”
Sendo o primeiro IPO de uma gigante de tecnologia dos EUA do ano, a Lyft será o centro das atenções como um teste decisivo para investidores em bolsa e seu apetite por empresas de tecnologia ainda no vermelho.
Em seu prospecto para o IPO enviado à SEC, a Lyft informou que teve prejuízo de US$ 911 milhões e receita de US$ 2,2 bilhões em 2018, em comparação com o prejuízo de US$ 688 milhões e receita de US$ 1,1 bilhão no ano anterior.