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5 alternativas que as empresas podem adotar antes de pensar em demitir

EXAME conversou com especialistas para descobrir quais custos as micro e pequenas empresas podem cortar para evitar demissões durante a crise do coronavírus

Micro e pequenas empresas: de acordo com Sebrae, essa categoria corresponde a 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (Tom Werner/Getty Images)
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Carolina Ingizza

Publicado em 13 de abril de 2020 às 06h00.

Última atualização em 14 de abril de 2020 às 16h52.

Os pequenos negócios são os mais afetados pela crise econômica causada pela pandemia de coronavírus . Das mais de 15 milhões de pequenas empresas brasileiras, que correspondem a 30% do Produto Interno Bruto Nacional, 89% já observaram uma queda no faturamento, segundo pesquisa feita pelo Sebrae . Conforme se estende o período de isolamento social, necessário para a contenção da doença, os empreendedores buscam alternativas para não precisar fechar suas empresas.

Alguns optaram por demitir os funcionários, reduzindo o custo fixo da folha de pagamento. Só no setor de restaurantes, a associação nacional estima que as demissões podem ter atingido entre 600 mil e 800 mil trabalhadores no país. A Associação Brasileira das Lojas Satélites (Ablos), que reúne as lojas menores dos shoppings, e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), projetam até 5 milhões de desempregados no comércio até o fim de abril.

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A professora Marina Gama, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, diz que não há muito milagre a ser feito em uma crise desse tamanho, mas defende que haja um esforço coletivo para que não haja demissões agora. “As pequenas empresas demoram tanto para conseguir alguém de confiança, para treinar essas pessoas, investem recursos. Quando a crise passar, a pequena empresa vai precisar desses funcionários”, afirma.

Para tentar entender quais medidas podem ser adotadas pelos empreendedores para salvar o negócio e preservar os empregos, EXAME conversou com especialistas em negócios. Confira as dicas abaixo:

1 - Planejamento é fundamental

Em momentos de crise, o empreendedor é forçado a redobrar o cuidado com o planejamento. Wilson Poit, diretor-superintendente do Sebrae-SP, diz que é hora de redimensionar despesas e fazer uma planilha para ver o fôlego da empresa. “Pode ser no papel ou no computador, o importante é ter tudo planejado”, afirma.

Walter Cavalcante, sócio-fundador da fintech Sinapse Finance, que ajuda pequenas e médias empresas no planejamento financeiro, diz que o empreendedor precisa tentar antecipar quais novos custos vão aparecer, como a compra de álcool gel ou as despesas com logística para envio de produtos. “É um exercício de se planejar e de pensar em profundidade o negócio”, diz o sócio da startup.

2 - Renegociar custos fixos

Para os especialistas, a grande meta durante a crise é conseguir preservar o caixa. “O caixa é o que mata a empresa. Na lista de motivos porque as empresas quebram, a gestão de caixa só perde para briga entre sócios”, diz Cavalcante. Por isso, é hora de renegociar contratos com fornecedores e proprietários de imóveis.

Para Poit, para garantir a sobrevivência do negócio, o micro e pequeno empreendedor não pode ter receio de renegociar todos os custos. “A renegociação precisa acontecer sem vergonha alguma, o “não” já está garantido e todo fornecedor espera a ligação”, diz o diretor do Sebrae.

Na outra ponta, os empresários e locadores também estão mais propensos a aceitar propostas. “Eles entendem que é melhor ganhar algo e manter esse espaço alugado do que perder a renda, porque a crise tem prazo para acabar”, diz a professora Marina Gama.

Outro custo que pode ser adiado é o das contas de água, luz e gás, a depender das medidas adotadas localmente pelas empresas fornecedoras. Segundo a professora, só com a renegociação do aluguel e a suspensão temporária das contas básicas, o pequeno empreendedor pode diminuir de 20% a 30% os seus custos fixos.

3 - Adaptar o negócio

O momento é de reavaliar a política em relação a vendas online. “Muita gente tem tido dificuldade de ter uma venda digital, até uma certa relutância. Esse é o momento de pensar estrategicamente”, diz Poit. Agora é a hora de adaptar o negócio, ligar para os clientes e tentar oferecer os produtos e serviços por delivery.

A pequena empresa precisa buscar medidas criativas para gerar receita mesmo durante o período de quarentena. “ Restaurantes e cafés podem oferecer produto por delivery, músicos podem fazer lives e cobrar um couvert virtual”, diz Cavalcante.Em último caso, é possível vendar alguns ativos da empresa, desde cadeiras até computadores, para tentar levantar capital.

4 - Pegar um empréstimo

Segundo Gama, os empreendedores precisam ficar atentos às linhas de crédito disponibilizadas pelo governo. Neste momento, esse dinheiro pode dar uma sobrevida para os negócios. A professora diz que é melhor evitar as linhas de crédito tradicionais e optar por empréstimos disponibilizados agora pelo governo com o Sebrae e bancos públicos. “Esses caras vão ter as principais linhas de crédito para os pequenos, com juros mensais mais baixos”, afirma.

Cavalcante, por sua vez,recomenda que as pequenas empresas não peguem crédito para pagar gastos do dia a dia. “A crise não deve durar muito mais que três ou quatro meses, então o empreendedor precisa verificar se a rentabilidade da empresa no pós-crise vai conseguir honrar a dívida”, diz.

5 - Reduzir salários ou suspender contratos

O empreendedor com funcionários em regime CLT pode usar a medida aprovada pelo governo que prevê a possibilidade de redução da jornada e suspensão do contrato de trabalho durante a crise do coronavírus. No caso de suspensão, permitida por até 60 dias, os funcionários que recebem até três salários mínimos receberão do governo um benefício correspondente a 100% do seguro-desemprego ao qual ele teria direito.

Já a redução de jornada poderá ser feita desde que o salário por hora pago ao funcionário seja mantido e não fique menor do que um salário mínimo. O valor da redução, que pode ser de 25%, 50% e 70%, será pago do governo ao empregado na mesma proporção do seguro-desemprego ao qual ele teria direito.

Para que esses acordos de redução de salário e jornada de funcionários sejam válidos, segundo decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), é necessária comunicação aos sindicatos. Além disso, o empregador tem que encaminhar os acordos ao ministério da Economia pelo site e aplicativo Empregador Web para que o pagamento seja feito pelo governo.

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