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Theranos: maior promessa da saúde não entrega o que promete

As inexatidões, acusações e investigações abalaram seriamente o valor de mercado da empresa

Elizabeth Holmes, da startup Theranos: acusações e investigações abalaram o seu valor de mercado (Divulgação/Theranos)

Karin Salomão

Publicado em 2 de junho de 2016 às 15h23.

São Paulo - A história era boa demais para ser verdade: com apenas uma gota de sangue , seria possível realizar mais de 240 exames, de colesterol a câncer. Além de evitar agulhas incômodas, o método inovador também seria muito mais barato.

Assim, as pessoas seriam menos relutantes em realizar exames de sangue e doenças poderiam ser diagnosticadas mais cedo, salvando vidas.

Com essa promessa, a Theranos arrecadou cerca de US$ 700 milhões com investidores desde que foi fundada, em 2003, e alcançou um valor de mercado de US$ 9 bilhões, segundo a Forbes.

A fundadora e CEO da empresa , Elizabeth Holmes, 31, foi uma das mais jovens do mundo a figurar na lista de mulheres bilionárias que fizeram sua própria fortuna.

Com 50% das ações da companhia , ela chegou a ter US$ 4,5 bilhões em valor de mercado.

Declínio

Mas, conforme os investidores e agências de regulação americanas foram pedindo mais dados sobre a qualidade e precisão dos exames, feitos por uma máquina chamada Edison, a empresa começou a ter sérios problemas.

Um ex-funcionário acusou a empresa, em uma matéria do Wall Street Journal, de divulgar testes imprecisos, o que pode ser uma violação das leis federais para laboratórios de exames.

A empresa exagerou ao dizer que precisaria de apenas poucas gotas de sangue. A verdade é que são necessários três frascos pequenos, ao invés dos tradicionais seis frascos grandes.

Em 2014, ela conseguia realizar apenas 15 testes dos 240 prometidos. Uma denúncia levantada contra a Theranos foi que os outros exames eram feitos em máquinas das concorrentes, como a Siemens.

A startup rebateu a acusação de que apenas 15 testes são feitos na sua máquina – mas não esclareceu quantos exames realmente são.

O advogado da empresa, David Boies, afirmou ao Wall Street Journal que a transição para realizar todos os testes com a máquina da Theranos é um objetivo que levará tempo, mas que eventualmente será alcançado.

Heather King, um dos membros do conselho da empresa, disse que já foram realizados milhões de exames e que seus resultados são precisos. Além disso, saem em 15 minutos, uma grande vantagem em uma emergência.

Investigações

Em janeiro deste ano, a Medicare, programa social de seguros, encontrou erros nos exames de sangue, problemas que a empresa prometeu corrigir.

Por conta dessas acusações, ela está sob investigação pela procuradoria dos Estados Unidos, pela FDA (Food and Drug Administration, agência de regulamentação) e departamentos estaduais de saúde.

As inexatidões, acusações e investigações abalaram seriamente o valor de mercado da empresa. A Forbes revisou sua avaliação da Theranos e concluiu que ela não valeria US$ 9 bilhões, mas sim apenas US$ 800 milhões.

Com isso, a fortuna de Elizabeth Holmes foi de US$ 4,5 bilhões para zero. Isso porque as suas ações não são preferenciais. No caso de falência da companhia, os acionistas e investidores receberiam as indenizações antes dela.

Em entrevista ao NBC, Holmes afirmou que está “devastada” pelos erros nos exames de sangue. Mas que “absolutamente” acredita que a empresa irá sobreviver.

“Eu sei o que construímos e o que criamos e eu sei o que significa para as pessoas. Essa é uma mudança que precisa acontecer no mundo”, disse.

