São Paulo – Um movimento que começou nos anos 1980 está voltando a ganhar força. Cada vez mais, pequenas e médias indústrias têm escolhido o sistema de franquias para ter uma aproximação maior com os consumidores. “A força de negociação deixou de ser da indústria e migrou para o varejo, deixou de ser de quem produz para ser de quem tem o contato com o cliente final”, diz Luis Henrique Stockler, sócio-diretor da consultoria de varejo e franquias ba}STOCKLER. O movimento que começou forte principalmente no setor de vestuário já atinge áreas como cosméticos e móveis. “No mínimo metade do mundo de franquias tem indústria por trás procurando essa proximidade com o consumidor final e um canal forte de venda”, afirma Stockler. As empresas estão mais preocupadas em ter uma cara no mercado, de preferência com vitrine e loja em shopping center. “Essas empresas buscam oferecer uma experiência de consumo mais completa aos seus clientes e encontram no modelo de franquias uma ótima maneira de fazer isso”, complementa Marcelo Cherto, presidente do Grupo Cherto. Aos novos franqueados, uma das vantagens de escolher franquias que são indústrias é poder contar com marcas já consolidadas. “Representar uma marca conhecida e ter o suporte de uma indústria forte são as principais vantagens de investir em uma franquia que vem da indústria”, afirma Cherto. É preciso, no entanto, ter cuidado ao escolher a região e evitar problemas com outros revendedores. “A única desvantagem para o franqueado pode ser a competição com outros canais de venda que comercializam o mesmo produto. Antes de investir em qualquer tipo de franquia, convém saber mais sobre as pessoas que estão à frente do negócio”, ensina Cherto. 

Lançada em março deste ano, a franquia da Casa Brasileira é uma iniciativa do grupo Unicasa, que já fabrica móveis de marcas como Dell Anno e Favorita. Com móveis menores, a marca pesquisou o Brasil para desenvolver formatos. Hoje, o investimento inicial no negócio é de 150 mil reais, com exigência de 100 metros quadrados para instalação. 

A rede de vestuário vê o canal de franquias como um “grande aliado para escoar os produtos fabricados”. No mercado há 25 anos, a marca espera chegar a 2 milhões de itens vendidos no próximo ano, movimentando 150 milhões de reais. O investimento inicial é de 400 mil reais.

Crida há 20 anos, a Couro & Cia virou franquia em 2005. Com 15 unidades em operação, a marca fabrica suas peças em Fortaleza, no Ceará, e calcula produção de 12 mil itens por mês. “Acredito em dois fatores que foram decisivos para a escolha do franchising: velocidade e investimento reduzido”, explica Bruno Aguiar, diretor de franquias da marca. O valor de investimento em uma unidade é de 230 mil reais, com retorno em até 36 meses. 

Criada em 1990, a marca de dermocosméticos virou franquia em 1995. De lá para cá, já abriu mais de 37 lojas. Com investimento inicial de 150 mil reais, a rede exige 30 metros quadrados de espaço para lojas e cobra 32 mil reais de taxa de franquia. 

No mercado há 46 anos, a Hope decidiu virar franquia há sete anos. Nesse período, inaugurou 115 lojas, inclusive no exterior, em países como Portugal e Argentina. O investimento calculado pela marca é de 350 mil reais, com necessidade de 100 mil reais para capital de giro. O faturamento pode ultrapassar os 115 mil reais. 

A marca Mahogany ficou quase 15 anos no mercado como indústria. Em 2006, resolveu expandir com franquias e hoje tem mais de 150 lojas e quiosques. O investimento em uma unidade da marca varia conforme o formato e vai de 80 mil a 300 mil reais. 

Depois de 60 anos no mercado, a rede de malas Primicia se rendeu ao franchising. Antes, os produtos eram encontrados em multimarcas. Em 2012, abriu 10 lojas próprias para testar o formato e agora se prepara para expansão. O investimento total é de 395 mil reais. O faturamento estimado é de 120 mil reais, com rentabilidade entre 10% e 14%. 

Há 47 anos no mercado, a fabricante de calçados e acessórios Raphaella Booz também resolveu usar seu conhecimento do setor para se aproximar dos consumidores. As primeiras franquias foram abertas em 2007. O investimento calculado para começar o negócio é de 390 mil reais. 

Aberta em 1952, a fabricante de roupas para bebê virou franquia só em 2008. De lá para cá, já inaugurou 86 lojas, sendo seis próprias. Com investimento a partir de 365 mil reais, a empresa monta lojas de 40 metros quadrados, com previsão de retorno em 36 meses. O faturamento médio por unidade é de 80 mil reais. 

Com 120 unidades, a VestCasa virou franquia depois de um ano de atuação no mercado. A rede espera somar 400 lojas até 2015 e calcula que 70% de sua produção seja destinada às unidades franqueadas. O investimento inicial é de 150 mil reais.