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Como as empreendedoras superam os desafios do dia a dia?

Ana Fontes, da Rede Mulher Empreendedora, compartilhou alguns desafios que as empreendedoras enfrentam em sua jornada e deu dicas de como superar barreiras.

Empreendedora: se a mulher não se capacitar, sua jornada no empreendedorismo ficará muito mais difícil (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2015 às 14h00.

São Paulo - A primeira necessidade de uma mulher que está pensando em abrir um negócio é identificar uma oportunidade de negócio. O que isso significa? Ao invés de abrir alguma coisa que será igual a todas as outras, a mulher precisa identificar, dentro de suas competências e experiências, o que de fato seria uma oportunidade.

As mulheres também precisam de inspiração, conhecer outras empreendedoras , outros modelos que deram certo e que estão se desenvolvendo. Outro ponto importante é a capacitação, pois empreender por si só já é uma jornada: se a mulher não se capacitar nesse momento, a jornada ficará muito mais difícil.

A mulher que já abriu um negócio…

Essa mulher normalmente trabalha sozinha, pois no começo dificilmente ela tem parceiros e percebe que, de fato, a capacitação faz toda a diferença na sua vida. Pesquisas mostram que, em sua maioria, as mulheres trabalham home office, e isso está muito relacionado ao fato de ficar perto dos filhos.

Quando ela já abriu o negócio, ela também descobre modelos femininos, que são mulheres que ela usa de inspiração e começa a seguir para ajudar nesse momento da sua jornada. Quais são as necessidades básicas desse estágio do negócio?

Vender: segundo pesquisas, a maior parte das mulheres não gosta de vender. Vender é absolutamente essencial, principalmente quando o negócio está começando.

Acesso ao capital: esse é um tema super abrangente. Muitas vezes, as mulheres acham que o dinheiro vai significar a mudança do negócio, mas, na verdade, ela não tem um plano de negócio bem feito, justificando esse problema como falta de capital.

Mentoria: no momento em que você está precisando crescer ou mudar seu plano de negócio, você começa a perceber o quanto a mentoria é fundamental e faz uma grande diferença para o seu negócio.

Networking: em todas as pesquisas realizadas, os resultados apontam que as mulheres fazem menos networking do que os homens. Segundo pesquisa do GEM (Global Entrepreneurship Monitor), as brasileiras são as que menos fazem networking no mundo.

“Nós, mulheres, somos capazes de contar toda a nossa vida para alguém que acabamos de conhecer no ônibus, mas somos incapazes de falar do nosso negócio para essa mesma pessoa”, afirma Ana Fontes.

Networking pode ser conhecer a pessoa certa no momento certo, na hora certa e isso pode significar a mudança do seu negócio. É preciso parar de pensar em networking como sendo algo que se faz em um lugar específico. Os homens fazem networking no banheiro, no bar, no almoço e no futebol, então por que as mulheres tem essa restrição? As mulheres precisam falar com as pessoas, seja na escola dos filhos ou em outro lugar.

Um dado bastante interessante é que mulheres costumam ir a eventos de parzinho, sempre acompanhadas, e ficam com o parzinho do início ao fim do evento. “Não é possível ir a um evento com 600 pessoas e ficar o dia inteiro conversando só com o seu par: vai ao banheiro com a amiga, come com a amiga, senta com a amiga. Parece brincadeira, mas é um ponto muito importante: é preciso conhecer outas pessoas”, afirma Ana.

Os negócios passam a ter um momento de crescimento quando as mulheres passam a fazer mais networking. Ele é essencial para o seu negócio e não pode ficar por último na sua lista de tarefas. Nós sabemos que as mulheres têm filhos, cachorro, papagaio, marido, mas pelo menos uma vez a cada quinze dias as mulheres precisam ir a um evento para fazer networking.

Depois de pensar no negócio e o inaugurar, chega o ciclo das dificuldades…

A mulher é multi tarefa: ela faz 10 coisas ao mesmo tempo e ninguém faz as coisas melhor do que ela. Elas reconhecem que a empresa está com dificuldade, reconhecem que precisam de certa capacitação, mas uma grande dificuldade que elas encontram é delegar as tarefas.

