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Vale prioriza minério de qualidade para driblar preços em queda

Companhia manteve a previsão de produzir 390 milhões de toneladas de minério neste ano, alta de 6,4% ante 2017

Minério de ferro: Schvartsman frisou que os produtos de menor qualidade estão sendo mais penalizados no mercado, e os de maior qualidade, compensados (Beawiharta/Reuters)
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Reuters

Publicado em 26 de abril de 2018 às 19h46.

A mineradora Vale está trabalhando para minimizar efeitos de uma queda dos preços do minério de ferro no segundo trimestre, ante o período anterior, por meio de sua estratégia de substituir produção de menor qualidade com produtos de alto valor, afirmou o CEO da companhia, Fabio Schvartsman, nesta quinta-feira.

Maior produtora global de minério de ferro, a brasileira vem implementando medidas para elevar os prêmios cobrados por seus produtos, diante do aumento da produção em Carajás (PA), com maior teor de ferro, e da administração estoques e "blending" de forma a valorizar rendimentos.

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"Nós estamos enfrentando uma situação de redução de preços do minério de ferro", disse Schvartsman, durante uma teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados da empresa nos primeiros três meses do ano.

"O minério de ferro neste momento está aproximadamente 8 dólares mais baixo que a média de preço do primeiro trimestre, o que obviamente faz exigir novamente um esforço da Vale no sentido de compensar, através de outras ações, essa situação."

A estratégia já vinha sendo administrada pela companhia nos trimestres anteriores, o que levou a limitar perdas nos primeiros três meses deste ano, quando o lucro líquido da companhia caiu 35 por cento ante o mesmo período de 2017, diante de preços mais baixos de sua principal commodity.

"Os preços do minério de ferro estão abaixo do que estavam no primeiro trimestre. No entanto, os prêmios de qualidade e pelotas continuam bastante robustos, o que beneficia a Vale", disse o JP Morgan, em relatório a clientes.

Segundo o presidente da Vale, o mercado continua "muito estável" no que se refere aos prêmios pagos pelo minério da empresa extraído em Carajás, no Pará, de melhor qualidade.

Schvartsman frisou que os produtos de menor qualidade estão sendo mais penalizados e os de maior qualidade, compensados. Como consequência, frisou que o índice Platts está menos volátil.

"O índice, neste momento, começa a trabalhar dentro daquela nossa linha, de busca de previsibilidade, passa a ser um índice bem mais comportado e, ao nosso juízo, é algo que veio para ficar é estrutural", disse Schvartsman.

O preço do minério de ferro no mercado físico da China está em cerca de 66 dólares por tonelada, queda de 16,51 por cento desde o pico do ano, registrado em 1º de março, segundo indicador da Metal Bulletin.

O Bradesco BBI ressaltou em nota a clientes que Schvartsman reiterou o compromisso da empresa com a disciplina de alocação de capital e que a distribuição de dividendos será uma prioridade.

Segundo Schvartsman, se o cenário permanecer similar durante o ano, a empresa poderá pagar 1 bilhão de dólares por cada trimestre deste ano.

As ações da companhia fecharam em alta de 1,56 por cento.

Preços do minério

Para o ano, no entanto, a Vale prevê uma recuperação dos preços do minério de ferro.

"Eu não vejo nenhuma razão para termos preço no ano menor do que no ano passado, que era algo em torno de 70 dólares", afirmou o diretor-executivo de Minerais Ferrosos e Carvão da Vale, Peter Poppinga.

O executivo reafirmou estimativa de que a nova oferta de minério no mercado transoceânico some 40 milhões de toneladas em 2018, sendo que metade do montante será colocado pela Vale, o que será feito de forma responsável, segundo a companhia.

A Vale manteve a previsão de produzir 390 milhões de toneladas neste ano, alta de 6,4 por cento ante 2017, apesar de ponderar que a extração no primeiro semestre do ano deverá ficar semelhante a do mesmo período do ano anterior.

Contribuirá com o aumento da produção a mina S11D, projeto gigante da Vale em Canaã dos Carajás (PA), que tem previsão de produzir de 50 milhões a 55 milhões de toneladas em 2018, ante 22 milhões em 2017.

"A administração mantém sua perspectiva construtiva sobre o mercado de minério de ferro e vê a extensão dos cortes de capacidade de aço na China, fornecendo suporte não apenas para os preços do aço, mas para demanda de minério de ferro de maior qualidade", disse a corretora Cowen and Company, em relatório a clientes.

No entanto, Poppinga reiterou que a Vale não prevê inundar o mercado com minério de ferro de alto teor de Carajás, o que poderia causar impactos nos preços.

"Nós estamos com este tipo de minério completamente 'sold out' nos próximos anos, em contratos de longo prazo e colocando inclusive esse minério em novos segmentos", disse Poppinga, destacando que o produto está indo para diversos mercados, incluindo Leste Europeu, Índia e até mesmo Brasil.

"Algumas usinas brasileiras vão começar a usar o Carajás, nós vamos fazer cabotagem...", afirmou, sem oferecer mais detalhes.

Um grande percentual de minério de Carajás, segundo o executivo, também está sendo empenhado em pelotização. Poppinga, no entanto, não apresentou números.

A empresa retomou no primeiro trimestre a produção de pelotas na planta de Tubarão II, e prevê ainda reiniciar atividades em Tubarão I e da pelotizadora de São Luís, no segundo e terceiro trimestres, respectivamente, beneficiando-se do aumento dos termos negociados do prêmio de pelotas.

Poppinga disse ainda que os grandes estoques de 160 milhões de toneladas na China não são uma preocupação para a companhia e ressaltou que, do total, cerca 30 milhões estão "encalhados", uma vez que têm qualidade muito baixa.

"Não me preocupo nem um pouquinho", disse o executivo, ressaltando que a própria Vale tem uma estratégia de aumentar estoques no exterior para buscar melhores rendimentos futuramente.

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