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Uber cresce 10 vezes e já tem 50 mil motoristas

Além do Uber, três aplicativos também estão cadastrados para operar na capital paulista hoje: Cabify, 99POP e Easy Go

Uber: na semana passada, a gestão municipal decidiu mudar a cobrança de taxas dos aplicativos de transporte
DR

Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2016 às 11h39.

São Paulo - Um ano após as primeiras polêmicas envolvendo o Uber no país, o número de motoristas na empresa americana cresceu dez vezes no período, atingindo 50 mil parceiros.

Em meio a condutores insatisfeitos com casos de assalto recentes e queixas de baixo retorno financeiro, além da sobretaxa anunciada pela Prefeitura de São Paulo para combater o monopólio do Uber, empresas concorrentes começam a ganhar espaço.

Além do Uber, três aplicativos também estão cadastrados para operar na capital paulista hoje: Cabify, 99POP e Easy Go.

Essas empresas não informaram o número de veículos e de downloads. Há ainda outras quatro em processo de credenciamento - questionada, a Prefeitura não informou quais.

Na semana passada, a gestão municipal decidiu mudar a cobrança de taxas dos aplicativos de transporte. A outorga cobrada, agora, crescerá de acordo com o tamanho da empresa.

Na prática, a sobretaxa deverá encarecer as viagens do Uber em relação aos concorrentes. A mudança é para evitar que a americana domine o mercado paulistano.

Segundo dados do Uber obtidos pela reportagem, a meta de 50 mil colaboradores no Brasil foi estipulada em fevereiro.

Em setembro de 2015, então com 5 mil motoristas parceiros no Rio e em São Paulo, a empresa havia colocado como meta chegar a 30 mil colaboradores neste ano.

De acordo com a empresa, eram cerca de 500 mil usuários na época - quando se considerava o número de downloads do APP.

Hoje, o Uber atua em 27 cidades e chegou a 4 milhões de usuários ativos - quem usou o serviço pelo menos uma vez nos últimos três meses. O Estado procurou o Uber, que não quis comentar os dados.

Em São Paulo, após a regulamentação dos aplicativos de transporte, em maio, e a mudança na cobrança da taxa para quebrar o monopólio do Uber, a demanda dos usuários e dos motoristas também tem crescido em outros aplicativos.

Segundo o diretor-geral do Cabify Brasil, Daniel Velazco-Bedoya, a fila de espera para ser colaborador da empresa espanhola é de 30 mil pessoas, considerando, além da capital paulista, Rio, Porto Alegre e Belo Horizonte.

"Estamos atualizando nossa previsão de crescimento. (A sobretaxa) afeta diretamente. Esperamos que tenha migração não apenas de parceiro, mas de usuários. Ou a empresa vai absorver os custos, que podem ser altos, ou pode repassar para o usuário. Se for repassado para o usuário, deve haver uma migração", afirmou Velazco-Bedoya.

De acordo com informações do gerente de relações-públicas da 99POP, Ricardo Ricardo Kauffman, nas últimas duas semanas as corridas com o aplicativo cresceram 48%, na comparação com as duas últimas semanas de setembro.

Segundo ele, no mesmo período, houve aumento de 46% no número de motoristas que ativaram o 99POP, serviço da empresa 99 com motoristas particulares.

Até o fim do ano, o aplicativo planeja expansão para o Rio. "Estamos bastante satisfeitos por conseguir atrair novos passageiros pela qualidade, agora que conseguimos preço mais competitivo", diz ele.

Sem detalhar, o diretor Brasil Geral da Easy Go, Fernando Matias, disse que um dos investimentos da empresa para se tornar mais competitiva é a redução "dos custos dos motoristas" para deixar o valor das corridas mais acessível, como abastecimento em postos de gasolina.

Pesquisa

Antes de recorrer a um dos aplicativos, a publicitária Marcela Caló, de 25 anos, faz pesquisa de preço entre três opções: Uber, Cabify e táxi. Se está com pressa, opta pelos taxistas, que têm permissão para trafegar em corredores e faixas de ônibus. Entre Uber e Cabify, a escolha toma por base o valor a ser pago pela viagem.

"Não me preocupo tanto com o serviço. Se o carro estiver detonado, reparo e dou pontuação menor. Mas em geral acabo escolhendo por desconto, por qual viagem sairá mais barata. Às vezes, entre um aplicativo e outro, a diferença é de R$ 10", diz.

A professora de Direito Público da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Dinorá Grotti, reconhece que a sobretaxa criada pela Prefeitura deve provocar uma competição mais acirrada entre os aplicativos.

Ela avalia, porém, que a regulamentação por decreto e a falta de uma lei criam insegurança jurídica "generalizada".

Para o motorista do Uber André Pimenta, de 37 anos, a empresa só vai deixar de perder colaboradores se reduzir a taxa de 25% de cada corrida, que fica com o aplicativo.

Ele está há dez meses no aplicativo e, no início, o lucro era o seu sustento. Agora, acumulou "bicos" e passou a procurar um emprego fixo. "Penso em sair se não houver valorização melhor do parceiro", afirma Pimenta.

A socióloga Raquel Alonso, de 32 anos, usou o Uber no máximo cinco vezes neste ano. E não quer repetir a experiência. "As empresas de aplicativo têm usado a imagem de novo modelo de tecnologia como venda de uma ilusão. Você diz para o motorista que ele tem mais flexibilidade de trabalho, que está mais livre. Mas, na verdade, a pessoa está mais presa. Sem nenhuma garantia, ela acaba trabalhando muito mais. É uma precarização", afirma. Hoje, quando não está usando transporte coletivo público, só usa táxi.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - Um ano após as primeiras polêmicas envolvendo o Uber no país, o número de motoristas na empresa americana cresceu dez vezes no período, atingindo 50 mil parceiros.

