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Caminhos diferentes para Apontador e MapLink

Por que, três anos e meio após a fusão entre as empresas de geolocalização Apontador e MapLink, seus donos decidiram dividir as operações

Hohagen e Siqueira, da LBS Local: em busca de investidores (Daniela Toviansky)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 05h00.

São Paulo - Há quatro anos, o publicitário Frederico Hohagen, de 33 anos, fundador do site de geolocalização MapLink, re­cebeu um convite de seu maior concorrente, o paulistano Rafael Siqueira, de 34 anos, fundador do site Apontador. "Ele me chamou para tomar um café", diz Hohagen.

"O máximo de contato que tínhamos até então era dizer oi e tchau em eventos de negócios." Hohagen topou e, durante o encontro, ouviu de Siqueira uma proposta para unir as empresas. "A ideia era usar a energia que gastávamos com a disputa para construir um negócio maior", diz Hohagen.

Durante sete meses, os dois se dedicaram a uma profunda avaliação das condições para fechar a fusão e tiveram longas reuniões aparando arestas antes de concretizar o negócio. Em junho de 2008, a união de Apontador e MapLink deu origem ao grupo LBS Local. Em 2011, estima-se que suas receitas alcancem 20 milhões de reais, o dobro do ano em que as duas empresas começaram a caminhar juntas.


Fusões entre duas pequenas ou médias empresas com muito em comum entre si — como acontecia com Apontador e MapLink — costumam ser uma opção frequentemente escolhida por empreendedores interessados em acelerar a expansão.

Ao eliminar gastos redundantes, a união de dois negócios diminui custos, além de abrir oportunidades para aumentar as receitas, aproveitando sinergias que surgem quando dois competidores se juntam. Essa fórmula permitiu ao LBS Local crescer nos últimos três anos e meio.

Agora, seus sócios acham que chegou a hora de iniciar um novo ciclo — e isso significa separar os caminhos de Apontador e MapLink. "Em setembro, reorganizamos as empresas para se tornarem independentes", diz Siqueira. "O LBS Local virou a holding que as controla."

Além de Apontador e MapLink, o LBS Local é dono do site Aponta Ofertas Regrupe, que reúne ofertas de sites de compras coletivas, e do site de vendas e pesquisa de imóveis Imobox. Cada uma das empresas vai voltar a ter seu CNPJ. O pessoal e a estrutura do negócio, como servidores, computadores e o espaço físico, foram divididos.

O comando também foi reorganizado. Até setembro, Hohagen e Siqueira participavam da operação do grupo, dirigido por Anderson Thees, ex-gestor dos investimentos do grupo sul-africano Naspers no Brasil, convidado em 2010 para assumir a presidência e se tornar sócio do LBS Local. Agora, ele e Siqueira ficarão à frente do Apontador. Hohagen reassume a direção do MapLink.

Antes da fusão, Apontador e MapLink tinham modelos de negócios semelhantes e faziam de tudo um pouco — ambos forneciam monitoramento de tráfego nas ruas das grandes cidades, vendiam mapas eletrônicos para outras empresas e mantinham sites na internet, acessados por usuários que desejavam achar o melhor caminho entre dois pontos e buscar endereços. Agora, cada empresa assumirá uma vocação diferente.


O MapLink continuará a atender clientes como Bradesco, Google, Terra e Claro. Para a Claro, por exemplo, fornece o sistema de localização pela internet de lojas e revendedores. Após a separação, a empresa continua mantendo um site de rotas e informações de trânsito. "Até 2013, vamos explorar melhor mercados como o de telefonia e o de seguradoras", afirma Hohagen.

No outro braço do grupo, os sócios consideram haver grande potencial para crescer. O Apontador vai se concentrar nos negócios de busca local, uma espécie de mistura da tecnologia dos sites de localização com as redes sociais. Sua utilidade é permitir aos consumidores encontrar endereços de restaurantes, bares, escolas ou qualquer outro tipo de estabelecimento em determinada região pelo computador — ou, principalmente, pelo celular, enquanto estão na rua.

