Vale suspende produção de pelotizadoras por demanda fraca
A interrupção das unidades representa um corte da ordem de 18,3 por cento da produção de pelotas do total produzido pela mineradora
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 17h24.
Rio de Janeiro - A Vale vai suspender a produção de 3 de suas 10 plantas de pelotização no Brasil, reduzindo o fornecimento de um produto mais caro e de maior eficiência industrial para aumentar a venda de minério de ferro mais bruto --um ajuste para se adequar à demanda mais fraca por aço no mundo.
A maior produtora global de minério de ferro informou nesta quinta-feira que interromperá temporariamente as operações das pelotizadoras de São Luiz, no Maranhão, e de Tubarão I e II, no Espírito Santo, a partir de 8 de outubro e 13 de novembro, respectivamente.
"Por um lado esse corte é bom porque mostra agilidade da Vale, mas também é ruim porque expõe a fragilidade da demanda", afirmou o analista Leonardo Alves, da J.Safra Corretora.
A interrupção das unidades representa um corte da ordem de 18,3 por cento da produção de pelotas do total produzido pela mineradora, segundo dados da produção do primeiro semestre. As unidades foram responsáveis pela produção de 4,926 milhões de toneladas métricas de pelotas durante o primeiro semestre de 2012.
"Pelotas não estão dando boa rentabilidade e o mercado ainda é fraco", avalia Marcelo Aguiar, do Goldman Sachs.
Os preços do minério caíram mais de 22 por cento no terceiro trimestre, em sua maior queda trimestral já registrada, à medida que o fraco desempenho da economia da China diminuiu a demanda por aço e, por consequência, a demanda por sua principal matéria-prima.
A Vale passará a direcionar a produção de suas minas de ferro para a ampliação de minério "sinter feed", reduzindo a produção de "pellet feed", disse a companhia em fato relevante.
A parcela de minério que deixará de ser processada para virar pelota será vendida agora com menos valor agregado, já que o mercado não está pagando bem por isso, avaliam os especialistas.
"Se o mercado não está pagando por este valor agregado, melhor não fazer", avalia Alves.
Em condições normais de mercado, as usinas consomem pelotas com mais ênfase, entre outras razões, para aumentar a competitividade da produção.
No entanto, com a demanda mais fraca por aço no mundo, as siderúrgicas preferem reduzir a quantidade de pelotas, mais caras que o minério em estado mais bruto, já que não há necessidade de elevar a produtividade do alto-forno, explica o consultor do setor de mineração José Mendo de Souza.
"Se evidencia retração do consumo de pelotas em favor de maior utilização de sinter feed", informou a empresa.
As pessoas empregadas nas plantas paralisadas serão realocadas para outras atividades operacionais da Vale, segundo a empresa, que não informou quando essas unidades voltariam a operar.