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Como a 2001 Vídeo sobrevive à extinção das locadoras

Com quase 30 anos de atuação, a rede inaugura nova loja e mostra como se manter forte em um mercado quase extinto

Espaço para crianças na nova loja da 2001: meio milhão de reais em nova unidade (Divulgação)

Espaço para crianças na nova loja da 2001: meio milhão de reais em nova unidade (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2011 às 15h23.

São Paulo – A pirataria e o acesso mais fácil a downloads de vídeos na internet foi, aos poucos, fazendo desaparecer o mercado de videolocadoras no Brasil. Muitas lojas pequenas, de bairro, sumiram. Segundo o Sindicato das Empresas Videolocadoras do Estado de São Paulo (Sindemvideo), entre 2005 e 2010, mais da metade das locadoras fecharam as portas, passando de 4800 para 2 mil empresas do ramo.

Fora dessa estatística e na contramão do mercado, a 2001 Vídeo comemora o investimento de 500 mil reais em uma nova unidade. Sonia Abreu, uma das proprietárias da marca e também diretora de marketing, recusa a ideia de que o mercado está se extinguindo. “Para mim, esse mercado não está extinto. Ainda não decretaram a nossa morte”, diz.

Com apoio de parceiros estratégicos – entraram na divulgação Paramount, Fox, Europa, Paris, Universal, Disney, Sony e Versátil -, a sétima unidade da rede, que atua em São Paulo, foi inaugurada no dia 20 na rua Estados Unidos, em uma área nobre da cidade. “Não é uma coisa romântica abrir uma locadora com o porte que nós abrimos. Eu fui baseada em uma performance que a gente tem ao longo desse período. Apostamos ainda que existe uma demanda que precisa ser trabalhada e considerada”, conta.

Criada em 1982, a rede inaugurou sua primeira loja na Avenida Paulista. Na época, o acervo contava com cerca de 200 títulos. Hoje, as lojas somam 16 mil filmes em DVD e Blu-Ray, 4 mil livros sobre cinema e 60 mil outros produtos à venda nas lojas e no site. “A nossa carteira de clientes tem 170 mil pessoas, fora o e-commerce, com 115 mil cadastrados”, acrescenta. A maior parte da receita, 60%, vem da locação, são mais de 60 mil empréstimos por mês. Outros 6% são da venda de livros e o restante, do varejo. A loja virtual representa quase metade de todas as vendas.

Sonia garante que a pirataria não assusta. “A pirataria trabalha muito o filme que tem um apelo comercial grande. Temos esses títulos, mas trabalhamos para atender um público-alvo que é amante de cinema, que curte estar no ponto de venda, com um ambiente de cultura cinematográfica”, explica. Ela exemplifica a diferenciação da marca com a última promoção de Natal. Enquanto os sites disputavam os clientes com ofertas do filme Avatar (vencedor de três Oscar e recorde de bilheteria no ano passado), o mais vendido pelo site da 2001 foi 1984 (baseado no livro homônimo, de George Orwell).

A característica de nicho é a justificativa para nadar de braçadas no mercado. A 2001 faturou no ano passado 12,5 milhões de reais. “Hoje a gente ainda acha que tem que se preparar para o futuro, mas tem que dar muito enfoque para o cliente que vem à loja. A gente procurou o nosso nicho de mercado e ele é muito fiel e ainda traz novos clientes”, explica.

Sem medo do futuro, Sonia conta que a regra na empresa é dar passos bem pensados e na hora certa. “Eu acho que hoje o mercado está passando por uma acomodação e acredito que 2010 tenha dado uma alavancada com a entrada do Blu-Ray. Era um processo natural”, diz. Para ela, sobreviveu quem estava profissionalizado e especializado. A nova tecnologia, que promete substituir o DVD, foi incluída aos poucos, conforme a demanda dos clientes e é assim que a rede pretende inserir outras novidades. “Vamos continuar mudando como mudamos de VHS para DVD, para Blu-Ray, para 3D, e assim por diante. Mas sempre com um olho lá na frente”, afirma.

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