Negócios para consumidores em turma
A americana Kelly McDonald mostra que há muitas oportunidades de negócios para quem descobrir os desejos de diferentes grupos de pessoas - e souber se comunicar com elas
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2012 às 05h00.
Não é de hoje que a conquista de novos clientes está entre as prioridades de empreendedores com ambições de expansão. Mas como lidar com a crescente divisão do mercado em tribos, comunidades e gerações de perfis diferentes — e cada um com expectativas próprias ao se relacionar com as empresas e suas marcas?
Em How to Market to People Not Like You ("Como vender para quem não é como você", sem previsão de publicação no Brasil), a americana Kelly McDonald procura trazer uma luz a quem está tentando compreender essa diversidade. "Não é fácil descobrir como atrair pessoas com características diferentes umas das outras", escreve.
Kelly tem uma agência de marketing que, na última década, ajudou empresas como Coca-Cola e Nissan a desbravar mercados emergentes nos Estados Unidos. Essas marcas miraram, por exemplo, as famílias de origem hispânica ou o público negro, cujo poder de compra cresceu acima da média americana desde os anos 90.
São fenômenos semelhantes ao da explosão do consumo da classe C no Brasil — mercado com mais de 45 milhões de pessoas que, desde 2005, ascendeu à chamada classe média emergente, formada por famílias com renda mensal acima de 1.600 reais. Com novos hábitos, elas atraíram a atenção de bancos, redes de varejo — além de pequenas e médias empresas de serviços e de bens de consumo cujas estratégias de crescimento passam pela classe C.
Brasileiros da classe C e hispânicos e negros dos Estados Unidos têm algo em comum: seus desejos e comportamentos de consumo são um enigma para a maioria das empresas que pretendem vender alguma coisa para eles.
É nesse ponto que a leitura do livro pode ser útil, ao revelar como as empresas americanas têm procurado crescer ao atrair consumidores em grupos divididos por idade, sexo e etnia, entre outras categorias. Com base na experiência dessas companhias, Kelly listou sete passos para crescer em meio à diversidade.
1. Identificar os grupos de consumidores. Quanto mais preciso o alvo, melhor. Se a ideia é vender para mulheres, é necessário especificar. São casadas, solteiras ou separadas? Com ou sem filhos? "Cada grupo pede uma abordagem diferente", diz Kelly.
2. Distinguir os desejos das diferentes gerações. Pessoas com mais de 65 anos, afirma Kelly, são um mercado atraente — as que se estabeleceram financeiramente têm dinheiro livre para gastar com lazer, por exemplo. “Mas elas não querem complicações”, diz Kelly. Ao comprar viagens, por exemplo, tendem a dar preferência a agências que cuidam de tudo, como reservas de hotéis e encaminhamento da papelada para vistos.
3. Adaptar o produto ao mercado. Há dez anos, a americana Barbara Kavovit tinha uma construtora em Nova York quando achou que havia mercado para ferramentas menores e mais leves do que as tradicionais. O objetivo era vendê-las para mulheres que vivem sozinhas e precisam fazer pequenos serviços em casa, como consertos na rede elétrica e reparos no encanamento. Hoje, os produtos da sua marca, a Barbara’s Way, são vendidos em grandes redes do setor de construção, como a Home Depot.
4. Falar a língua do cliente. Nos Estados Unidos, onde comunidades de imigrantes abrigam muita gente com dificuldade para se comunicar em inglês, a recomendação é literal. No caso do mercado brasileiro, a ideia poderia ser aplicada, por exemplo, à necessidade de atender às diferenças regionais.
5. Usar as novas mídias. A fabricante de brinquedos Fisher-Price queria apresentar um novo modelo de balanço às mães de primeira viagem, que costumam valorizar a opinião de outras mulheres ao decidir comprar algo para seus filhos. A empresa identificou mães que tinham blogs populares na internet e pediu a elas que testassem o produto. As boas impressões das blogueiras sobre o balanço se alastraram na internet, impulsionando as vendas.
6. Adaptar a empresa. A montadora Subaru identificou que poderia aumentar as vendas entre gays e lésbicas — consumidores com renda acima da média nos Estados Unidos. Em seguida, estendeu aos casais homossexuais os mesmos descontos e promoções a que casais heterossexuais tinham direito.
7. Neutralizar a turma do contra. Ao entrar em um novo mercado, sempre se corre o risco de desagradar aos demais consumidores. A iniciativa da Subaru para ganhar mercado entre os homossexuais causou reclamações de uma parte dos consumidores tradicionais, o que exigiu uma estratégia de comunicação para lidar com o problema. "No final, a Subaru acabou perdendo apenas uma parte de seus clientes mais antigos", afirma Kelly. "O aumento nas vendas para o novo público foi muito mais compensador."
