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Da agricultura ao atendimento, Bradesco reforça investimento em startups

InovaBra Ventures, programa de corporate venture do banco Bradesco, aportou nas startups Agrosmart e Direct One

Habitat, espaço de coworking para startups do Bradesco: banco já investiu em sete startups pelo braço de corporate venture (Egberto Nogueira/Bradesco/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 28 de agosto de 2019 às 10h12.

O corporate venture, investimentos em startups feitos por grandes empresas, é bem menos presente do que iniciativas mais simples de inovação. Mas esse tipo de relação com pequenos negócios escaláveis e inovadores está ganhando mais força. Apenas nesta semana, o banco Bradesco realizou investimentos em duas startups por meio do braço de investimento corporativo InovaBra Ventures.

A Agrosmart, que usa ciência de dados para recomendar colheita, irrigação, plantio e alertas preditivos de doenças na lavoura, recebeu um aporte série A de 22 milhões de reais do InovaBra Ventures e também do corporate venture da fabricante Positivo Tecnologia.

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A Agrosmart foi fundada em 2014 pelos empreendedores Mariana Vasconcelos, Raphael Pizzi e Thales Nicoleti e já havia participado do programa de inovação aberta InovaBra Startups.

Os recursos serão usados para novos produtos e para expansão internacional. A startup investirá em seguros agrícolas e aprofundará sua solução de previsão de doenças na lavoura antes mesmo que elas aconteçam, por exemplo. A Agrosmart já tem clientes na América do Sul, Estados Unidos e Israel.

A agtech afirma produzir economias de até 60% de água e 20% de energia combinando a experiência em agricultura e clima com tecnologias para conectividade (internet das coisas) e inteligência artificial. A startup atende gigantes de agricultura como Syngenta, Raízen e Cargill e empresas como a Coca Cola, de alimentos e bebidas. Nos Estados Unidos, a Agrosmart atende a química Dow Dupont, que usou a plataforma tecnológica brasileira para validar novas variedades genéticas monitorando diferentes microclimas.

"Somos uma das únicas empresas do setor com um time multidisciplinar capaz de digerir problemas tão complexos como os apresentados pela agricultura tropical em meio a mudanças climáticas", afirmou Vasconcelos em um comunicado sobre o aporte. Entre 2016 e 2018, a Agrosmart recebeu aportes das aceleradoras Baita, Thrive e do fundo SP Ventures.

Thales Nicoleti, Mariana Vasconcelos, e Raphael Pizzi (AgroSmart/Divulgação)

Já a Direct One, que automatiza o relacionamento entre grandes empresas e consumidores em diversos canais de atendimento, recebeu um série A de 15 milhões de reais coordenado apenas pelo InovaBra Ventures.

A startup usará os recursos para escalar suas operações e melhorar sua plataforma de comunicação, que funciona como um agregador de e-mails, mensagens de WhatsApp, pushes e voz, por exemplo. O desenvolvimento incluirá aportes em tecnologias como blockchain (para validade jurídica) e machine learning (para análise de dados coletados).

Criada em 2012, a Direct One processa mais de um bilhão de eventos, ou contatos do consumidor com a empresa, mensalmente. No próximo ano, espera que o volume aumente 10 vezes, impulsionado por uma expansão pela América Latina.

“As‌ ‌grandes empresas‌ ‌precisam‌ ‌engajar‌ ‌milhões‌ ‌de‌ ‌clientes‌, ‌que‌ ‌geram‌ ‌bilhões‌ ‌de interações‌”, afirma o fundador Fernando Steler.‌ ‌”Gerenciar‌ ‌os‌ ‌pontos‌ ‌de‌ ‌contato em ‌múltiplos‌ ‌canais‌ ‌de‌ ‌cada‌ ‌cliente‌, ‌e‌ ainda mais ‌de‌ ‌forma personalizada,‌ ‌tende‌ ‌a‌ ‌ficar‌ ‌cada‌ ‌dia‌ ‌mais‌ ‌complexo.”

Fernando Wosniak Steler, da Direct One (Direct One/Divulgação)

Corporate venture

Lançado em meados de 2017, o Inovabra Ventures já realizou investimentos em sete empresas. De‌ ‌acordo‌ ‌com‌ Rafael Padilha ,‌ diretor do Bradesco Private Equity e Inovabra Ventures, ‌existe uma‌ ‌nova‌ ‌percepção‌ interna ‌sobre‌ ‌o‌ ‌potencial‌ ‌das‌ ‌‌startups‌. E que investir pode ser melhor do que adquirir a startup, prática antigamente mais comum quando se falava da relação entre grandes corporações e pequenos negócios escaláveis e inovadores.

“O ‌ecossistema‌ ‌de‌ ‌‌startups‌ ‌‌ respira‌ ‌co-inovação‌ ‌e‌ ‌co-investimento.‌ ‌Fazemos‌ ‌aportes‌ ‌minoritários‌ ‌e‌ ‌com‌ ‌pouca‌ ‌influência‌ ‌na‌ ‌gestão, no formato de venture capital tradicional”, ‌afirma. ‌As áreas de interesse para investimento do InovaBra Ventures incluem algoritmos; analytics e big data; blockchain e infraestrutura; inteligência artificial; plataformas digitais e marketplaces.

De acordo com a empresa de análises CB Insights, o investimento vindo de corporate venture aumentar 47% em 2018 sobre 2017. Foram 53 bilhões de dólares, distribuídos em 2.740 acordos. O fundo mais ativo é o Baidu Ventures, da gigante de tecnologia chinesa, seguido pelos corporate venture M12 (da Microsoft) e GV (do Google).

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