Como ele se reergueu após perder a empresa da família em incêndio
Mahmud El Orra quase desistiu de empreender quando o negócio familiar pegou fogo. Mas persistiu – e, agora, sua nova empresa já virou franquia.
Mariana Fonseca
Publicado em 29 de janeiro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 29 de janeiro de 2017 às 13h42.
São Paulo – O que você faria se o seu negócio, que está na família há anos, de repente sofresse um incêndio irreparável? Provavelmente, perderia boa parte da vontade de continuar empreendendo .
Foi o que aconteceu com Mahmud El Orra, descendente de libaneses que liderava a empresa têxtil de seus parentes. O incidente, claro, fez com que ele tivesse uma indecisão muito grande sobre o que faria. Pensou muito e resolveu tentar empreender mais uma vez, reformando a ideia original do negócio familiar.
Assim nasceu a Zona Criativa: um negócio que começou com a costura de almofadas com estampas criativas, mas que hoje comercializa para o atacado diversos produtos para presentear.
Apenas no ano passado, o empreendimento vendeu cerca de 2,6 milhões de peças, com um ticket médio de 20 reais. Agora, a Zona Criativa resolveu expandir também para a venda direta, por meio da criação de uma marca de franquias – a Crazy4Mugs.
Incêndio e reflexões
Mahmud El Orra é descendente de libaneses. Sua família chegou ao Brasil por acidente: pretendia ir aos Estados Unidos, mas pegou o barco errado ao sair do Líbano.
“Meu pai se juntou ao meu tio e resolver abriu uma loja de tecidos por aqui. Com o tempo, o negócio evoluiu para uma indústria têxtil. Eu e meus irmãos trabalhávamos com eles até os anos 2000, quando meu pai faleceu. Então, assumimos a empresa”, conta o empreendedor.
Porém, tudo mudaria no ano de 2004: a indústria sofreu um incêndio e os irmãos perderam tudo. Arrasado, El Orra queria largar tudo que fez no Brasil e se mudar para os Estados Unidos. “Quem me convenceu a ficar mais um pouco aqui foi minha esposa, que é americana e gosta muito do Brasil”, conta.
Cedendo aos pedidos, o empreendedor resolveu tentar recomeçar, pela última vez: abriu um negócio chamado Zona Criativa, em 2007, com base nos seus conhecimentos prévios.
Zona Criativa
A Zona Criativa começou como uma produtora de almofadas para grandes magazines. El Orra aproveitou sua experiência no ramo têxtil, mas associou seus produtos a estampas atrativas e novas tecnologias – lançou, por exemplo, um travesseiro com o enchimento de viscoelático (mais conhecido como “enchimento NASA”).
“Eu já estava acostumado a trabalhar com tecidos, mas queria dar agora uma cara mais criativa ao negócio. Não seriam apenas itens de decoração, mas também brincadeiras e inspirações”, explica.
A primeira cliente que El Orra conquistou foi a papelaria Papel Magia. A partir daí, o negócio passou a ficar conhecido entre redes que compram por atacado tais produtos (outro cliente do negócio, por exemplo, é a marca de decoração Etna).
Com isso, a Zona Criativa foi adicionando outros itens ao mix de produtos. “Você só chega até um certo ponto só vendendo almofadas. É preciso aumentar a oferta de itens e trabalhar em cima de conceitos, mais do que apenas produtos”, afirma o empreendedor. Além das almofadas, a Zona Criativa também comercializa produtos como acessórios eletrônicos, canecas, canetas, cobertores, mochilas e quadros.
Ao todo, o negócio comercializa cerca de 2000 produtos, sendo que 40% deles são da categoria de bebíveis (canecos, copos e squeezes, por exemplo). 500 novos produtos são lançados todos os anos.
Em 2016, cerca de 2,6 milhões de itens foram vendidos. O ticket médio pago pelos atacadistas e distribuidores é de 20 reais.
Segundo El Orra, os diferenciais da Zona Criativa para competir em um mercado com tantas redes de presentes criativos é apostar tanto em licenciamento de produtos quanto em embalagens.
“Em 2012, eu decidi ter exclusividade de marcas como um diferencial. Contratei uma consultoria em licenças, e um contrato puxou o outro. Isso deu uma guinada na empresa”, explica o empreendedor.
Hoje, o empreendimento possui produtos licenciados de marcas como Cartoon Network, Disney e Marvel. As novas coleções, por exemplo, envolvem a personagem Moana (Disney) e a série Os Simpsons.
Outro ponto é a embalagem de cada item. “A gente não vende apenas o produto, mas vendemos um presente mesmo: a embalagem é feita para agradar e para ser reutilizável como uma caixinha bonita depois, por exemplo”, conta o empreendedor.
A Zona Criativa possui quatro lojas próprias da marca e um e-commerce. Porém, El Orra queria expandir para a venda também aos consumidores diretos. Por isso, decidiu criar outra marca: a Crazy4Mugs.
Crazy4Mugs
Como o próprio nome diz, a Crazy4Mugs comercializa apenas o carro-chefe da Zona Criativa: a parte de produtos bebíveis. Todas as marcas licenciadas pela Zona Criativa estão presentes na nova rede.
A ideia da Crazy4Mugs é ter um modelo mais enxuto, ideal para franqueamento. O primeiro quiosque da marca, próprio, foi inaugurado em novembro de 2016. “O quiosque tem um custo muito inferior ao de lojas tradicionais de shopping, o que se relaciona com a situação econômica atual”, defende o criador.
Após o teste do modelo, começarão as negociações de franqueamento. Em 2017, o plano é chegar a 25 quiosques e obter um faturamento de 12 milhões de reais.
Além disso, o e-commerce exclusivo da Crazy4Mugs foi lançado nesta semana. A expectativa é que ele represente 10% do faturamento da rede em 2017.
Crazy4Mugs (Quiosque)
Investimento inicial: 88 mil reais
Prazo de retorno: 24 a 30 meses