Ana conta que 90% das empreendedoras dizem “Eu sei fazer o meu negócio, mas eu não sei vender. Eu sei ser jornalista, eu sei ser assessora de eventos, mas eu não sei vender a minha empresa. Isso não dá”. Este é o momento em que a empresa está com uma certa dificuldade, então a empreendedora começa a entender certas questões de divulgação. Ela começa a participar mais de eventos de networking, pois a dificuldade a movimenta nesse sentido e começa a usar fortemente as redes sociais para divulgar seus negócios.

O que as mulheres precisam nessa fase do negócio não é muito diferente dos casos acima. Elas precisam de mentoria, acesso a crédito e o essencial: entender que gestão do negócio não é estar na operação do negócio. Se estivermos na operação todos os dias, qual a chance do negócio crescer? Nenhuma!

Outro ponto é perceber que é preciso contratar pessoas e aprender a eficiência da divulgação. Nesse momento, elas também precisam de motivação. Segundo Ana, apesar de não acreditar que motivação é uma coisa externa, precisamos de pessoas que nos ajudem e digam “vai dar certo”, “deu errado, mas continua”. Esse é um momento crucial para as empreendedoras.

Depois de passar pela dificuldade, chega o momento do “preciso crescer”…

Nesse momento, a empreendedora está muito ocupada cuidando do negócio e precisa de uma parceria na gestão financeira. Nas pesquisas, as mulheres dizem não gostar de cuidar da gestão das finanças. Ana contou que, há 7 anos trabalhando com empreendedoras, o que ela vê são muitas empresas fechando, pois as empreendedoras costumam delegar a parte financeira a um sócio, a um funcionário ou ao marido.

Também nesses 7 anos, Ana já viu meia dúzia de casos em que o próprio marido fez uma fraude na empresa da mulher. Ela cita o exemplo de uma mulher que descobriu, depois de três anos, que o marido havia desviado 3 milhões de reais do seu negócio. Ana questiona: como pode a gente não querer cuidar das finanças do negócio? Isso é essencial!

“A gestão financeira é absolutamente essencial para o seu negócio. O meu marido é meu sócio, mas toda semana eu procuro saber como estão as finanças, qual é o fluxo de caixa, como estamos de previsão financeira e o que estamos devendo. Você precisa saber, o negócio é seu, você precisa cuidar”, argumenta Ana.

Outro problema é a contratação e retenção de colaboradores. É difícil contratar pessoas, e as mulheres têm tendência a contratar pessoas da família ou conhecidos. Ana Fontes dá uma dica para as empreendedoras que estão passando por esse momento: “Nunca contrate alguém que você não pode mandar embora. Pense direito, pois isso pode acabar com uma briga familiar”.

Nesse momento, em que a empresa precisa crescer, as mulheres precisam melhorar a gestão financeira. Ana Fontes conta que perguntou para mulheres que faturam dois milhões de reais por ano qual era sua margem e qual era o seu lucro. Elas simplesmente não sabiam responder, e isso é super importante. “Assim como os homens, nós temos capacidade de fazer a gestão financeira”, afirma.

Também é muito importante trabalhar a inovação, pois o seu negócio é um ciclo: quando ele está crescendo, é preciso pensar em novos produtos, novos modelos e ampliar a visão dos negócios para crescer. Hoje, existe um deslumbre de que empreender é fácil e a realidade não é bem assim, mas é possível!

Ana Fontes fundou a Rede Mulher Empreendedora em 2010, quando participou do programa 10.000 mulheres da FGV. Ela percebeu que ninguém falava em mulheres, muito menos em mulheres empreendedoras e, por isso, criou a rede com o objetivo de apoiar e reconhecer empreendedoras para que elas transformem sua realidade através dos negócios, dando luz e voz às iniciativas dessas mulheres.

“Empreender vai fazer a diferença para o nosso país e ter mais mulheres empreendedoras só irá contribuir. Para isso, precisamos ajudar essas mulheres a empreender da forma certa, no melhor momento e com o melhor modelo”, finaliza Ana.

