Venda de carteiras está travada pós-PanAmericano, diz Anbima
Segundo a associação, suspeita de fraude do banco do Grupo Silvio Santos causou o travamento
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2010 às 14h06.
São Paulo - O mercado de venda de carteiras de crédito entre instituições financeiras “travou” e ainda não voltou a funcionar normalmente depois da crise no Banco PanAmericano SA, disse Alfredo Moraes, vice-presidente de renda fixa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.
“O Banco PanAmericano fechou o mercado de cessão, travou”, disse o executivo da Anbima, em entrevista ontem em São Paulo. “Houve uma desconfiança em relação ao instrumento. Isso não é resolvido facilmente. Se fosse, já teria sido resolvido.”
O travamento, segundo o vice-presidente da Anbima, ocorreu após o Banco Central informar em novembro que detectou suspeita de fraude no PanAmericano, relacionada a vendas de carteiras para outros bancos, que teriam sido registradas em duplicidade nos balanços da instituição.
Os bancos agora estão “revendo os controles”, disse Moraes. Uma das dificuldades, segundo ele, é que a cobrança do cliente que tomou o empréstimo é feita pelo banco que vendeu a carteira, não pelo que comprou.
“Precisamos acertar um jeito de medir a segurança para fazer esse negócio”, disse o executivo. “Vão mudar os controles.”
O Ministério Público Federal instaurou uma investigação criminal no dia 12 de novembro, para apurar possíveis fraudes no PanAmericano. As irregularidades contábeis resultaram em um socorro de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos ao controlador do banco, o Grupo Silvio Santos, que fez um aporte de mesmo valor no PanAmericano, dando como garantia as 44 empresas do grupo.