Não é de hoje que a conquista de novos clientes está entre as prioridades de empreendedores com ambições de expansão. Mas como lidar com a crescente divisão do mercado em tribos, comunidades e gerações de perfis diferentes — e cada um com expectativas próprias ao se relacionar com as empresas e suas marcas?
Em How to Market to People Not Like You ("Como vender para quem não é como você", sem previsão de publicação no Brasil), a americana Kelly McDonald procura trazer uma luz a quem está tentando compreender essa diversidade. "Não é fácil descobrir como atrair pessoas com características diferentes umas das outras", escreve.
Kelly tem uma agência de marketing que, na última década, ajudou empresas como Coca-Cola e Nissan a desbravar mercados emergentes nos Estados Unidos. Essas marcas miraram, por exemplo, as famílias de origem hispânica ou o público negro, cujo poder de compra cresceu acima da média americana desde os anos 90.
São fenômenos semelhantes ao da explosão do consumo da classe C no Brasil — mercado com mais de 45 milhões de pessoas que, desde 2005, ascendeu à chamada classe média emergente, formada por famílias com renda mensal acima de 1.600 reais. Com novos hábitos, elas atraíram a atenção de bancos, redes de varejo — além de pequenas e médias empresas de serviços e de bens de consumo cujas estratégias de crescimento passam pela classe C.
Brasileiros da classe C e hispânicos e negros dos Estados Unidos têm algo em comum: seus desejos e comportamentos de consumo são um enigma para a maioria das empresas que pretendem vender alguma coisa para eles.
É nesse ponto que a leitura do livro pode ser útil, ao revelar como as empresas americanas têm procurado crescer ao atrair consumidores em grupos divididos por idade, sexo e etnia, entre outras categorias. Com base na experiência dessas companhias, Kelly listou sete passos para crescer em meio à diversidade.
1. Identificar os grupos de consumidores. Quanto mais preciso o alvo, melhor. Se a ideia é vender para mulheres, é necessário especificar. São casadas, solteiras ou separadas? Com ou sem filhos? "Cada grupo pede uma abordagem diferente", diz Kelly.
2. Distinguir os desejos das diferentes gerações. Pessoas com mais de 65 anos, afirma Kelly, são um mercado atraente — as que se estabeleceram financeiramente têm dinheiro livre para gastar com lazer, por exemplo. “Mas elas não querem complicações”, diz Kelly. Ao comprar viagens, por exemplo, tendem a dar preferência a agências que cuidam de tudo, como reservas de hotéis e encaminhamento da papelada para vistos.
3. Adaptar o produto ao mercado. Há dez anos, a americana Barbara Kavovit tinha uma construtora em Nova York quando achou que havia mercado para ferramentas menores e mais leves do que as tradicionais. O objetivo era vendê-las para mulheres que vivem sozinhas e precisam fazer pequenos serviços em casa, como consertos na rede elétrica e reparos no encanamento. Hoje, os produtos da sua marca, a Barbara’s Way, são vendidos em grandes redes do setor de construção, como a Home Depot.
4. Falar a língua do cliente. Nos Estados Unidos, onde comunidades de imigrantes abrigam muita gente com dificuldade para se comunicar em inglês, a recomendação é literal. No caso do mercado brasileiro, a ideia poderia ser aplicada, por exemplo, à necessidade de atender às diferenças regionais.
5. Usar as novas mídias. A fabricante de brinquedos Fisher-Price queria apresentar um novo modelo de balanço às mães de primeira viagem, que costumam valorizar a opinião de outras mulheres ao decidir comprar algo para seus filhos. A empresa identificou mães que tinham blogs populares na internet e pediu a elas que testassem o produto. As boas impressões das blogueiras sobre o balanço se alastraram na internet, impulsionando as vendas.
6. Adaptar a empresa. A montadora Subaru identificou que poderia aumentar as vendas entre gays e lésbicas — consumidores com renda acima da média nos Estados Unidos. Em seguida, estendeu aos casais homossexuais os mesmos descontos e promoções a que casais heterossexuais tinham direito.
7. Neutralizar a turma do contra. Ao entrar em um novo mercado, sempre se corre o risco de desagradar aos demais consumidores. A iniciativa da Subaru para ganhar mercado entre os homossexuais causou reclamações de uma parte dos consumidores tradicionais, o que exigiu uma estratégia de comunicação para lidar com o problema. "No final, a Subaru acabou perdendo apenas uma parte de seus clientes mais antigos", afirma Kelly. "O aumento nas vendas para o novo público foi muito mais compensador."