São Paulo - Empreender pode parecer a solução para vários problemas, como fugir do desemprego e aumentar a renda. Mas essa é uma jornada cheia de obstáculos, que estão presentes em áreas como relacionamentos, finanças e gestão. Antes que você precise entrar em um negócio para perceber essas dificuldades, é bom consultar mentores e se informar sobre seu ramo de atuação. Um jeito mais divertido, que serve inclusive para os momentos de lazer, é ver filmes que mostram os percalços na vida de um empreendedor. Por isso, selecionamos obras cinematográficas, dos clássicos aos blockbusters, que mostram o lado sem glamour de ser dono de um negócio. Ajudaram nas indicações Alessandro Saade, professor da Business School São Paulo (BSP); João Bonomo, coordenador do Núcleo Acadêmico de Vocação Empreendedora do Ibmec/MG; e Rose Mary Lopes, coordenadora do Núcleo de Empreendedorismo da ESPM.
  • 2. À Procura da Felicidade

    2 /12

  • Veja também

    Chris Gardner é um pai de família que enfrenta uma série de dificuldades ao longo do filme. Sua ideia de vender aparelhos médicos não dá certo porque, só depois de comprar todo o estoque, ele percebe que o produto é muito caro para os consumidores. Mesmo depois de problemas pessoais, o protagonista continua lutando pela sobrevivência. Por que vale a pena? Apesar da falta de apoio, de conforto e de dinheiro, o protagonista coloca todo seu esforço em prol de um objetivo. "Deste modo, ele agarra a oportunidade de se preparar, de mostrar sua capacidade e sua performance. Com um esforço e uma luta hercúleos, ele alcança o sucesso no estágio probatório e depois como corretor. Mais tarde, torna-se um empreendedor de sucesso", conta Rose Mary. "The Pursuit of Hapiness"
    Diretora:
    Gabriele Muccino
    Ano de produção: 2006
  • 3. Cidadão Kane

    3 /12

  • "Cidadão Kane" é a história de um magnata do jornalismo, Charles Foster Kane, e sua trajetória até se tornar um dos homens mais ricos do mundo. O filme é desenvolvido por meio de uma investigação para descobrir o que significa a última palavra pronunciada por Kane: "Rosebud".

    Por que vale a pena? Por um lado, o magnata de Orson Welles tem um sucesso profissional estrondoso; por outro, o filme conta um pouco da amargura e da solidão que o protagonista vive. A lição para os empreendedos é de que o sucesso tem um custo, diz Bonomo.

    "Citizen Kane"
    Direção:
    Orson Welles
    Ano de produção: 1941
  • 4. Lincoln

    4 /12

    O filme, que mistura história e drama, narra uma parte da vida do presidente americano Abraham Lincoln, incluindo seus esforços para aprovar a emenda que aboliria a escravidão nos Estados Unidos. Por que vale a pena? "Acho que tem a ver com o universo empreendedor porque mostra um grande exemplo de liderança", afirma Bonomo. "É uma pessoa com grandes desafios à sua frente, não apenas de tomar a decisão correta, mas também de conduzir todos ao caminho que ela acha correto".

    "Lincoln"
    Direção:
    Steven Spielberg
    Ano de produção: 2012
  • 5. Quem Se Importa

    5 /12

    "Quem se Importa" é um documentário brasileiro filmado em sete países que mostra o trabalho de vários empreendedores sociais: soluções simples, mas com alto impacto na vida das pessoas ao seu redor. Por que vale a pena? "Quem assiste ao filme não pode deixar de sentir que pode fazer algo diferente para intervir e melhorar diversas situações sociais desfavoráveis", diz Rose Mary. "É um filme bom para mostrar que todos podemos ter uma fagulha empreendedora e que, se agirmos à nossa volta, usando nossos conhecimentos e talentos, podemos criar impacto e resultados positivos".

