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Shell prepara Cosan para liderança mundial em etanol

Acordo trará para a companhia brasileira desenvolvimento tecnológico e maior logística na exportação do biocombustível

O executivo Rubens Ometto, controlador da Cosan, quer aproveitar o acordo feito com a Shell para expandir a sua companhia no mercado internacional (.)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

Na série de seis livros chamada "Ciclo da cana-de-açúcar", o escritor José Lins Rego personifica o mundo sucroalcooleiro na figura de um patriarca todo-poderoso que tocava o próprio negócio com afinco. "O velho José Paulino governava os seus engenhos com o coração", escreveu o autor paraibano. Essa descrição se aproxima bastante da personalidade do executivo paulista Rubens Ometto Silveira Mello, controlador da Cosan. Sedento por multiplicar seus ativos com aquisições atrás de aquisições, o empreendedor costuma dizer para os mais chegados que prefere trabalhar com pessoas ansiosas, porque se identifica com elas.

Para criar uma referência global na produção de etanol, a Shell fará durante dois anos um aporte de 1,625 bilhão de dólares e assumirá a dívida de 2,5 bilhões de reais da Cosan. Em contrapartida, a companhia brasileira desembolsará cerca de um bilhão de reais, o correspondente a cerca de 70% do total de seu patrimônio. Esses investimentos serão destinados ao desenvolvimento tecnológico na produção de etanol e à ampliação das operações no mercado doméstico. "Com essa união, teremos ganhos com logística, eficiência e escala. Isso reduzirá os nossos custos operacionais", afirmou em teleconferência Mark Williams, diretor mundial de Downstream da Shell.

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Apoiada na experiência e na estrutura da Shell estabelecida no mercado global, a Cosan acelerará o seu processo de internacionalização para se tornar líder mundial no setor de etanol. A expectativa é que, com o apoio de uma multinacional, a companhia brasileira faça outras aquisições no mercado interno para vitaminar a sua atividade no país. Se a transação dará certo (ou não), ainda é muito cedo para dizer. Nos próximos seis meses, muitos detalhes ainda serão acertados - como, por exemplo, a disposição dos assentos na governança corporativa da joint-venture. De qualquer forma, o executivo Rubens Ometto já se mostra com o coração rendido ao negócio tal como o Coronel José Paulino, personagem de José Lins Rego: "A Cosan vem sendo namorada por várias empresas. Mas nós casamos com a Shell, porque ela é a melhor".

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