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Esta startup desenvolve bactérias para melhorar a nutrição animal

Fundador da YLive explica que probióticos para animais são genéricos e que trabalho da empresa de biotecnologia é personalizar bactérias para cada espécie

Gado: experiência da startup com gado leiteiro aumentou a produção de leite em 5% (Tony C French/Exame)
BC

Beatriz Correia

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 20h32.

Última atualização em 3 de outubro de 2019 às 20h37.

Já presentes na dieta humana em produtos como iogurtes, queijos e leite fermentado, os probióticos também têm sido usados como suplemento na ração animal com a promessa de melhorar o crescimento, a saúde e até mesmo aumentar o desempenho de animais de produção. O problema, porém, é que esses microrganismos benéficos à saúde ( bactérias ) aplicados hoje em nutrição animal são muito genéricos, aponta Natanael Pinheiro Leitão Júnior, fundador da startup de biotecnologia YLive.

“O mesmo probiótico presente na ração canina hoje é usado para suplementar a ração de bezerros, por exemplo. Obviamente que a eficiência desses microrganismos não será a mesma nessas diferentes espécies”, afirmou.

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A fim de formular probióticos mais segmentados para nutrição animal, a empresa desenvolveu, por meio de um projeto apoiado pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), uma tecnologia para seleção de microrganismos capazes de induzir os melhores ganhos de saúde e produtividade para cada tipo de animal a partir da análise de sua microbiota – o conjunto de microrganismos presentes no trato intestinal.

Os resultados das análises genéticas dos microrganismos encontrados no sistema digestivo dos animais são correlacionados com, aproximadamente, 50 parâmetros de saúde e desempenho, como produção e composição do leite.

“Os microrganismos que se correlacionarem com os melhores parâmetros de saúde e desempenho são adicionados na formulação de um novo probiótico específico para um determinado tipo de animal, mais eficiente do que os disponíveis no mercado”, explicou Natanael.

Por meio da plataforma tecnológica, os pesquisadores da empresa desenvolveram um probiótico especificamente para gado leiteiro criado no Brasil.

Testes em fazendas experimentais mostraram que a adição do novo probiótico na ração do rebanho induziu um aumento de 5% na produção de leite após 45 dias de suplementação, afirmou o pesquisador.

“Esse resultado é muito semelhante ao obtido com a aplicação dos principais antibióticos usados hoje na pecuária leiteira, como a monensina sódica e a virginiamicina, com as vantagens de ser um produto natural e não deixar vestígios no leite e na carne do animal”, disse.

A empresa, incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), no campus da Universidade de São Paulo (USP) na capital, está à procura de parceiros nas indústrias de ração animal e de insumos veterinários interessados em testar o produto. “Nossa ideia é vender o produto diretamente para essas indústrias e não ser um fornecedor direto para os agropecuaristas.”

Mudança de plano de negócios

A YLive foi uma das startups participantes da quinta edição do programa de treinamento Leaders in Innovation Fellowships Programme (LIF).

Oferecido pela Royal Academy of Engineering (RAE), com apoio do Fundo Newton, o programa, criado há cinco anos, tem o objetivo de capacitar pesquisadores em países em desenvolvimento a empreender e comercializar as tecnologias que desenvolvem.

A iniciativa é destinada a pesquisadores de países parceiros da RAE que estão em processo de desenvolvimento de um plano de negócios para sua inovação.

Os pesquisadores selecionados participam de um período de treinamento imersivo no Reino Unido, em que têm acesso a mentores especializados e oportunidades de networking internacional.

A curto prazo, eles desenvolvem, com o apoio do programa, um plano de comercialização para sua inovação. A longo prazo, têm acesso a uma rede internacional de inovadores e mentores para levar adiante seu plano de negócios.

No período de 2018 a 2019, 16 países, entre eles o Brasil, participam do programa. No Brasil, a FAPESP é a responsável pela seleção dos participantes.

“Aproximadamente 70 pesquisadores com projetos na Fase 1 [de demonstração de viabilidade técnica] do PIPE já participaram do treinamento. Agora, estamos na fase de seleção dos participantes da próxima edição, que será em novembro no Reino Unido”, disse Patricia Tedeschi, gerente da área de Pesquisa para Inovação da FAPESP.

Em setembro, participantes de edições anteriores se reuniram, na FAPESP, em uma etapa de continuação do treinamento, em que foram avaliados os progressos e os novos desafios no desenvolvimento do plano de negócios com os quais as empresas participantes têm se deparado.

“A participação no programa permitiu mudar nosso foco de mercado. Originalmente, nossa ideia era desenvolver um produto para o segmento de gado leiteiro, mas percebemos, por meio do treinamento, que a nossa tecnologia poderia ser usada para desenvolver probióticos para diversos outros segmentos, como o de aves e gado de corte”, avaliou Natanael.

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