Para Siqueira e Thees, a proliferação de dispositivos móveis, como smartphones e tablets, vai provocar uma profunda mudança na forma que os consumidores usam a internet. O serviço de busca local pode se aproveitar dessa tendência. De acordo com um estudo da consultoria Ponto Mobi, dos 140 milhões de donos de celular no país, 28,6% acessam a internet por seus aparelhos — em 2014, as pessoas poderão passar mais tempo conectadas na internet pelos celulares do que por computadores.

"Cada vez mais pessoas devem usar a internet fora de casa para tomar decisões de compras", diz Marcelo Castelo, sócio da F.Biz, agência de marketing especializada em mídias digitais.

Por trás da decisão de separar Apontador e MapLink há um motivo maior: atrair investidores. "Estamos em busca de novos só­cios", afirma Thees. "Acontece que o perfil de investidor capaz de se interessar por cada empresa é diferente."

O MapLink responde por 70% das receitas do grupo, atende grandes clientes e tem um modelo de negócios já testado. Por isso, acreditam os sócios, deve chamar a atenção de investidores mais conservadores, interessados em riscos menores e retorno mais previsível. Ao se concentrar no mercado de busca local, o Apontador torna-se uma empresa com potencial para trazer resultados no longo prazo, segundo eles.


Os potenciais candidatos são fundos de investimento e empresas de mídia ou de internet. "É um negócio para quem está disposto a correr riscos em troca de uma possibilidade de retorno bem maior", diz Moacir Kang, da fabricante de celulares coreana Unicoba, que investe no Apontador desde sua fundação e manteve sua participação após a fusão, juntamente com o JAG, fundo de investimentos que também está na empresa desde o começo.

Hoje, Unicoba e JAG têm 60% do capital da LBS Local. O restante é dividido entre Hohagen, Siqueira, Thees e os demais fundadores das empresas.

Entre os potenciais clientes do Apontador estão pequenas empresas, como restaurantes, bares, farmácias, hospitais, hotéis e oficinas. Não é preciso pagar nada para se cadastrar no mapa e começar a aparecer nos resultados de busca. Por mensalidades que variam de 150 a 250 reais, essas empresas também podem criar uma espécie de perfil, com fotos, contatos e uma descrição do negócio.

"Para esses clientes, prestamos uma espécie de consultoria para ajudá-los a tornar a página mais atrativa", diz Thees. Quem acessa o Apontador pode avaliar as empresas cadastradas no mapa, dando notas de zero a 5, colocar comentários e compartilhar sua avaliação do local com outros usuários. "Dar a esses consumidores a possibilidade de interagir entre si os estimula a criar o hábito de acessar o Apontador", diz Thees. Neste ano, 15 milhões de pessoas, em média, visitaram o site a cada mês — três vezes mais do que na época da fusão.

A escola de educação infantil e berçário Novo Método, da zona norte de São Paulo, tornou-se cliente do Apontador neste ano, assinando o pacote básico. "Comprei a escola em novembro de 2010, com 21 alunos matriculados", diz o advogado Silvio Augusto Silva Júnior, de 34 anos.


"Agora, temos quatro vezes mais clientes." Dos novos alunos, 40% chegaram à escola depois de uma campanha no Apontador na qual um cupom de descon­to foi inserido na página de apresentação da Novo Método para ser impresso e apresentado na hora da matrícula.

Neste ano, a participação de pequenos clientes, como a Novo Método, nas receitas do Apontador deve chegar a 20%. O restante vem de anúncios veiculados no site. "A proporção deverá se inverter nos próximos três anos", diz Siqueira.

Apontador e MapLink foram fundadas quase na mesma época, em 2000. Desde então, o Apontador recebeu 3,6 milhões de dólares em investimentos da Unicoba e do Grupo JAG. Logo no início, o MapLink também teve investidores — parte da empresa foi adquirida pelo UOL, que revendeu a partipação aos fundadores em 2004.

Agora, ao buscar novos investidores, os sócios vivem um momento muito diferente do que quando começaram. "Hoje, temos muito mais facilidade para atrair capital de fora da empresa", diz Siqueira. "Na minha época, era muito difícil conseguir esses recursos." Os sócios que investem no Apontador desde o começo se dizem satisfeitos com o início de um novo ciclo.

