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Vale espera recuperar posto de número 2 da Rio Tinto

Para reconquistar a posição, a mineradora planeja resolver problemas regulatórios no Brasil e expandir sua produção de minério de ferro


	Mina de carvão da Vale: a maior produtora de minério de ferro reduziu ontem seu orçamento anual de investimento pelo terceiro ano consecutivo, para US$ 14,8 bilhões
 (Gianluigi Guercia/AFP)

Mina de carvão da Vale: a maior produtora de minério de ferro reduziu ontem seu orçamento anual de investimento pelo terceiro ano consecutivo, para US$ 14,8 bilhões (Gianluigi Guercia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2013 às 13h32.

Rio de Janeiro e Nova York - A Vale SA, que no ano passado perdeu o título de segunda mineradora mais valiosa do mundo para a Rio Tinto Group, espera reconquistar a posição após resolver problemas regulatórios no Brasil e expandir sua produção de minério de ferro.

A empresa com sede no Rio de Janeiro vê “muito mais campo” para que suas ações subam em um momento em que diminuem as preocupações dos investidores a respeito de impostos devidos, atrasos em licenças ambientais e novos royalties de mineração, disse o diretor financeiro Luciano Siani, ontem, em uma entrevista, de Nova York.

A Vale está ampliando sua capacidade de produção de minério de ferro em 9 por cento a 10 por cento anualmente nos próximos cinco anos para sustentar sua liderança no mercado do ingrediente para fabricação do aço, disse ele.

“Nós recuperaremos isso”, disse Siani, 43, a respeito da perda do segundo lugar, em outubro de 2012, para a Rio Tinto, com sede em Londres. “Após sete anos de crescimento baixo da produção, nós finalmente descongestionamos o que era preciso para seguir crescendo”.

A Vale, maior produtora de minério de ferro, reduziu ontem seu orçamento anual de investimento pelo terceiro ano consecutivo, para US$ 14,8 bilhões, o mais baixo desde 2010, enquanto procura aumentar os lucros por meio do corte de custos e desfazendo-se de ativos com retornos menores.

A empresa, cujas ações têm o pior desempenho entre as três maiores mineradoras neste ano, está buscando reforçar a confiança do investidor reduzindo as despesas e focando em um número menor de projetos.


A Rio Tinto superou a Vale como a segunda maior mineradora do mundo em valor de mercado em outubro de 2012 e a diferença se estendeu para US$ 22,7 bilhões ontem, a mais ampla desde novembro de 2006, segundo dados compilados pela Bloomberg. A BHP Billiton Ltd. é a maior mineradora, com um valor de US$ 170 bilhões.

Acordo tributário

As ações da Vale caíram 21 por cento neste ano, reduzindo o valor de mercado da empresa para US$ 77,7 bilhões, contra US$ 100 bilhões da Rio Tinto.

Em 27 de novembro, a Vale fechou acordo para pagar R$ 22,3 bilhões (US$ 9,5 bilhões) para liquidar um processo fiscal de uma década no Brasil a respeito dos lucros de suas subsidiárias estrangeiras. A empresa acredita em “uma boa resolução” sobre o novo código de mineração proposto no Brasil, que inclui um aumento em royalties que não é significativo, disse ele.

“Há as chamadas pendências sobre as ações, que são as obrigações fiscais que nós solucionamos e o código de mineração, que está tramitando no Congresso Nacional”, disse Siani durante a entrevista. “Quando essas dúvidas forem esclarecidas haverá muito mais espaço para que a ação suba”.

Embora a Vale tenha reduzido sua previsão de crescimento da produção de minério de ferro no orçamento de 2014, a empresa tem o objetivo de expandir sua capacidade em 50 por cento nos próximos cinco anos, disse Siani, ex-funcionário do BNDES.


Vendas de ativos

A Vale espera aumentar sua participação no mercado internacional de minério de ferro para 29 por cento até 2018, contra 23 por cento neste ano, segundo uma apresentação da empresa, ontem. A produção provavelmente crescerá para 312 milhões de toneladas em 2014, ante 306 milhões de toneladas neste ano, disse a empresa.

“Nós temos certeza de que atingiremos 450 milhões de toneladas em 2018 e isso nos colocará, indiscutivelmente, como líderes”, disse ele.

A Vale neste ano vendeu ativos avaliados em pelo menos US$ 3 bilhões, reduziu custos em US$ 2 bilhões e aumentou os dividendos. A empresa ainda vê “muitas oportunidades para se tornar mais enxuta e baixar os custos e ainda ser capaz de atender a demanda”, disse Siani.

“A demanda absoluta incremental por recursos ainda será muito interessante daqui para frente, embora as taxas de crescimento sejam menores”, disse ele. “Agora o que estamos vendo é uma demanda real. O crescimento da produção de aço foi de quase 10 por cento neste ano na China, então estamos falando de coisas reais”.

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