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Fundo do co-fundador do Skype mira o Brasil

Atomico está investindo em startups brasileiras e ajudando outras empresas a se instalarem no país

Niklas Zennström, CEO do fundo britânico Atomico,  (Divulgação)

Niklas Zennström, CEO do fundo britânico Atomico, (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 16 de maio de 2012 às 10h28.

São Paulo – Niklas Zennström, CEO do fundo britânico Atomico, tem um passado empreendedor de dar inveja. Zennström fundou o Kazaa, o software mais baixado do mundo até 2003. Em seguida, ajudou a criar o Skype, que mudou a forma como as pessoas se comunicam à distância. A empresa foi vendida para o e-Bay, recomprada pelo próprio Zennström e, finalmente, comprada pela Microsoft por 8,5 bilhões de dólares no ano passado.

A esta altura, muitos escolheriam se aposentar e curtir a vida. Zennström, no entanto, voltou ao universo empreendedor como investidor. Ele criou, em 2006, o fundo de investimento Atomico e viaja o mundo procurando startups, empreendedores e novas tecnologias.

Baseado em Londres, o fundo já investiu em 50 empresas e tem escritórios em diversos locais, como Pequim, Istambul e São Paulo. “O Brasil era um dos mercados de maior crescimento para o Skype. Descobrimos que os consumidores aqui são curiosos por novos serviços e se adaptam bem”, diz Zennström, em encontro com a imprensa nesta manhã.

Segundo ele, trazer o Atomico para o Brasil serviria, a princípio, para auxiliar startups a entrarem no mercado brasileiro. “Depois que chegamos aqui, vimos muitas oportunidades nos empreendedores brasileiros”, conta. O interesse, para variar, está na economia brasileira crescente e sedutora se comparada com a da Europa, por exemplo. “O Brasil é um local interessante porque o mercado e a economia estão crescendo muito rápido.”

No Brasil, o Atomico continua buscando novas startups para investir - em especial, as empresas envolvidas com redes sociais. Até agora, anunciou dois investimentos: um aporte de 2,9 milhões de dólares no Bebê Store, site de produtos para crianças e gestantes, e outro de 8,7 milhões de dólares na empresa do interior paulista Connect Parts (antes chamada Dakota Parts), um e-commerce especializado em peças e acessórios para carros. “Nós triplicamos a empresa em menos de seis meses”, afirma Leonardo Gomide Simão, um dos fundadores da Bebê Store.

Na América Latina, o Atomico já investiu também no site de reservas de restaurante argentino Restorando, na rede social de recomendação de filmes também argentina Cinefis e no site de delivery de restaurantes uruguaio PedidosJá. Todos estão se estruturando no Brasil.


Hoje, três quartos das empresas investidas pelo Atomico estão fora dos Estados Unidos, como é o caso da finlandesa Rovio, criadora do game Angry Birds, e da mais recente Wrapp, sediada em Estocolmo, na Suécia.

Presentes online
A Wrapp é uma startup de distribuição de vale-presente online ou “social-gifting”. “Estamos digitalizando um dos comportamentos mais naturais do ser humano que é dar presentes aos amigos”, explica Carl Fritjofsson, co-fundador e COO da empresa. Ainda cheio de mistérios, o lançamento no mercado brasileiro deve acontecer simultaneamente com vários outros países, como Japão, Alemanha, França e Austrália, mas não tem uma data marcada.

A plataforma funciona através de redes sociais e smartphones e tem um modelo freemium, em que os usuários podem enviar vales gratuitos para os amigos. Segundo Fritjofsson, a grande vantagem para o varejista é atingir um público específico e garantir a ida do cliente até a loja física. A empresa ainda não fechou contratos com redes brasileiras. Em outros países, já fez parcerias com empresas como Sephora, GAP e H&M.

Novos empreendedores
Para Zennström, empreendedores são pessoas altamente talentosas e que têm motivação para fazer uma empresa sair do papel. “Há países em que há mais estímulo para empreender, principalmente jovens interessados em construir um futuro. É o caso do Brasil”, afirma.

Segundo ele, o alinhamento das expectativas entre empreendedores e investidores é essencial para o sucesso. “Se você é um investidor, você quer ter seu retorno. Os empreendedores, muitas vezes, não pensam nas vendas. Pensam em mudar o mundo”, diz. O conselho de Zennström para criar uma empresa é conduzir uma mudança, deixar uma marca e criar algo sustentável.

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