"Sempre acreditamos no Apontador e temos uma ligação emocional com o negócio", diz Kang, da Unicoba. “Mas, se tivermos de deixá-lo para que receba o investidor que precisa para crescer, o faremos.”

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São Paulo - Há quatro anos, o publicitário Frederico Hohagen, de 33 anos, fundador do site de geolocalização MapLink, re­cebeu um convite de seu maior concorrente, o paulistano Rafael Siqueira, de 34 anos, fundador do site Apontador. "Ele me chamou para tomar um café", diz Hohagen.

"O máximo de contato que tínhamos até então era dizer oi e tchau em eventos de negócios." Hohagen topou e, durante o encontro, ouviu de Siqueira uma proposta para unir as empresas. "A ideia era usar a energia que gastávamos com a disputa para construir um negócio maior", diz Hohagen.

Durante sete meses, os dois se dedicaram a uma profunda avaliação das condições para fechar a fusão e tiveram longas reuniões aparando arestas antes de concretizar o negócio. Em junho de 2008, a união de Apontador e MapLink deu origem ao grupo LBS Local. Em 2011, estima-se que suas receitas alcancem 20 milhões de reais, o dobro do ano em que as duas empresas começaram a caminhar juntas.


Fusões entre duas pequenas ou médias empresas com muito em comum entre si — como acontecia com Apontador e MapLink — costumam ser uma opção frequentemente escolhida por empreendedores interessados em acelerar a expansão.

Ao eliminar gastos redundantes, a união de dois negócios diminui custos, além de abrir oportunidades para aumentar as receitas, aproveitando sinergias que surgem quando dois competidores se juntam. Essa fórmula permitiu ao LBS Local crescer nos últimos três anos e meio.

Agora, seus sócios acham que chegou a hora de iniciar um novo ciclo — e isso significa separar os caminhos de Apontador e MapLink. "Em setembro, reorganizamos as empresas para se tornarem independentes", diz Siqueira. "O LBS Local virou a holding que as controla."

Além de Apontador e MapLink, o LBS Local é dono do site Aponta Ofertas Regrupe, que reúne ofertas de sites de compras coletivas, e do site de vendas e pesquisa de imóveis Imobox. Cada uma das empresas vai voltar a ter seu CNPJ. O pessoal e a estrutura do negócio, como servidores, computadores e o espaço físico, foram divididos.

O comando também foi reorganizado. Até setembro, Hohagen e Siqueira participavam da operação do grupo, dirigido por Anderson Thees, ex-gestor dos investimentos do grupo sul-africano Naspers no Brasil, convidado em 2010 para assumir a presidência e se tornar sócio do LBS Local. Agora, ele e Siqueira ficarão à frente do Apontador. Hohagen reassume a direção do MapLink.

Antes da fusão, Apontador e MapLink tinham modelos de negócios semelhantes e faziam de tudo um pouco — ambos forneciam monitoramento de tráfego nas ruas das grandes cidades, vendiam mapas eletrônicos para outras empresas e mantinham sites na internet, acessados por usuários que desejavam achar o melhor caminho entre dois pontos e buscar endereços. Agora, cada empresa assumirá uma vocação diferente.


O MapLink continuará a atender clientes como Bradesco, Google, Terra e Claro. Para a Claro, por exemplo, fornece o sistema de localização pela internet de lojas e revendedores. Após a separação, a empresa continua mantendo um site de rotas e informações de trânsito. "Até 2013, vamos explorar melhor mercados como o de telefonia e o de seguradoras", afirma Hohagen.

No outro braço do grupo, os sócios consideram haver grande potencial para crescer. O Apontador vai se concentrar nos negócios de busca local, uma espécie de mistura da tecnologia dos sites de localização com as redes sociais. Sua utilidade é permitir aos consumidores encontrar endereços de restaurantes, bares, escolas ou qualquer outro tipo de estabelecimento em determinada região pelo computador — ou, principalmente, pelo celular, enquanto estão na rua.

Para Siqueira e Thees, a proliferação de dispositivos móveis, como smartphones e tablets, vai provocar uma profunda mudança na forma que os consumidores usam a internet. O serviço de busca local pode se aproveitar dessa tendência. De acordo com um estudo da consultoria Ponto Mobi, dos 140 milhões de donos de celular no país, 28,6% acessam a internet por seus aparelhos — em 2014, as pessoas poderão passar mais tempo conectadas na internet pelos celulares do que por computadores.

