Negócios

Brasileiros gastam R$ 11,4 bilhões em roupas e tênis pirateados

Segundo pesquisa do Ibope, 20 milhões de consumidores compraram tênis falsificados nos últimos 12 meses. Lucro da pirataria é 300% superior ao do tráfico de drogas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

Só o consumo de roupas e tênis falsificados nos últimos 12 meses no Brasil movimentou 11,4 bilhões de reais. O número faz parte de pesquisa do Ibope divulgada nesta quinta-feira (9/6), sob encomenda do Instituto Dannemann Siemsen (IDS), da Câmara de Comércio nos Estados Unidos (US Chamber) e da divisão de produtos para consumo da Warner Bros. Cerca de 36 milhões de brasileiros gastaram quase 9,1 bilhões de reais em roupas falsificadas, e 20 milhões de compradores destinaram, intencionalmente, 2,3 bilhões à compra de tênis piratas.

A pesquisa assume que o preço médio dos artigos pirateados seja 50% mais baixo do que os originais. Assim, o valor que as indústrias de roupas e tênis deixam de faturar a cada 12 meses é estimado em 22,8 bilhões de reais. Como o imposto incidente sobre esses produtos é de 40%, na média, o poder público deixa de arrecadar, apenas nestes dois segmentos, 9 bilhões de reais.

O levantamento é mais detalhado no caso da cidade de São Paulo, onde o Ibope verificou o comportamento de compras clandestinas em dez categorias (veja tabela abaixo). Os paulistanos declararam ter gasto 921 milhões de reais em compras intencionais de produtos falsificados nos últimos 12 meses, com destaque para roupas (1,14 milhão de consumidores que gastaram 366 milhões de reais) e brinquedos (1,63 milhão de compradores e 121 milhões de reais gastos).

"O lucro da pirataria é 300% superior ao do tráfico de drogas", afirma José Henrique Werner, sócio do IDS. "Ao mesmo tempo, as penas aplicadas a falsificadores e contrabandistas são menores do que as relacionadas ao tráfico e as condenações são raras." Para Werner, o país ainda carece de delegacias e juízes especializados no combate à pirataria.

Justificativa

As principais conclusões do levantamento, diz Silvia Cervellini, do instituto Ibope, é que a compra de produtos falsificados é intencional, praticada por todas as classes econômicas e crescente entre os mais jovens. Dos 602 entrevistados em São Paulo, 76% afirmam que as imitações adquiridas custaram menos da metade do preço dos originais e 33% admitem comprar produtos de comerciantes ambulantes e lojas do chamado comércio informal. Apenas 40% declaram nunca ter adquirido produtos piratas.

Dos entrevistados, 54% afirmam que as marcas famosas têm lucros muito grandes e não são prejudicadas pelo consumo de falsificações.

A força da pirataria em São Paulo* - consumo de
produtos falsificados em 12 meses
Categoria
Consumidores**
Unidades compradas**
Preço médio (R$)
Valor total (R$)**
Roupas
1,14
9,10
40,27
366,62
Brinquedos
1,63
9,76
12,37
120,76
Tênis
1,08
2,27
42,03
95,64
Relógios
1,02
1,82
18,09
32,95
Óculos
0,86
1,96
12,84
25,18
Bolsas
0,56
0,96
42,56
40,85
Canetas
0,37
2,53
32,52
82,33
Perfumes
0,38
0,69
23,26
16,19
Videogames
0,75
6,38
19,46
124,25
Papelaria***
0,29
2,95
5,60
16,49
Total

921,26
* amostra: 602 moradores da cidade de São Paulo
** milhões
*** mochilas escolares, por exemplo
Fonte: Ibope
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