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De olho em taxas, empreendedor cria “iFood da periferia”

Kawel Lotti criou o Ceofood pensando em estabelecimentos de cidades afastadas das metrópoles, que preferem ver um valor fixo ao fazer as contas

Kawel Lotti, do Ceofood: aplicativo focou em pequenos estabelecimentos de cidades pequenas e afastadas das grandes metrópoles (Ceofood/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 28 de dezembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 28 de dezembro de 2018 às 06h00.

São Paulo - Oportunidades de negócio valiosas podem se esconder em nichos que as gigantes não olham com muita atenção. Essa é a crença do empreendedor Kawel Lotti, que decidiu olhar para onde grandes empresas de delivery não costumam: pequenos estabelecimentos em pequenas cidades.

O Ceofood, espécie de “ iFood da periferia”, já atende mais de 4.000 estabelecimentos em dez estados. Neste ano, o negócio faturou 1,2 milhão de reais - e a projeção é triplicar tais ganhos em 2019.

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Ideia de negócio

Lotti acumulou 15 anos de experiência no mercado corporativo e chegou a ser gerente regional da Vivo/Telefônica no estado de São Paulo. Ele sempre foi responsável pelo atendimento a pequenas e médias empresas e queria ter seu próprio negócio.

Foi então que olhou para as dificuldades desses empreendimentos na hora de montar uma operação de delivery de comida. Os apps mais famosos para isso, como o iFood, cobram uma porcentagem dos estabelecimentos e podem demorar até 40 dias para repassar o valor dos pedidos realizados pela plataforma, diz Lotti. Tal porcentagem varia de 10 a 30% sobre cada encomenda.

No lugar, o empreendedor resolveu criar um aplicativo, chamado Ceofood, que cobrasse uma mensalidade fixa dos restaurantes . Os planos vão de 99 a 199 reais, dependendo do tamanho da operação. Todo o dinheiro dos pedidos feitos fica com o dono do estabelecimento.

“Por se monetizarem por meio de porcentagem, os grandes aplicativos olham para locais com grande volume de pedidos. Como cobramos uma taxa fixa, não nos importamos com o porte do negócio”, defende o empreendedor.

Com esse modelo de negócio, o Ceofood focou em pequenos estabelecimentos de cidades pequenas e afastadas das grandes metrópoles. Cada local, hoje, faz 25 entregas por mês - com um ou dois pedidos, já é possível pagar a mensalidade cobrada pelo Ceofood. O aplicativo incentiva que os estabelecimentos deem cupons de desconto para aumentarem sua presença.

Para convencer o pequeno empreendedor, Lotti melhorou sua oferta por meio de um painel de administração embutido no próprio aplicativo. Com o recurso, além de ter um novo canal de vendas, o dono do negócio pode substituir seu bloquinho de papel por notas fiscais eletrônicas.

Além disso, o Ceofood aposta em levar tecnologia aos estabelecimentos, como a possibilidade de fazer pedidos ao scanear QR Codes diretamente na mesa. “Poucas pessoas usam, mas a ferramenta serve para chamar a atenção ao nosso serviço”, diz Lotti.

Crescimento

O Ceofood começou a operar em novembro de 2017. Hoje, atua em 4.252 açougues, mercadinhos e restaurantes espalhados por 65 cidades de dez estados brasileiros. Algumas das regiões mais atendidas pelo serviço são Itu, Jundiaí e São José do Rio Preto (São Paulo).

Essa expansão se deu por meio de um modelo de franqueamento regional, iniciado em março deste ano. Cada franqueado é responsável por angariar clientes em sua região, formando relacionamento com os microempreendedores individuais ou pequenas empresas que podem usar o Ceofood. “O maior diferencial nosso, além do esquema de cobrança, é termos esse atendimento presencial e pessoal”, diz Lotti. Hoje há 84 franqueados, mas o empreendedor espera chegar a 200 franquias até o fim do próximo ano.

O Ceofood faturou 1,2 milhão de reais neste ano. Para 2019, pretende triplicar seu faturamento e chegar a 15 mil estabelecimentos atendidos. Os ganhos não pequenos diante das gigantes de delivery. mas Lotti acredita ter cravado sua presença - e, de agora em diante, ela só tende a aumentar.

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