Brasil precisa criar cultura de risco, diz especialista
Diretor executivo da Singularity University, que traz programa de inovação ao Brasil, diz que é preciso premiar as tentativas fracassadas de empreender
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2010 às 16h56.
São Paulo - Se o Brasil quer ocupar uma posição relevante no mapa mundial da inovação e fomentar a cultura empreendedora, terá que aprender a incentivar o risco. Esta é a avaliação de Salim Ismail, criador de mais sete empresas de tecnologia de sucesso – uma delas vendida ao Google neste ano.
O executivo veio ao País trazer uma versão do programa de capacitação da Singularity University, instituição apoiada por grandes nomes da tecnologia, como Google e Nokia, e dedicada à missão de educar e inspirar os futuros líderes da inovação tecnológica.
Com disciplinas focadas em áreas inovadoras como biotecnologia e robótica, o programa da universidade no Vale do Silício encoraja os alunos a buscar soluções para desafios globais antecipando as evoluções tecnológicas que ainda estão por vir.
Ideias como uma impressora 3D capaz de imprimir uma casa e um sistema que permite usar o celular para criar uma rede de compartilhamento de carros diminuindo o tráfego nas cidades nasceram nas cadeiras da universidade, que recebe alunos graduados nas melhores escolas do mundo, empreendedores e executivos para programas de curta e média duração.
“Queremos preparar uma nova geração de líderes que terão lidar com desafios sem precedentes na nossa história. Hoje as pessoas ainda pensam de maneira muito linear e não é assim que a tecnologia evolui”, diz Ismail.
Segundo o executivo, o Brasil tem potencial para ocupar um papel importante no novo da mapa da inovação, que não se concentrará mais nos Estados Unidos. “Tendo que lidar com questões como o desmatamento, a pobreza e a água, o Brasil funciona como um microcosmos dos problemas globais”, destaca Ismail.
Mas para endereçar estes desafios o País deve fomentar uma cultura de risco entre os empreendedores brasileiros, defende o executivo. “É preciso premiar o erro, recompensar as pessoas que falharam - mas que ao menos tentaram”, diz.
Para ele, além de investir em educação, o Brasil deve incentivar os empreendedores a colocarem a mão na massa. “Ter boas idéias não é um diferencial, o importante é a execução. Nem sempre a melhor ideia é a que dá certo – os produtos da Microsoft são o melhor exemplo disto”, provoca Ismail.
Com mais de 250 alunos de 45 países formados ao longo de pouco mais de dois anos de vida, a Singularity University agora se prepara para expandir suas atividades pelo globo por meio de um modelo de parcerias que está sendo testado no Brasil. Por meio de uma acordo com a FIAP, a instituição trouxe seu corpo docente ao País para um programa executivo de curta duração no qual as principais inovações tecnológicas em curso no mundo serão apresentadas aos alunos brasileiros.
O curso tem um mix heterogêneo de participantes, que vai desde representantes das indústrias de tecnologia e publicidade até o ator global Luigi Baricelli – um entusiasta da robótica nas horas vagas. “É muito importante cruzar áreas distintas. Precisamos de ideias novas, radicais. Às vezes é difícil para alguém que está imerso em um determinado assunto ter uma visão realmente inovadora sobre ele”, justifica Ismail.