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Vale aguarda melhor momento para negociar minério

Por Mônica Ciarelli Rio - O presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou hoje que existe uma "tendência de alta" no preço do minério de ferro para 2010. Entretanto, o executivo não fez previsões sobre o aumento. Segundo ele, a demanda pelo insumo "está forte" e a mineradora aguarda o melhor momento para começar a negociar […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.

Por Mônica Ciarelli

Rio - O presidente da Vale, Roger Agnelli, afirmou hoje que existe uma "tendência de alta" no preço do minério de ferro para 2010. Entretanto, o executivo não fez previsões sobre o aumento. Segundo ele, a demanda pelo insumo "está forte" e a mineradora aguarda o melhor momento para começar a negociar com seus clientes o preço de referência para 2010.

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Para Agnelli, não há motivos para que a Vale queira acelerar o início das negociações com os clientes. "Você tem contratos que valem até abril. Não tem porque querer acelerar a negociação. Tem que ser com calma", afirmou.

O presidente da Vale lembrou que já existe um consenso no mercado em torno de um aumento no preço do minério de ferro. Os analistas do setor projetam um reajuste entre 10% e 20% em 2010. "Acho que tem demanda, mas evidentemente os clientes não querem (a alta)", disse o executivo.

A negociação com a China é considerada relevante pelo executivo, que lembra que o país consome 50% do minério de ferro negociado no mundo. "Em qualquer hipótese, temos de sentar e conversar com os chineses". Em 2009, o país foi o único a não aceitar oficialmente o acordo da Vale que reduziu em 28% o preço do minério.

A desvalorização do dólar ante as principais moedas - inclusive o real - é um fator que, segundo Agnelli, também vai influenciar na negociação do preço da commodity em 2010. "O dólar está fraquejando em relação a outras moedas. Isso se reflete em aumento de custo de produção e no preço das commodities de modo geral", afirmou. O executivo acredita que a recuperação do valor das matérias-primas ao longo de 2009 também deve influenciar nas negociações do próximo ano.

Agnelli participa hoje da cerimônia de entrega do prêmio "O Equilibrista do Ano", do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros (Ibef), no Rio de Janeiro.

Greve no Canadá

O presidente da Vale afirmou hoje que a empresa está aberta a negociar com o sindicato no Canadá que lidera a greve dos funcionários da Vale Inco desde julho deste ano. Entretanto o executivo ressaltou que a companhia não pretende recuar na proposta apresentada aos trabalhadores que altera as regras do plano de previdência e o modelo de participação nos lucros dos funcionários. "Acho que não devemos abrir mão, porque não dá para tratar duas áreas, duas minas, como exceção dentro de uma empresa de um grupo como a Vale", afirmou.

As operações da Vale Inco nas minas de Sudbury e Voisey's Bay correspondem a 10% da produção mundial de níquel. O executivo confirmou que a companhia pretende se encontrar com representantes do sindicato essa semana. "Devem estar ocorrendo algumas reuniões com Voisey's Bay, não com Sudbury" revelou o executivo. Segundo ele, a proposta apresentada pela Vale vem sendo defendida pelos trabalhadores da empresa que não fazem parte do sindicato.

As duas principais mudanças propostas pela Vale são relativas ao plano de previdência e ao modelo de participação nos lucros. O principal foco de questionamento dos sindicalistas está no modelo de previdência. Atualmente os funcionários recebem um plano de benefício definido, que consiste no funcionário saber o valor que irá receber na época da aposentadoria. A intenção da Vale é mudar para um de contribuição definida onde se sabe o valor da contribuição, e não o quanto irá receber no futuro.

Outro ponto de discórdia diz respeito ao modelo de remuneração. Hoje o acordo prevê que a participação dos lucros esteja condicionada ao preço do níquel cotado na Bolsa de Metais de Londres. A Vale quer alterar para o modelo que leva em conta o resultado da companhia e não o valor do metal. "Na Vale temos a figura da meritocracia. A remuneração tem que ser baseada em termos de desempenho, em termos de resultado da companhia", disse.

Segundo Agnelli, os trabalhadores da Vale Inco fora do Canadá também estão sofrendo com a greve, em função da demora na definição do plano de participação dos lucros. "O que estamos olhando é responsabilidade enquanto gestores de uma empresa saudável, competitiva no médio e no longo prazo. Não estamos olhando com objetivo de curto prazo", disse.

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