"Cada vez mais pessoas devem usar a internet fora de casa para tomar decisões de compras", diz Marcelo Castelo, sócio da F.Biz, agência de marketing especializada em mídias digitais.

Por trás da decisão de separar Apontador e MapLink há um motivo maior: atrair investidores. "Estamos em busca de novos só­cios", afirma Thees. "Acontece que o perfil de investidor capaz de se interessar por cada empresa é diferente."

O MapLink responde por 70% das receitas do grupo, atende grandes clientes e tem um modelo de negócios já testado. Por isso, acreditam os sócios, deve chamar a atenção de investidores mais conservadores, interessados em riscos menores e retorno mais previsível. Ao se concentrar no mercado de busca local, o Apontador torna-se uma empresa com potencial para trazer resultados no longo prazo, segundo eles.


Os potenciais candidatos são fundos de investimento e empresas de mídia ou de internet. "É um negócio para quem está disposto a correr riscos em troca de uma possibilidade de retorno bem maior", diz Moacir Kang, da fabricante de celulares coreana Unicoba, que investe no Apontador desde sua fundação e manteve sua participação após a fusão, juntamente com o JAG, fundo de investimentos que também está na empresa desde o começo.

Hoje, Unicoba e JAG têm 60% do capital da LBS Local. O restante é dividido entre Hohagen, Siqueira, Thees e os demais fundadores das empresas.

Entre os potenciais clientes do Apontador estão pequenas empresas, como restaurantes, bares, farmácias, hospitais, hotéis e oficinas. Não é preciso pagar nada para se cadastrar no mapa e começar a aparecer nos resultados de busca. Por mensalidades que variam de 150 a 250 reais, essas empresas também podem criar uma espécie de perfil, com fotos, contatos e uma descrição do negócio.

"Para esses clientes, prestamos uma espécie de consultoria para ajudá-los a tornar a página mais atrativa", diz Thees. Quem acessa o Apontador pode avaliar as empresas cadastradas no mapa, dando notas de zero a 5, colocar comentários e compartilhar sua avaliação do local com outros usuários. "Dar a esses consumidores a possibilidade de interagir entre si os estimula a criar o hábito de acessar o Apontador", diz Thees. Neste ano, 15 milhões de pessoas, em média, visitaram o site a cada mês — três vezes mais do que na época da fusão.

A escola de educação infantil e berçário Novo Método, da zona norte de São Paulo, tornou-se cliente do Apontador neste ano, assinando o pacote básico. "Comprei a escola em novembro de 2010, com 21 alunos matriculados", diz o advogado Silvio Augusto Silva Júnior, de 34 anos.


"Agora, temos quatro vezes mais clientes." Dos novos alunos, 40% chegaram à escola depois de uma campanha no Apontador na qual um cupom de descon­to foi inserido na página de apresentação da Novo Método para ser impresso e apresentado na hora da matrícula.

Neste ano, a participação de pequenos clientes, como a Novo Método, nas receitas do Apontador deve chegar a 20%. O restante vem de anúncios veiculados no site. "A proporção deverá se inverter nos próximos três anos", diz Siqueira.

Apontador e MapLink foram fundadas quase na mesma época, em 2000. Desde então, o Apontador recebeu 3,6 milhões de dólares em investimentos da Unicoba e do Grupo JAG. Logo no início, o MapLink também teve investidores — parte da empresa foi adquirida pelo UOL, que revendeu a partipação aos fundadores em 2004.

Agora, ao buscar novos investidores, os sócios vivem um momento muito diferente do que quando começaram. "Hoje, temos muito mais facilidade para atrair capital de fora da empresa", diz Siqueira. "Na minha época, era muito difícil conseguir esses recursos." Os sócios que investem no Apontador desde o começo se dizem satisfeitos com o início de um novo ciclo.

"Sempre acreditamos no Apontador e temos uma ligação emocional com o negócio", diz Kang, da Unicoba. “Mas, se tivermos de deixá-lo para que receba o investidor que precisa para crescer, o faremos.”

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