São Paulo – A desaceleração do crescimento global, aliada ao colapso no preço das commodities e queda nos mercados de ações nos EUA e China, levou as grandes empresas do mundo a faturarem menos em 2015. É o que mostra o ranking Forbes Global 2000, da Revista Forbes , que lista os maiores negócios globais com base na média ponderada de receitas, lucros, ativos e valores de mercado das companhias. Das 2000 listadas, 586 são norte-americanas, 249 são da China (continental e Hong Kong) e 219 são do Japão. O Brasil está presente no ranking com 19 negócios, liderados pelo Itaú . Veja quais são as empresas brasileiras entre as 2.000 maiores do mundo.
  • 2. Itaú Unibanco

    2 /21(Wikimedia Commons)

  • O Itaú Unibanco aparece em primeiro lugar entre as empresas brasileiras listadas na Forbes Global 2000 e na 63ª posição no ranking geral. Fundado em 1944, o banco tem hoje mais de 90.000 funcionários e um valor de mercado estimado em US$ 50,5 bilhões, sendo a 181ª companhia mais valiosa do mundo, segundo o estudo.
  • 3. Bradesco

    3 /21(Adriano Machado/Bloomberg News)

  • O banco Bradesco ocupa o 78º lugar entre as maiores empresas do mundo, mesmo tendo um faturamento e número de empregados superior ao do Itaú na lista: US$ 65,87 bilhões em receita e 92.861, segundo a lista. Presidido por Luiz Trabuco Cappi, o banco tem hoje um valor de mercado estimado de US$ 41,5 bilhões, o que coloca na 230ª posição entre os negócios mais valiosos do mundo.
  • 4. Banco do Brasil

    4 /21(VEJA RIO)

    Bem abaixo dos concorrentes no ranking geral aparece o Banco do Brasil, ocupando a 153ª posição entre as maiores empresas do mundo – e o terceiro lugar entre as empresas do país. Presidido por Alexandre Abreu, com 109.191 funcionários e vendas de US$ 65,55 bilhões, o banco ocupa a 136º lugar entre os negócios mais lucrativos e o 699º entre os mais valiosos.
  • 5. Petrobras

    5 /21(Ueslei Marcelino/Reuters)

    A queda do preço do petróleo e o escândalo da investigação de corrupção dentro da empresa com a Operação Lava Jato fizeram a Petrobras perder valor de mercado – mas nada que a destronasse do ranking como uma das maiores petroleiras do mundo. Se no ano anterior a empresa aparecia em 416º lugar entre as maiores do mundo, na lista atual ela figura na 411ª posição no ranking geral, com US$ 96,3 bilhões em vendas e um valor de mercado de US$ 42,1 bilhões.
  • 6. JBS

    6 /21(AFP)

    Uma das maiores empresas de processamento de alimentos do mundo, a JBS é a quarta maior empresas do país e a 519ª do mundo, segundo o ranking. Fundada em 1953, a empresa emprega mais de 216.000 pessoas e faturou US$ 49 bilhões, em 2015, fato que a coloca na 156ª posição entre as que mais vendem no mundo. No critério valor de mercado, entretanto, a empresa ocupa um lugar bem distante – 1.510º lugar, com US$ 7 bilhões. Vale lembrar que recentemente a empresa fez uma organização societária que a dividiu em duas: uma internacional e outra focada em negócios no Brasil.
  • 7. Vale

    7 /21(Divulgação/ Vale)

    A Vale caiu do terceiro lugar entre as maiores empresas do país para quinto na lista da Forbes Global 2016, com a queda de receita de US$ 37,5 bilhões para US$ 25,6 bilhões, de um ano para outro, graças a queda do preço e demanda mundial de commodities. No ranking geral, a companhia ocupa o 559º lugar entre as 2.000 gigantes globais, sendo a 410ª entre as de maior valor de mercado – US$ 25 bilhões, segundo o estudo.
  • 8. Itaúsa

    8 /21(Reprodução/Itaúsa)

    O conglomerado dono do banco Itaú Unibanco, ocupa o 882º lugar entre as maiores empresas do mundo, com 103.000 funcionários e um valor de mercado de US$ 15,6 bilhões. A holding, criada em 1965 para reunir parte dos negócios da família Setúbal, inclui as operações da Duratex, Deca e Eleikeroz, além de participações em empresas de serviços financeiros e manufatura.
  • 9. BRF

    9 /21(Alexandre Battibugli/EXAME)

    Dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy, a BRF é uma das maiores concorrentes da JBS em alimentos processados tanto no Brasil quanto no mundo. A companhia ocupa o sétimo lugar entre as maiores do país e a 891ª posição entre as 2.000 maiores do planeta, segundo o ranking da Forbes, com um faturamento de US$ 9,64 bilhões e US$ 10,9 bilhões em valor de mercado.
  • 10. Ultrapar