    "Quem Se Importa"
    Direção:
    Mara Mourão
    Ano de produção: 2014
  • 6. O Aviador

    6 /12

    O drama biográfico conta a história de Howard Hugues, que ficou milionário aos 18 anos por causa de uma herança. Ele resolveu, então, investir em algo que gostava muito: a aviação. Porém, sua obsessão começa a afetar a vida pessoal. Por que vale a pena? "O protagonista tem percalços e tropeços, mas ele vai em frente. Isso é o interessante", diz Bonomo. "Mostra a história de alguém que tinha o sonho de ganhar um mercado". "The Aviator"
    Diretor:
    Martin Scorsese
    Ano de produção: 2004
  • 7. O Jogo da Imitação

    7 /12

    O filme conta a história de Alan Turing, pioneiro da computação, e sua empreitada para quebrar o código criptografado que os alemães usam para enviar ordens durante a Segunda Guerra Mundial. Por que vale a pena? Segundo Rose Mary, há trechos que podem ser usados em empreendedorismo, especialmente quando há uma divisão de esforços na equipe recrutada para tentar quebrar o código das mensagens. "O que deve ser analisado e enfatizado é que abordagens inovadoras não são fáceis de serem entendidas. O indivíduo que propõe uma nova alternativa pode ser combatido e desacreditado. Ele precisará dar o melhor de si, lutar e persistir para ver o jogo virar a seu favor".

    "The Imitation Game"
    Direção:
    Morten Tyldum
    Ano de produção: 2014
  • 8. Os Estagiários

    8 /12

    Com os atores Owen Wilson e Vince Vaughn, a comédia conta como dois homens na casa dos quarenta anos acabam por perder seu emprego e tentam se recolocar no programa de estágio da gigante de tecnologia Google. Por que vale a pena? Mesmo que os protagonistas não tenham de criar um negócio, Saade destaca que eles agem como empreendedores todo o tempo. "São desafiados a pensar como um dono, entender as necessidades do cliente, trabalhar em equipe e conhecer as variáveis do ambiente. Esses quatro elementos estão presentes em cada etapa de seleção ao longo do filme".

    "The Internship"
    Direção:
    Shawn Levy
    Ano de produção: 2013
  • 9. Startup.com

    9 /12

    Startup.com conta a história de dois amigos, Kaleil Tuzman e Tom Herman, que se unem para criar o site govWorks.com, que permite que cidadãos interajam com governos locais. Mas os empreendedores enfrentam desafios comuns aos negócios digitais, incluindo alguns que podem acabar com a amizade entre os criadores da startp. Por que vale a pena? O filme mostra as problemáticas com os sócios dentro de um negócio, afirma Bonomo. "Mostra também um pouco desse universo empreendedor mais recente, de que faz parte a startup do filme. Ela dá muito sucesso, cresce, mas os dois acabam brigando por conta dela".

    "Startup.com"
    Direção:
    Chris Hegedus e Jehane Noujaim
    Ano de produção: 2001
  • 10. Trapaceiros

    10 /12

    "Trapaceiros" é um filme humorístico dirigido por Woody Allen. A obra narra o plano de um ex-presidiário trapaceiro, chamado Ray Winkler, para assaltar um banco com alguns parceiros de crime. Como distração, abrem uma loja de biscoitos. O empreendimento dá tão certo que a família Winkler fica rica, mesmo sem pretender nada com o negócio. Agora, eles passarão por novos problemas. Por que vale a pena? Para Saade, o filme mostra como o empreendedor muda seu comportamento assim que obtém o sucesso - e como isso pode afetar próximas decisões. "Mostra como o fato de ganhar dinheiro muda o comportamento das pessoas que administram o empreendimento". "Small Time Crooks"
    Direção:
    Woody Allen
    Ano de produção: 2000
  • 11. Tucker - Um Homem e Seu Sonho

    11 /12

    O filme fala sobre o projetista americano Tucker, que desenvolve um carro com o design que sempre pretendia. No meio do caminho, porém, ele acaba tendo de enfrentar grandes indústrias do setor automobilístico. Mesmo com os obstáculos, ele continua seguindo seus ideais e não pretende se render ao modelo dessas empresas. Por que vale a pena? Para Bonomo, o filme é especialmente útil para os que cuidam de um negócio inovador, como uma startup. "O filme mostra os desafios da inovação, de pensar muito à frente e, então, ter de lidar com os costumes da população e do mercado". "Tucker: The Man and His Dream"
    Direção:
    Francis Ford Coppola
    Ano de produção: 1988
  • 12. Está procurando ainda mais inspiração?

    12 /12(Thinkstock/zakokor)

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