Alguns empregados desaprovaram o sistema estelar, chamando-o de infantil (Joe Raedle/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2019 às 06h00.
Última atualização em 3 de maio de 2019 às 06h00.
O Walmart quer mudar a forma como seus funcionários trabalham.
A varejista, que tem a maior força de trabalho dos Estados Unidos, está testando uma ampla estrutura para o funcionamento de suas lojas, que incluem mudanças no desempenho de tarefas e responsabilidades e enfatizam o trabalho em equipe, a prestação de contas e o aperfeiçoamento de habilidades. O novo modelo, chamado de “Great Workplace” (ótimo ambiente de trabalho), já foi adotado em cerca de 75 unidades, principalmente nas lojas de menor porte da rede Neighborhood Market, e será implementado em departamentos específicos em mais de 50 de seus enormes "supercenters" no mês que vem.
O novo modelo prevê reajustes para alguns supervisores que ganham por hora e os que recebem um salário fixo que, em troca, vão assumir mais responsabilidades de liderança. Funcionários de postos mais baixos na hierarquia vão receber mais treinamento, apoio adicional dos gerentes e maior reconhecimento pelo trabalho bem-feito.
O objetivo é melhorar a reputação do Walmart como empregador. A varejista tem sido alvo de ataques de sindicatos há décadas e enfrentado uma série de processos que acusam a varejista de tudo, desde discriminação de gênero e idade até o não pagamento de funcionários durante os períodos de descanso em seus turnos.
Os gerentes de lojas permanecem no topo da nova estrutura, mas agora vão supervisionar alguns “líderes de negócio”, funcionários encarregados de administrar as finanças da loja e contratações, entre outras funções. Os salários dessa nova categoria serão cerca de 10% mais altos do que os dos atuais assistentes de gerentes de lojas, segundo um porta-voz do Walmart. Reportando-se a eles estarão os “líderes de equipe”, cujo salário inicial será de US$ 18 por hora. Essa categoria vai supervisionar grupos de oito a dez funcionários da linha de frente.
Funcionários com bom desempenho ganharão “estrelas” - várias estrelas azuis podem ser trocadas por uma estrela de prata, e as de pratas podem levar às estrelas de ouro. Os que receberem estrelas de ouro ganharão uma recompensa definida pelo líder da loja, que poderia ser um almoço com o gerente, segundo documentos da empresa. Alguns empregados desaprovaram o sistema estelar, chamando-o de infantil. Segundo um porta-voz do Walmart, a empresa pode fazer mudanças nesse e em outros aspectos do programa.
O Great Workplace também detalha como as reuniões da equipe devem ser conduzidas, começando com uma saudação de incentivo do Walmart e depois analisando dados de vendas e discutindo o trabalho atribuído. Os documentos também sugerem “trazer um saco de doces para distribuí-los para aqueles que sugerem ideias discutidas em reuniões”.
Enquanto adota medidas para resolver questões da força de trabalho, o Walmart também passa a utilizar robôs para executar tarefas repetitivas como limpar o chão e organizar as entregas. A empresa disse que a automação não substituirá os humanos, e sim liberá-los para interagir mais com os clientes.
“Vamos competir com tecnologia, mas ganhar com pessoas”, disse Doug McMillon, presidente do Walmart, em documentos internos vistos por Bloomberg.