    10 /21(Divulgação)

    A holding da Ultrapar Participações figura em 944º lugar, com um faturamento de US$ 22,5 bilhões e um valor de mercado de US$ 11,5 bilhões, o 957º maior entre as gigantes globais.
  • 11. Braskem

    11 /21(Divulgação)

    Presidida atualmente por Fernando Musa, a fabricante de produtos químicos e relacionados emprega 8.096 pessoas e fatura US$ 14,15 bilhões, de acordo com a publicação. Entre as 2.000 maiores do mundo, ela ocupa a 951ª posição – e é a décima maior do Brasil.
  • 12. Cielo

    12 /21(Divulgação/Cielo Mobile)

    Rômulo Dias comanda a companhia criada em 1995 para ser a maior empresa de captação de transações financeiras do país, um dos setores mais rentáveis do mercado. O faturamento de US$ 13,3 bilhões e o valor de mercado de US$ 20,6 bilhões colocaram a companhia em 1.091º lugar no ranking e na 46ª posição entre as mais inovadoras.
  • 13. Eletrobras

    13 /21(Assessoria de Comunicação/Eletrobras)

    Ainda que tenha sofrido um prejuízo de US$ 4,32 bilhões, a Eletrobras segue como uma das maiores empresas do país e do mundo, com um valor de mercado de US$ 3,3 bilhões. A companhia de energia figura entre a 1.248ª posição entre as maiores do mundo e a 926ª em vendas.
  • 14. Gerdau

    14 /21(Divulgação)

    A metalúrgica que leva o nome da família fundadora é uma das poucas empresas centenárias do país, fundada em 1901, além de ser uma das maiores, na 13ª posição. Entre as maiores do mundo, ela aparece no 1.401º lugar, com uma receita de US$ 13 bilhões e US$ 17,75 bilhões em ativos.
  • 15. Cemig

    15 /21(Divulgação)

    Com US$ 2,6 bilhões de valor de mercado, a companhia de energia com sede em Belo horizonte emprega 7.860 pessoas e fatura US$ 6,37 bilhões – números que a colocam no 1.434º lugar entre as maiores globais, segundo a Forbes.
  • 16. Oi

    16 /21(.)

    Fundada em 1963 no Rio de Janeiro, a empresa de telecomunicações Oi passa hoje por um processo de reestruturação frente a um prejuízo bilionário de R$ 1,67 bilhões apenas de janeiro a março, de acordo com a Economática. Mas a grandeza do negócio, que fatura US$ 8,19 bilhões e emprega 44.000 pessoas, segundo a Forbes, a colocam em 1.464º lugar no ranking e 15º entre as brasileiras.
  • 17. Grupo Pão de Açúcar

    17 /21(.)

    Quatro posições acima da Oi na lista mundial aparece o Grupo Pão de açúcar, o maior conglomerado de varejo do país. O conglomerado tem US$ 3,4 bilhões em valor de mercado e emprega 160.000 pessoas em todo o Brasil, de acordo com os dados.
  • 18. BM&F Bovespa

    18 /21(Thinkstock)

    Com US$ 8,4 bilhões em valor de mercado e uma receita de US$ 664 milhões, segundo a Forbes, a companhia presidida por Edemir Pinto é a 1.539ª do mundo. A fusão com a rival Cetip, anunciada em abril, deve impulsionar ainda mais a operação da companhia no ranking a partir do próximo ano.
  • 19. CSN

    19 /21(Divulgação)

    A Companhia Siderurgica Nacional ocupa o 1.927º lugar no ranking global e é a 18ª maior do país, de acordo com a Forbes, com negócios que englobam operações em mineração, logística, cimento e energia. Com 23.000 funcionários contratados, a empresa teve um lucro de US$ 376,6 milhões e um valor de mercado de US$ 5,2 bilhões.
  • 20. Rede Energia

    20 /21(marstockphoto/Thinkstock)

    Presidida por Ricardo Botelho, o grupo Rede Energia é um dos maiores conglomerados do setor no país, com sede em São Paulo e vendas de US$ 2,08 bilhões. Fundada em 1903, a companhia ocupa o 1.991º lugar no ranking global.
  • 21. Veja também:

    21 /21(Tiago Queiroz)

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