BizCapital, fintech de crédito para PMEs, recebe aporte de R$ 65 milhões
O investimento na empresa brasileira foi liderado pelo braço de investimento internacional do banco alemão KfW
Carolina Ingizza
Publicado em 17 de junho de 2020 às 06h00.
Última atualização em 17 de junho de 2020 às 16h30.
A fintech brasileira BizCapital , de empréstimos online para micro e pequenas empresas , acaba de receber um novo aporte milionário em plena pandemia. A startup recebeu 65 milhões de reais em sua rodada série B, liderada pelo pelo DEG (Deutsche Investitions - und Entwicklungsgesellschaft), braço de investimento internacional do banco de desenvolvimento alemão KfW. O MELI Fund, da varejista online Mercado Livre, também participou da rodada.
Até então, a fintech havia levantado cerca de 35 milhões de reais em duas rodadas de investimento. Em janeiro de 2018, fundos como Monashees, Chromo Invest e 42K Investimentos aportaram 15 milhões de reais na empresa. No mesmo ano, em setembro, o fundo americano Quona Capital, especializado em startups financeiras de países emergentes, investiu mais 20 milhões de reais. Todos eles acompanharam a rodada atual.
O investimento acontece em um período em que a demanda pelos serviços da BizCapital não para de crescer. Com a pandemia de coronavírus , as pequenas empresas estão buscando mais crédito no mercado. Só em abril, o volume de pedidos subiu quatro vezes, segundo a fintech. As discussões para a rodada, no entanto, começaram bem antes, em outubro do ano passado.
Em nota, o DEG disse que, nos últimos meses, houve um aumento da relevância da oferta de crédito para pequenas e médias empresas (PMEs) e da necessidade do uso de plataformas digitais sofisticadas de concessão de crédito. “O modelo de negócios orientado à tecnologia da BizCapital como credor online permite uma maneira inovadora, eficiente e eficaz de fornecer financiamento às PMEs, que são a espinha dorsal da economia brasileira”, afirmou o banco.
No final de março, antes de concluir o aporte, a BizCapital precisou apresentar projeções de como iria responder à crise causada pelo coronavírus. “O investimento demorou um pouco mais para sair por causa da pandemia, mas a boa notícia foi que o investidor não quis desistir do negócio”, diz Ferreira.
Novos produtos
O capital levantado, de acordo com o sócio-fundador Francisco Ferreira, será utilizado para expandir a oferta de produtos da fintech e para investir nos veículos de financiamento da empresa, que opera por meio de FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios). Para isso, a equipe deve passar de 63 para 90 funcionários até o final do ano.
“Devemos lançar em breve uma conta digital. Nossa visão é estar cada vez mais próximos dos nossos clientes, com produtos que eles usam todos os dias”, diz Ferreira. No final do ano, segundo o sócio, a meta é ter outros produtos de crédito disponíveis, como linhas de cheque especial e de crédito com garantia.
A BizCapital planeja também desenvolver um canal de distribuição em parceria com outras empresas. O projeto é oferecer produtos de crédito específicos para uma determinada cadeia de produção. “Uma fabricante de fornos para padaria pode intermediar o financiamento de fornos para seus clientes”, exemplifica Ferreira.
Perspectivas para 2021
Os planos da fintech para 2020 foram desviados de seu caminho por conta da pandemia. Para atender aos clientes, a empresa precisou focar na renegociação dos empréstimos já existentes, oferecendo ajustes e prazos maiores. “A inadimplência subiu com a crise, mas está estável, esperamos ter resultados bons no final do ano, crescendo mais do que era previsto no nosso planejamento inicial”, diz Ferreira.
Para Ferreira, o aporte é uma afirmação dessa visão de que a BizCapital vai superar a crise. “É nesse momento que as empresas sobrevivem e se destacam”, afirma. Os sócios projetam originar mais de 350 milhões de reais em empréstimos até o final do ano.
Em 2021, a meta é concretizar o objetivo de ser a maior fintech para pequenas e médias empresas do Brasil. “Queremos ser mais presentes no dia a dia, sendo mais relevante na vida financeira das empresas e ajudando-as a prosperar”, diz o sócio-fundador.
História da fintech
A BizCapital foi fundada em 2016 pelos empreendedores Cristiano Rocha, Daniel Orlean e Francisco Ferreira. Os sócios se conheceram na faculdade nos anos 1990 e empreenderam juntos na startup de educação Affero Lab, vendida em 2015 para o grupo de mídia alemão Bertelsmann.
Pensando em novos projetos após a venda da empresa de treinamentos, eles decidiram estudar o mercado de fintechs. “Começamos a pesquisar bastante sobre o tema e olhamos para fora do Brasil. No universo de empréstimo online, especialmente para pequenas empresas, vimos casos de sucesso como a Kabbage, que faz o processo de maneira muito automatizada e leva segundos para aprovar o crédito, e Credibly, que usa bancos de dados alternativos para avaliar as empresas”, contou Ferreira anteriormente à EXAME.
A BizCapital nasceu, então, com a proposta de reduzir ao máximo o prazo que o micro e pequeno empresário brasileiro leva para conseguir empréstimos empresariais. Enquanto uma grande instituição financeira demora cerca de 30 dias para aprovar o crédito, o sócio afirma que a BizCapital consegue fazê-lo em até cinco dias. A startup atende empresas que faturam até 5 milhões de reais no ano.
Para pedir um empréstimo, o empreendedor acessa o site e preenche um formulário com as informações mais básicas. O grande diferencial é que a startup é capaz de analisar e ranquear pedidos de crédito em poucos segundos por se integrar a bancos de dados alternativos. São mais de mil fontes de variáveis possíveis e disponíveis online, como perfis em redes sociais.