Na porta do gol
A paulistana Futebol Tour,que organiza caravanas a estádios, colhe 60% das receitas com grandes empresas que enviam seus funcionários para torcer
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2011 às 16h08.
O Brasil é o país do futebol. Mas um turista desavisado que queira viver a experiência de assistir a um clássico como Corinthians x Palmeiras em São Paulo enfrentará problemas logísticos para chegar ao estádio — além de se expor a sérios riscos, caso os ânimos das torcidas se exaltem. Os dentistas Luis Fernando Dias e Guilherme Figueiredo, ambos de 33 anos, enxergaram uma oportunidade de negócio nesse desconforto. Há dois anos e meio, fundaram a paulistana Futebol Tour, empresa que faturou 900.000 reais em 2010 levando torcedores a estádios de futebol — principalmente turistas — com pacotes que incluem ingresso, acompanhamento de guia, transporte, tour pelo estádio e bebidas.
Como a experiência de torcer não se limita aos 90 minutos da partida, a Futebol Tour também oferece visitas monitoradas a estádios nos horários em que não há jogos nem treinamentos. A primeira parceria foi com o Palmeiras. Batizado de Palestra Tour, o projeto fez das visitas monitoradas uma fonte de receita para as duas partes — clube e empresa. "Em seis meses levamos 20.000 pessoas para conhecer o Palestra Itália", diz Figueiredo. A Ponte Preta, de Campinas, também fechou acordo semelhante.
A empresa ainda organiza eventos, como partidas amadoras entre apaixonados por futebol e encontro com jogadores nos clubes. Os serviços chamaram a atenção de empresas como AmBev e Unidas Rent a Car, que fecharam pacotes para funcionários e clientes. "As grandes empresas já representam 60% da receita", afirma Figueiredo. Outro passo foi dado fora de São Paulo. "Começamos uma operação em Salvador e vamos abrir um escritório no Rio de Janeiro no próximo ano", afirma Dias.
Entre tantos caminhos possíveis para o crescimento, qual deveria ser a prioridade da Futebol Tour? Exame PME ouviu Ricardo Buckup, sócio da B2, agência de marketing promocional e eventos que atende grandes empresas, e Edgar Diniz, sócio do Esporte Interativo, canal de TV que transmite eventos esportivos de todo o mundo. Veja o que eles disseram.
Próximos Passos
Edgar Diniz
Esporte Interativo— Rio de Janeiro, RJ
Canal de televisão esportivo
Faturamento: 60 milhões de reais (em 2010)
Ampliar as parcerias com os clubes
• Perspectivas: Os times buscam novas fontes de receita, pois os meios tradicionais têm sido insuficientes para cobrir salários e manutenção dos estádios. A Futebol Tour pode mostrar aos clubes que é capaz de ajudá-los a enfrentar o problema.
• Oportunidades: Quanto mais Dias e Figueiredo conseguirem oferecer serviços rentáveis aos clubes, mais a Futebol Tour vai ganhar visibilidade. Uma oportunidade é oferecer serviços em camarotes de estádios de futebol. A empresa pode aproveitar sua estrutura para criar pacotes que incluam ações de entretenimento, como almoços e encontros com jogadores nos camarotes.
• O que fazer: Celebrar parcerias com mais clubes e obter contratos de exclusividade para visitas monitoradas a estádios, como já é feito com o Palmeiras e a Ponte Preta. É melhor começar pelos estados de São Paulo e Bahia, onde já há escritórios da Futebol Tour.
Ricardo Buckup
B2 — São Paulo, SP
Agência de marketing promocional e organizadora de eventos
Faturamento: 35 milhões de reais (em 2010)
Futebol é bom para fazer marketing
• Perspectivas: Minha experiência na B2 mostra que as empresas estão fazendo cada vez mais eventos e sugere que a Futebol Tour poderia investir mais nesse mercado. Dados da Associação de Marketing Promocional, que reúne companhias do setor, apontam que 40% da verba de comunicação em grandes empresas é destinada a ações com clientes e funcionários.
• Oportunidades: Ações de marketing relacionadas ao esporte são atrativas para todo tipo de cliente. Os serviços oferecidos pela Futebol Tour poderiam ser ferramentas de marketing para muitas marcas, principalmente aquelas que têm relação direta com o público
interessado em esporte.
• O que fazer: Um caminho que me parece promissor é separar os serviços oferecidos em pacotes, com descontos proporcionais ao aumento de participantes, o que deve ajudar a atrair empresas de todos os setores.