Em meio a condutores insatisfeitos com casos de assalto recentes e queixas de baixo retorno financeiro, além da sobretaxa anunciada pela Prefeitura de São Paulo para combater o monopólio do Uber, empresas concorrentes começam a ganhar espaço.

Além do Uber, três aplicativos também estão cadastrados para operar na capital paulista hoje: Cabify, 99POP e Easy Go.

Essas empresas não informaram o número de veículos e de downloads. Há ainda outras quatro em processo de credenciamento - questionada, a Prefeitura não informou quais.

Na semana passada, a gestão municipal decidiu mudar a cobrança de taxas dos aplicativos de transporte. A outorga cobrada, agora, crescerá de acordo com o tamanho da empresa.

Na prática, a sobretaxa deverá encarecer as viagens do Uber em relação aos concorrentes. A mudança é para evitar que a americana domine o mercado paulistano.

Segundo dados do Uber obtidos pela reportagem, a meta de 50 mil colaboradores no Brasil foi estipulada em fevereiro.

Em setembro de 2015, então com 5 mil motoristas parceiros no Rio e em São Paulo, a empresa havia colocado como meta chegar a 30 mil colaboradores neste ano.

De acordo com a empresa, eram cerca de 500 mil usuários na época - quando se considerava o número de downloads do APP.

Hoje, o Uber atua em 27 cidades e chegou a 4 milhões de usuários ativos - quem usou o serviço pelo menos uma vez nos últimos três meses. O Estado procurou o Uber, que não quis comentar os dados.

Em São Paulo, após a regulamentação dos aplicativos de transporte, em maio, e a mudança na cobrança da taxa para quebrar o monopólio do Uber, a demanda dos usuários e dos motoristas também tem crescido em outros aplicativos.

Segundo o diretor-geral do Cabify Brasil, Daniel Velazco-Bedoya, a fila de espera para ser colaborador da empresa espanhola é de 30 mil pessoas, considerando, além da capital paulista, Rio, Porto Alegre e Belo Horizonte.

"Estamos atualizando nossa previsão de crescimento. (A sobretaxa) afeta diretamente. Esperamos que tenha migração não apenas de parceiro, mas de usuários. Ou a empresa vai absorver os custos, que podem ser altos, ou pode repassar para o usuário. Se for repassado para o usuário, deve haver uma migração", afirmou Velazco-Bedoya.

De acordo com informações do gerente de relações-públicas da 99POP, Ricardo Ricardo Kauffman, nas últimas duas semanas as corridas com o aplicativo cresceram 48%, na comparação com as duas últimas semanas de setembro.

Segundo ele, no mesmo período, houve aumento de 46% no número de motoristas que ativaram o 99POP, serviço da empresa 99 com motoristas particulares.

Até o fim do ano, o aplicativo planeja expansão para o Rio. "Estamos bastante satisfeitos por conseguir atrair novos passageiros pela qualidade, agora que conseguimos preço mais competitivo", diz ele.

Sem detalhar, o diretor Brasil Geral da Easy Go, Fernando Matias, disse que um dos investimentos da empresa para se tornar mais competitiva é a redução "dos custos dos motoristas" para deixar o valor das corridas mais acessível, como abastecimento em postos de gasolina.

Pesquisa

Antes de recorrer a um dos aplicativos, a publicitária Marcela Caló, de 25 anos, faz pesquisa de preço entre três opções: Uber, Cabify e táxi. Se está com pressa, opta pelos taxistas, que têm permissão para trafegar em corredores e faixas de ônibus. Entre Uber e Cabify, a escolha toma por base o valor a ser pago pela viagem.

"Não me preocupo tanto com o serviço. Se o carro estiver detonado, reparo e dou pontuação menor. Mas em geral acabo escolhendo por desconto, por qual viagem sairá mais barata. Às vezes, entre um aplicativo e outro, a diferença é de R$ 10", diz.

A professora de Direito Público da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Dinorá Grotti, reconhece que a sobretaxa criada pela Prefeitura deve provocar uma competição mais acirrada entre os aplicativos.

Ela avalia, porém, que a regulamentação por decreto e a falta de uma lei criam insegurança jurídica "generalizada".

Para o motorista do Uber André Pimenta, de 37 anos, a empresa só vai deixar de perder colaboradores se reduzir a taxa de 25% de cada corrida, que fica com o aplicativo.

Ele está há dez meses no aplicativo e, no início, o lucro era o seu sustento. Agora, acumulou "bicos" e passou a procurar um emprego fixo. "Penso em sair se não houver valorização melhor do parceiro", afirma Pimenta.

A socióloga Raquel Alonso, de 32 anos, usou o Uber no máximo cinco vezes neste ano. E não quer repetir a experiência. "As empresas de aplicativo têm usado a imagem de novo modelo de tecnologia como venda de uma ilusão. Você diz para o motorista que ele tem mais flexibilidade de trabalho, que está mais livre. Mas, na verdade, a pessoa está mais presa. Sem nenhuma garantia, ela acaba trabalhando muito mais. É uma precarização", afirma. Hoje, quando não está usando transporte coletivo público, só usa táxi.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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