Fortaleza lança camisa oficial mais barata para ser vendida por camelôs
Clube repaginou a camisa para lançar uma versão popular, vendida por ambulantes na porta do estádio a 59,90 reais -- ante 225 reais do modelo tradicional
Carolina Riveira
Publicado em 29 de outubro de 2019 às 13h39.
Última atualização em 30 de julho de 2020 às 14h26.
Em vez de pagar 225 reais por uma camisa oficial do Fortaleza Esporte Clube, o torcedor do clube poderá a partir de agora pagar 59,90 reais.
A diferença não diz respeito a uma promoção específica, mas a uma nova linha de produtos voltada a atingir mais torcedores. O Fortaleza vai lançar no próximo sábado 2 o projeto de sua camisa popular, que foi remodelada para ser mais barata. O uniforme será vendido por ambulantes na porta de seu estádio, a Arena Castelão, com o comércio feito por cerca de 15 ambulantes parceiros.
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, afirma que o objetivo é atender à parcela da torcida que não pode pagar pelo modelo tradicional. A camisa oficial principal custa 225 reais (com 10% de desconto para sócio torcedor).
As novas camisas serão revendidas aos ambulantes a preço de fábrica. Os vendedores foram cadastrados junto ao Fortaleza e estarão identificados como revendedores oficiais. Paz afirma que o objetivo por ora não é vender a camisa nas lojas oficiais.
Na compra da camisa popular, quem entregar sua camisa pirata receberá 10 reais de desconto, de modo que a camisa oficial sai por 49,90 reais.
Cerca de 4.500 unidades foram fabricadas, e Paz afirma que uma nova leva pode ser comercializada em 2020, a depender da recepção dos torcedores. "Talvez possamos ir para o interior do estado, onde há muita camisa pirata e torcedores que gostariam de ter o produto original, mas não podem pagar", diz o presidente do clube.
Projeções apontam que mais de um terço das vendas de produtos relacionados ao futebol no Brasil são piratas. Com a maioria das camisas de clubes de futebol custando mais de 200 reais (mais de 20% do salário mínimo), os produtos são um alvo fácil para a pirataria.
Uma pesquisa sobre pirataria entre os consumidores brasileiros da Fecomércio, de 2017, mostra que 75% dos brasileiros que compram produtos piratas são das classes C, D e E, e que a maior parte deles está nas regiões Sudeste (46%) e Nordeste (29%), justamente a casa do Fortaleza. As roupas (incluindo camisas esportivas) são o terceiro item pirata mais consumido, e 97% dos consumidores afirmaram que compraram produtos não-oficiais em busca de preços mais em conta.
Fabricação caseira
O projeto da camisa popular começou a ser pensado em janeiro deste ano, sendo um dos pontos presentes no planejamento estratégico do clube para 2019. A camisa popular faz parte de um trabalho do Fortaleza com sua marca própria de material esportivo, criada há três anos e batizada de Leão 1918 -- fazendo referência ao ano de fundação do clube cearense.
É mais comum que times tenham fornecedores externos de material esportivo, com parcerias com grandes empresas como Nike e Adidas, mas os produtos do Fortaleza são feitos pelo designer Bruno Bayma, funcionário do clube. Clubes como Bahia, Paysandu, Coritiba e Santa Cruz também têm marcas próprias.
No modelo popular, foram feitos ajustes para baratear a produção, com menos detalhes no símbolo, por exemplo. A camisa principal tem o símbolo bordado, ao contrário do novo modelo, e tem mais estrelas representando conquistas do clube, como a Copa do Nordeste de 2019. A estrela de uma das maiores conquistas do Fortaleza até aqui, o Campeonato Brasileiro da Série B de 2018, permanece na camisa popular. "São detalhes bonitos mas que encarecem a produção, então a gente retirou para conseguir vender a camisa a um preço acessível", diz Paz.
O Fortaleza espera faturar 10 milhões de reais em 2019 com seu braço de vestuário. Se atingida a projeção, será uma alta de mais de 66% em relação a 2018, quando faturou 6 milhões de reais com as camisas.
No ano passado, ainda disputando a série B do Campeonato Brasileiro, o faturamento total do clube foi de 51 milhões de reais, segundo suas demonstrações contábeis. O Ceará, que teve o menor faturamento da série A em 2018, faturou 64,8 milhões de reais, seguido por Chapecoense, com 80,1 milhões de reais, e Goiás, com 80,8 milhões. Neste ano, tendo subido para a série A, a receita do Fortaleza deve ser maior.
Faltando dez rodadas para o fim do campeonato, o Fortaleza está três pontos acima da zona de rebaixamento. Se, além de engordar o caixa, as novas camisas trouxerem sorte no Brasileiro, Paz e os torcedores do clube não hão de reclamar.